Mesmo com 'Aezão', Pezão diz para Dilma: 'nada nos separa'

Movimento peemedebista dissidente que apóia Aécio Neves no Rio não impediu que o candidato a governador do Rio trocasse afagos com Dilma

25 jul 2014 - 00h04
(atualizado às 00h05)

De um lado, o microfone em mãos e a frase carinhosa: "nada nos separa, presidenta". Do outro, a retribuição: "eu descobri no Pezão uma grande humanidade". Luiz Fernando Pezão (PMDB) e Dilma Rousseff (PT) não cansaram de trocar afagos em jantar promovido por prefeitos do Estado do Rio de Janeiro na noite desta quinta-feira, numa churrascaria em São João do Meriti, na Baixada Fluminense.

<p>Pezão disse que Dilma Rousseff "foi uma das maiores amizades" que ele fez na vida no mundo político</p>
Pezão disse que Dilma Rousseff "foi uma das maiores amizades" que ele fez na vida no mundo político
Foto: Mauro Pimentel / Terra

Em seu primeiro ato oficial da campanha pela reeleição, a presidente da República ignorou solenemente o fato de que Pezão, candidato a quatro anos à frente do Palácio Guanabara, teve que aceitar a ala dissidente do PMDB que apóia hoje o maior rival da petista, o senador Aécio Neves (PSDB-MG), em função dos trabalhadores terem lançado candidatura própria ao Estado com o também senador Lindberg Farias (PT-RJ).

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O movimento "Aezão", como ficou conhecida a ala liderada pelo presidente estadual do PMDB, Jorge Picciani, foi deixado de lado em nome de uma estratégia política e de uma parceria consolidada entre os governos estadual e federal. "Eu tenho uma característica que deu certo: eu trabalho com amor. Eu vejo a política como a arte de fazer amigos. A senhora foi uma das maiores amizades que eu fiz na vida no mundo político", rasgou em elogios Pezão.

Dilma não deixou por menos em seu discurso. "Ele olha para as pessoas com carinho. Olha para as pessoas e vê seres humanos. E, sobretudo, o Pezão olha para os mais pobres", destacou ainda a presidente enumerando histórias, como a do "São Pidão", pelo fato de Pezão, na época em que ainda era vice-governador e secretário estadual de Obras, ligava para a então ministra-chefe da Casa Civil federal em busca de recursos.

"Eu lembro do Pezão me ligando de uma padaria em Nova Friburgo me pedindo para que nós fizessemos uma rede de contenção para o que aconteceu em Teresópolis e Petrópolis", disse, referindo-se à tragédia de janeiro de 2011 na região serrana do Rio. "É fundamental essa relação, que se mantém até hoje. Nós fizemos uma escolha política, a escolha pela parceria", completou.

Anteriormente, Pezão já não tinha ficado atrás. "É uma alegria imensa estar aqui com a senhora. E de ver os prefeitos aqui. Não tem militância paga, só lideranças políticas. Aqui as pessoas estão para homenagear a senhora. Estamos aqui em agradecimento. A gente quer caminhar e vamos caminhar com a senhora. Eu vou pedir voto para a senhora com muita alegria e satisfação para repetir tudo o que a senhora fez pelo Brasil", discursou.

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O fato é que este primeiro ato de campanha para ambos tem um significado dúbio. Dilma Rousseff, que conta com o apoio dos principais candidatos ao governo do Estado, irá participar também de um ato de apoio para Anthony Garotinho (PR), outro para Marcelo Crivella (PRTB) e, claro, para Lindberg Farias (PT).

Os detalhes serão discutidos em reuniões separadas com cada um dos candidatos, que serão realizadas na tarde desta sexta-feira em diversos pontos da capital fluminense. Quem guiará as conversas será o vice-prefeito do Rio de Janeiro, Adílson Pires, coordenador da campanha presidencial petista em solo fluminense. "Claro que sempre tem um estresse aqui, outro ali, mas nada que a gente não possa administrar", explicou Pires ao final do evento.

Enquanto isso, com o PSDB participando da coalizão peemedebista no Rio de Janeiro, Pezão, por sua vez, também terá que abrir o seu palanque para a participação do rival petista Aécio Neves. Mesmo que o atual governador jure, de pés juntos, que "pedirei votos para a senhora" e que "nada vai nos separar".

Fonte: Terra
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