O dólar subia de forma acentuada ante o real nesta quarta-feira, em linha com sua força no exterior, à medida que investidores reagiam à vitória do ex-presidente republicano Donald Trump na eleição presidencial dos Estados Unidos.
Às 9h42, o dólar à vista subia 1,43%, a 5,8294 reais na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha alta de 1,47%, a 5,851 reais na venda.
Nesta manhã, projeção da Edison Research apontou que Trump ultrapassou a marca de 270 votos necessários no Colégio Eleitoral para vencer a disputa pela Casa Branca, derrotando a vice-presidente, Kamala Harris, nos Estados mais importantes para o pleito, como Pensilvânia, Geórgia e Carolina do Norte.
As projeções também apontam a retomada do controle do Senado pelo partido Republicano.
A concretização da vitória de Trump retomou os temores dos mercados globais por suas promessas econômicas, que incluem tarifas e cortes de impostos. Na visão de analistas, a natureza inflacionária das políticas do republicano geraria necessidade de a taxa de juros dos EUA permanecer em um nível elevado.
Diante da perspectiva de que o Federal Reserve precisará ser mais cauteloso em seu afrouxamento monetário com a chegada de Trump na Presidência, os rendimentos dos Treasuries disparavam, impulsionando a divisa dos EUA ante seus pares fortes e emergentes.
O cenário de um segundo mandato de Trump também gera preocupações de aumento das tensões geopolíticas, alimentando a aversão ao risco.
O rendimento do Treasury de dez anos -- referência global para decisões de investimento -- subia 17 pontos-base, a 4,455%
O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 1,94%, a 105,370.
"A vitória de Trump, de forma acachapante e um fortalecimento muito grande dos republicanos, reforça a ideia de que haverá mais protecionismo, uma tendência maior à pressão inflacionária e consequentemente a elevação da taxa de juros", disse Gesner Oliveira, sócio da GO Associados e professor da FGV.
As atenções dos agentes financeiros se voltarão na quinta-feira para a próxima decisão de juros do Fed, em que se espera que as autoridades reduzam a taxa em 25 pontos-base, após um corte de 50 pontos no encontro de setembro.
No cenário doméstico, o mercado ainda mantinha suas preocupações com a questão fiscal, o que também ajudava a pressionar a moeda brasileira.
Investidores aguardam o anúncio de prometidas medidas de contenção de gastos pelo governo a fim de garantir a sustentação do arcabouço fiscal.
Após o fechamento do mercado nesta quarta, o foco estará na conclusão do encontro do Copom, em que se espera que os membros elevem a taxa Selic em 50 pontos-base.
A curva de juros brasileira acompanhava os rendimentos dos Treasuries, com as taxas de DI registrando fortes altas, particularmente em opções de longo prazo.