O dólar subia ante o real nesta quarta-feira, à medida que investidores digeriam novos dados fortes da economia dos Estados Unidos, incluindo de PIB e emprego, enquanto também se posicionavam para a eleição presidencial no país e demonstravam nervosismo com o cenário fiscal brasileiro.
Às 9h55, o dólar à vista subia 0,3%, a 5,7800 reais na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha alta de 0,30%, a 5,779 reais na venda.
Nesta sessão, uma agenda macroeconômica cheia no Brasil e no exterior ocupa as atenções de agentes financeiros antes das reuniões de política monetária do Banco Central e do Federal Reserve na próxima semana.
O grande dado da manhã pertencia à maior economia do mundo. O relatório da ADP mostrou que 233.000 postos de trabalho foram criados no setor privado norte-americano em outubro, ante 159.000 revisados para cima no mês anterior.
Economistas consultados pela Reuters projetavam uma desaceleração na abertura de vagas para 114.000 em outubro.
Acrescentando à percepção de força da economia dos EUA, um relatório do governo mostrou que o Produto Interno Bruto (PIB) do país cresceu 2,8% no terceiro trimestre, um pouco abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters de expansão de 3%, mas com os gastos das famílias e do governo subindo 3,7%.
O número ainda ficou acima da alta de 1,8% que o Fed considera como um crescimento não inflacionário.
Os resultados afastaram ainda mais a tese de desaceleração econômica e enfraquecimento do mercado de trabalho dos EUA, o que deve impactar diretamente os próximos movimentos do Fed, que entrou no mês passado em um ciclo de afrouxamento monetário.
Operadores reduziram as apostas de cortes de 25 pontos-base nas duas reuniões restantes do Fed no ano, o que também elevava os rendimentos dos Treasuries. O rendimento do Treasury de dois anos -- que reflete apostas para os rumos das taxas de juros de curto prazo -- tinha alta de 2 pontos-base, a 4,144%.
Com isso, o dólar avançava amplamente entre seus pares fortes e emergentes. O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 0,15%, a 104,420.
Na frente política, o cenário também segue favorável à moeda norte-americana. Investidores seguem apostando na vitória do ex-presidente Donald Trump na eleição de 5 de novembro, o que pode levar a implementação de medidas consideradas inflacionárias, como tarifas e redução de impostos.
No cenário doméstico, dados divulgados pela manhã também marcaram fatores positivos para a divisa dos EUA.
O Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) acelerou mais do que o esperado por analistas em outubro, em alta de 1,52%, depois de ter avançado 0,62% no mês anterior, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV) nesta quarta. A expectativa em pesquisa da Reuters com analistas era de alta de 1,48%.
O mercado nacional segue receoso quanto ao compromisso do governo com o equilíbrio das contas públicas. Na terça-feira, o dólar fechou o dia com o maior valor desde 29 de março de 2021, após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciar que não há data para o anúncio de novas medidas de contenção de gastos.
"Deve haver ainda uma certa aversão a riscos e um alto grau de pessimismo de investidores quanto ao tema da política fiscal. Após a reunião de Haddad e governo no início da semana, expectativas quanto ao pacote de corte de gastos do governo deixaram o real à deriva", disse Marcio Riauba, gerente da Mesa de Operações da StoneX Banco de Câmbio.
Mais uma vez, a curva de juros brasileira refletia os temores com a questão fiscal, com as taxas de DI sustentando os fortes ganhos da véspera em quase todas as opções de vencimento.