Dono de restaurante que recebeu Guilherme Boulos possui trajetória em movimentos sociais, mas não declarou apoio ao candidato

Edvaldo Gomes recebeu o candidato em seu restaurante nesta quinta, 24

24 out 2024 - 19h23
Edvaldo Gomes, dono do Balaio de Fulô
Edvaldo Gomes, dono do Balaio de Fulô
Foto: Maria Luiza Valeriano/Terra

No coração do Mercado Municipal de São Miguel Paulista, na zona leste de São Paulo, um pequeno restaurante tornou-se palco de um encontro inusitado na tarde desta quinta-feira, 24. À frente do estabelecimento, Edvaldo Gomes, de 56 anos, recebeu com naturalidade a visita do candidato à prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL). Apesar de engajado em movimentos sociais e comprometido com as causas das periferias paulistanas, Edvaldo manteve-se neutro diante da presença de Boulos, cuja campanha é pautada por muitas dessas mesmas bandeiras.

Natural da Bahia, mas criado em São Paulo, Edvaldo administra o Balaio de Fulô desde 2009. O estabelecimento, que inicialmente pertencia a irmã Aurelina Borges Santos, assistente social aposentada, passou para suas mãos. “Para não fechar isso aqui, para manter as nossas tradições nordestinas, eu acabei ficando e administrando para ela,” contou Edvaldo ao Terra.

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Formado em administração de empresas e profundamente envolvido com a área social, Edvaldo dedica grande parte de seu tempo à comunidade em que vive. Ele é diretor financeiro de uma associação local, a Cambalhota do Bem, que oferece reforço escolar e outros serviços sociais, como o projeto Vozes do Bem, um podcast voltado para discutir as questões da periferia. “Eu moro na zona leste, em Guianases, E estamos nessa batalha aí, dentro do social,” ele explica.

O envolvimento com os movimentos sociais, para ele, nasceu de uma inquietação diante da realidade da periferia. “Eu me vi em uma situação meia deficitária, como qualquer outro. E eu achava que eu tinha que mudar. E eu não queria ser estatística... de violência, de jornal. Eu falei, eu tenho que mudar essa situação. Como é que você muda? Estudando, agregando conhecimento. E buscando melhorias,” diz ele, relembrando sua trajetória até se formar e atuar como educador social.

Quando questionado sobre a presença de Boulos, Edvaldo mostrou uma postura reservada. “É um bairro que é aberto para todo mundo. Então, independente ou não, maravilhoso. Conversei com ele. Servi todos eles no almoço. Gostaram da minha comida, da nossa tradição nordestina,” relatou, enfatizando a simplicidade dos pratos servidos e a satisfação dos visitantes. “É um prato feito com amor e carinho. E bastante tempero. Acredito que eles devem ter gostado. Porque eles são pessoas simples também.”

Balaio de Fulô está em operação desde 2009
Foto: Maria Luiza Valeriano/Terra

Apesar de toda a cordialidade, Edvaldo deixa claro que prefere se manter imparcial nas questões políticas. “Eu sou uma pessoa que eu tenho que ser neutro nesses aspectos,” afirmou. Ele acredita que o verdadeiro julgamento será feito pela população no dia das eleições, e que cabe a cada candidato mostrar seus projetos e planos para a cidade. "Para mim, receber ele, eu recebo como qualquer outro".

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Essa neutralidade, no entanto, não apaga a paixão de Edvaldo pelo trabalho social que faz. Para ele, o que importa é continuar lutando pela melhoria das condições de vida nas periferias, e o resto – política e eleições – ficará por conta do povo. “Eu me vejo hoje dentro da área social. Não consigo sair mais. Sou formado por terceiro setor. E sou líder comunitário. Então, eu me sinto muito feliz. E realizado dentro dessa área social.”

Com as mesas do restaurante voltando à rotina de calmaria, a visita de Boulos e sua comitiva já era um eco distante. Para Edvaldo, a missão maior permanece: continuar acolhendo quem quer que entre pela porta, seja para um almoço simples ou uma conversa sobre o futuro de São Paulo.

Fonte: Redação Terra
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