O candidato do PT ao governo de São Paulo, Fernando Haddad, participou nesta sexta-feira, 19, da sabatina organizada pelo Estadão em parceria com a Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP). Na entrevista, Haddad avaliou que a atuação do ex-governador João Doria (PSDB) em seu partido abriu uma "janela de oportunidade" que possibilitou a entrada do ex-tucano Geraldo Alckmin (PSB) na chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A chapa, em sua avaliação, "uniu dois veteranos da política" em um grande causa, a liberdade.
Segundo o petista, ao colocar Rodrigo Garcia (PSDB), "um estranho no ninho tucano", para impedir a candidatura de Alckmin ao governo paulista, abriu uma janela que talvez não estivesse no horizonte.
"Rodrigo Garcia sempre foi do DEM, apoiava o Maluf, apoiou o Pitta, fez parte da administração do Pitta, depois do Kassab", disse, lembrando da carreira política do atual governador.
Alckmin, que fez parte do PSDB durante 33 anos, deixou o partido após uma série de desgastes. Entre eles, a exigência de que, para concorrer ao governo de São Paulo, ele participasse de uma prévia para decidir o nome do PSDB para disputar o governo.
Para o ex-prefeito da cidade de São Paulo, também há um cansaço natural no eleitorado paulistano do PSDB.
"São 28 anos com o mesmo governo, com o mesmo grupo político", avaliou.
Haddad tentou minimizar a rejeição ao seu nome, sobretudo no interior do estado, como barreira à sua eleição. O petista argumentou ser inevitável que sua legenda sofra rejeição, por se tratar de uma sigla muito conhecida e pela dificuldade, segundo ele, de pacificar o que chamou de "visões de mundo conflitantes".
"Não tem como convencer uma pessoa que gosta de armas que livros são melhores", disse nesta sexta-feira, 19.
Haddad afirmou, ainda, que seus adversários também devem ter reprovação à medida que se tornem mais conhecidos.
"Quando associarem o Tarcísio (de Freitas) ao Bolsonaro, ele vai crescer, e ao mesmo tempo aumentar a rejeição. É natural", acrescentou.
O candidato indicou que pretende manter o índice de tributação do ICMS mais baixo para os combustíveis, caso eleito, argumentando que o governo federal deve repor a perda de taxação para os estados. O governo federal sancionou em junho o limite do ICMS aos estados. O presidente Jair Bolsonaro (PL) vetou a compensação aos estados, mas o Congresso derrubou o veto.
Líder nas pesquisas de intenção de voto, Haddad é o candidato do ex-presidente Lula para o Palácio Bandeirantes. Ele rivaliza diretamente com Tarcísio de Freitas, candidato de Jair Bolsonaro e segundo colocado na corrida paulista, reeditando a polarização nacional. Levantamento do Instituto Datafolha divulgado nesta quinta-feira, 18, apontou 38% da preferência do eleitorado para o petista, e 16% para Tarcísio. O atual governador, Rodrigo Garcia (PSDB), obteve 11%
Recado a Michelle Bolsonaro
O ex-prefeito Fernando Haddad também reagiu à associação feita pela primeira-dama Michelle Bolsonaro entre religiões de matriz africana e as "trevas". O petista criticou a "nova ameaça" do governo, ao opor uma religião a outra.
"Agora vem uma nova ameaça, na questão religiosa, você opor uma religião a outra em um País que acolheu gente de todos os credos, e que sempre festejou, de certa maneira, o fato de nós convivermos pacificamente", afirmou durante sabatina.
Na semana passada, Michelle Bolsonaro usou as redes sociais para afirmar que o ex-presidente Lula "entregou sua alma para vencer essa eleição". A mensagem acompanhava um vídeo antigo em que o petista se encontrava com representantes de religiões afro-brasileiras.
A socióloga Rosângela 'Janja' da Silva, esposa de Lula, rebateu a publicação no mesmo dia.
"Eu aprendi que Deus é sinônimo de amor, compaixão e, sobretudo, de paz e de respeito. Não importa qual a religião e qual o credo. A minha vida e a do meu marido sempre foram e sempre serão pautadas por esses princípios", escreveu Janja no Twitter.
Eu aprendi que Deus é sinônimo de amor, compaixão e, sobretudo, de paz e de respeito. Não importa qual a religião e qual o credo. A minha vida e a do meu marido sempre foram e sempre serão pautadas por esses princípios.
— Janja Lula Silva (@JanjaLula) August 9, 2022
Mande sua pergunta
A população poderá sugerir perguntas diretamente para o candidato. Para isso, basta publicá-la nas redes sociais com a #SabatinaEstadãoFAAP ou então mandar diretamente a sua questão para o email sabatinaestadaofaap@estadao.com. No caso do e-mail, será preciso informar o nome completo, profissão e idade. Dois jornalistas do Grupo Estado e um professor da FAAP farão as perguntas. A equipe da editoria de Política vai realizar a curadoria das questões propostas.
Calendário
A ordem das entrevistas foi definida em sorteio virtual acompanhado por representantes das campanhas. A série de encontros Estadão-FAAP vai ocorrer ao longo deste mês na sede da fundação, na capital paulista.
O candidato do PDT, Elvis Cezar, já foi entrevistado. Os próximos sabatinados serão Rodrigo Garcia (PSDB), que será entrevistado no dia 22, Vinicius Poit, do Novo, no dia 23, e Tarcísio de Freitas (Republicanos), no dia 24.
As sabatinas serão realizadas no Auditório FAAP, com início às 10 horas. São quatro blocos, com intervalos de três minutos. Os eventos são transmitidos pelas plataformas digitais do Estadão e da FAAP, incluindo cobertura e transmissão também pela Rádio Eldorado. Os estudantes do LabJor FAAP, laboratório do curso de jornalismo, também farão a cobertura especial em suas redes.
* Com informações do Estadão Conteúdo