O candidato à Presidência e ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), se reuniu, por mais de uma hora, na tarde desta terça-feira, com o cardeal e arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani Tempesta. Depois da conversa, Campos defendeu o que chamou de “pacto pela vida” para reduzir os índices de criminalidade no Brasil. Ao lado de sua candidata a vice, Marina Silva (Rede), também presente no encontro, ele criticou a política de segurança do governo da presidente Dilma Rousseff (PT).
“Temos hoje a necessidade de uma cultura de paz e de um pacto em defesa da vida. Só no ano passado, tivemos no Brasil 54 mil homicídios. Temos que reduzir essa violência e isso é uma tarefa dos estados, municípios, mas também da sociedade”, afirmou, observado pela vice.
Campos - que aparece em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto, bem atrás de Dilma e do tucano Aécio Neves - citou números do seu governo no combate à violência. Segundo ele, no Estado que administrou, foi realizado um projeto de redução da criminalidade que contou com entidades ligadas aos direitos humanos e outras áreas estratégicas. O candidato alegou também que Recife era a capital mais violenta do Brasil e teve uma redução de 60% nos índices.
Segundo o concorrente socialista, é possível investir em projetos de segurança sem onerar os cofres públicos. “De cada R$ 100 que se investe hoje em segurança, apenas R$ 15 vêm da União. Tem alguma coisa errada aí. Isso quer dizer que a União está fora do tema central da cidadania, da segurança”, criticou.
O concorrente, que é contrário à legalização das drogas, defendeu o combate ao tráfico internacional de entorpecentes e o controle da entrada de cocaína pelas fronteiras. “A pasta base da cocaína tem entrado e se transformado em crack, destruindo famílias, vidas e, sobretudo, o sossego de muitas cidades."
Fundo Nacional
Campos ainda defendeu que o Fundo Nacional de Segurança Pública deve ser usado para financiar ações de combate ao crime nos municípios, investindo em novos policiais e na infraestrutura do sistema. Em nova crítica ao governo da presidente petista, ironizou: “Não arrumam dinheiro quando os juros aumentam? Não tem dinheiro para colocar nas empresas do setor elétrico? Como é que quando é para falarmos de escola integral, Passe Livre e o Fundo Nacional para a Segurança não temos recurso?”, afirmou, em alusão a outros projetos de sua plataforma de campanha.
Eduardo Campos e Marina Silva, que é evangélica, foram a segunda chapa de presidenciáveis a se encontrar com um dos principais líderes da Igreja Católica no Brasil, que foi alçado ao cargo de cardeal pelo Papa Francisco no início do ano. Aécio Neves também se reuniu com Dom Orani Tempesta no dia 17 de julho.
Candidato promete crescimento anual
Eduardo Campos, afirmou que, se eleito, o País voltará a crescer cerca de 4% ao ano. “O Brasil parou, estamos perdendo e não só no campo do futebol. Na economia, estamos perdendo de 7 a 1”, afirmou, como já fez em outras situações, em alusão ao placar da partida entre Brasil e Alemanha na Copa do Mundo deste ano. “A inflação está em 7 e o crescimento está abaixo de um”, completou.
Ele disse que, para a economia do País voltar a crescer, são necessárias “confiança e liderança”. O candidato também defendeu um governo com responsabilidade fiscal, que dê segurança aos investidores. “(É preciso) alavancar os investimentos públicos e privados, segurar os juros e ter o Brasil crescendo numa média de 4%, como outros países vizinhos estão fazendo, exemplo do Peru, do Chile.”
A conversa com o cardeal também passou, segundo o candidato do PSB, por temas como Saúde, geração de renda, oportunidade de trabalho e combate à inflação.
Mantendo o tom de críticas à presidente Dilma Rousseff, que tenta a reeleição, o ex-governador de Pernambuco disse que ouviu, na conversa, testemunhos sobre a situação precária de alguns hospitais instalados no Rio e que são administrados pela União. “Quando se implantou o SUS, vários estados receberam esses hospitais federais. No Rio de Janeiro, sete destes hospitais continuaram com a União. Alguns foram entregues ao fisiologismo, à gestão temerária”, atacou.
Campos afirmou que, se desejar, o governo do Estado pode administrar algumas destas unidades com o objetivo de melhorar a gestão.
Coligações partidárias: Dilma, Aécio e Eduardo Campos