PSB oficializa candidatura de Marina Silva para Presidência

Em discurso, Marina prometeu responsabilidade pelos compromissos assumidos com Eduardo Campos

20 ago 2014 - 20h13
(atualizado às 22h01)

O PSB oficializou nesta quarta-feira o nome da ex-senadora Marina Silva como candidata a presidente da República e do deputado federal Beto Albuquerque para a vice. O anúncio ocorre uma semana após o acidente aéreo que matou o então candidato Eduardo Campos.

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Em seu primeiro discurso como candidata, Marina prometeu responsabilidade em levar adiante o programa de governo construído em parceiria com o antigo companheiro de chapa. "Aqui há um sentido do peso dessa responsabilidade. Há o compromisso com as responsabilidades já assumidas, construídas", disse a candidata.

Emocionada, Marina reconheceu que o ex-governador de Pernambuco ficou conhecido nacionalmente com a tragédia. "Ele nao teve tempo para poder falar (ao Brasil). Precocemente, foi ceifada sua vida. O Brasil passou a conhecer Eduardo Campos e conhecendo, admirado que foi, e quanto o político espelhava o homem íntegro, carinhoso, aberto, que gostava da gente e se realizava a melhorar a vida das pessoas", discursou.

Abrigada no PSB até viabilizar seu próprio partido, a Rede Sustentabilidade, Marina disse que equipara seu projeto ao desejo de estabilidade do PSB, após a morte de seu líder. "Para mim, tão importante quanto a formação e o registro da Rede Sustentabilidade é o crescimento e a estabilidade do PSB e a superação dessa fase tão triste, que perde sua maior liderança", disse.

Ao final de sua fala, Marina ficou com a voz embargada ao lembrar de um abraço que deu em Campos na gravação de um programa eleitoral. "Saímos do trauma da perda de Eduardo dispostos a nos entendermos para levar adiante a nossa missão. Não vamos desistir do Brasil", disse, repetindo o bordão do ex-companheiro de chapa.

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Em curto discurso, o vice na chapa, Beto Albuquerque, disse se sentir honrado por acompanhar Marina Silva na campanha eleitoral e fez coro ao discurso de Eduardo Campos, que criticava o loteamento de cargos no Executivo. "Estar ao lado de Marina é uma honra em dobro, mas acima de tudo como Eduardo e Marina espelhavam a expectativa, a esperança concreta de uma nova política, a política que não veja o estado e o poder público como uma quitanda, distribuindo pedaços", disse.

Em sua primeira campanha em nível nacional, Beto Albuquerque cometeu um ato falho e falou em "governar o Rio Grande", em referência ao seu Estado, em vez de "governar o Brasil".

Tragédia altera chapa presidencial

Com a tragédia, a então candidata a vice assumiu a cabeça de chapa e o PSB indicou o líder da legenda na Câmara para compor a candidatura. O nome do parlamentar foi anunciado ontem e ganhou força pela proximidade que tinha com Eduardo Campos e Marina Silva, além de ter se empenhado pela candidatura própria do partido e ter a simpatia do setor do agronegócio, onde Marina enfrenta resistência.

Outro fator que pesou na escolha de Beto Albuquerque é o fato de ele ser um nome de forte identificação com o partido. Dirigentes da legenda reconhecem que com a morte de Eduardo Campos, a cabeça de chapa fica com a Rede Sustentabilidade. A ex-senadora se filiou temporariamente ao PSB, a convite de Campos, enquanto não consegue registrar sua própria legenda.

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Em carta, PSB defende união contra eventuais divergências

Um texto entregue a Marina Silva e assinado pelo presidente do PSB, Roberto Amaral, reafirma a confiança do partido, o reconhecimento da Rede Sustentabilidade como um partido político e prega a união dos dois grupos para superar eventuais divergências. A carta afirma que a inversão de chapa impõe a reiteração dos compromissos já pactuados.

"Nosso povo, sofrido, e à beira da desesperança, exige que estejamos à altura deste momnto e do desafio que a história nos lega. Seremos generosos, estaremos unidos e solidários, superaremos eventuais divergências e repudiaremos interesses menores. Nosso guia é o interesse maior da coletividade", escreveu Amaral.

Beto subirá em palanques desconfortáveis para Marina

O candidato a vice será o responsável por representar o PSB em alianças não reconhecidas por Marina Silva. A Rede Sustantabilidade não concorda com o apoio aos candidatos a governador Beto Richa (PSDB-PR), Geraldo Alckmin (PSDB-SP) e Lindberg Farias (PT-RJ), formalizados pelo PSB.

Mudanças na coordenação de campanha

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Com a entrada de Marina na cabeça da chapa, o porta-voz da Rede Sustentabilidade, Walter Feldman, substituirá Bazileu Margarido, da Executiva Nacional do projeto partidário de Marina, que vai para o comitê financeiro. Carlos Siqueira, primeiro-secretário do PSB, participará da coordenação junto de Feldman.

Senadora e ministra

Maria Osmarina Maria Silva Vaz de Lima, 56 anos, foi eleita pela primeira vez ao Senado pelo Estado do Acre em 1994, quando era filiada ao PT. A parlamentar foi reeleita em 2002, mas pediu licença do cargo para assumir o Ministério do Meio Ambiente no governo Luiz Inácio Lula da Silva até 2008, quando pediu demissão do cargo.

Nascida em uma região conhecida como Breu Velho, no Seringal Bagaço, Marina começou a trabalhar aos 16 anos como empregada doméstica. Fez supletivo e concluiu a faculdade de História aos 26 anos, quando se filiou ao PT. Marina deixou o partido e foi para o PV em 2009, legenda pela qual concorreu à Presidência em 2010, chegando em terceiro lugar com 19,6 milhões de voto, 19,3% do eleitorado.

A candidata deixou o PV em 2011 para formar seu novo partido, a Rede Sustentabilidade, mas o registro da legenda foi negado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por não ter alcançado o número mínimo de assinaturas de eleitores. O ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos convidou Marina para entrar no PSB, oferecendo abrigo para a legenda e oficializou a ambientalista como vice, para dar fôlego a uma terceira via eleitoral.

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Fonte: Terra
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