O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), foi reeleito com 60,47% dos votos em primeiro turno e continuará à frente da capital fluminense. O resultado já era projetado por pesquisas de intenções de voto e foi confirmado neste domingo, 6, após 100% das urnas apuradas.
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Apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Paes derrotou seu principal adversário na corrida eleitoral, Alexandre Ramagem (PL), que terminou na segunda colocação, com 30,81%. O candidato do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não conseguiu pleitear um segundo turno entre os cariocas.
Em terceiro, Tarcísio Motta (PSOL) ficou com 4,20%, seguido por Marcelo Queiroz (PP), com 2,44%, Rodrigo Amorim (União Brasil), que teve a candidatura anulada sub judice, com 1,11%, Carol Sponza (Novo) com 0,66%, Juliete Pantoja (UP) com 0,22%, Cyro Garcia (PSTU), 0,08%, e Henrique Simonard (PCO), com 0,02%.
Aos 54 anos, o atual prefeito segue para seu quarto mandato e será o político a passar mais tempo no cargo no Rio de Janeiro, superando a marca de César Maia – que comandou a cidade em três mandatos (1993-1996, 2001-2004 e 2005-08).
Pesquisas já projetavam vitória de Paes
Desde o começo da corrida eleitoral, Paes aparecia com ampla vantagem contra seus adversários em todas as pesquisas de intenção de votos e parecia que a campanha seria apenas uma burocracia para confirmar a reeleição. Porém, na reta final, o atual prefeito foi perdendo fôlego e viu Alexandre Ramagem (PL), candidato apoiado pela família Bolsonaro, crescer nos levantamentos e ameaçar levar a disputa para o 2º turno, o que acabou não acontecendo.
O deputado federal é um velho conhecido do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Durante a campanha eleitoral de 2018, o delegado chefiou sua equipe de segurança e, em seu governo, foi nomeado diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
A pesquisa Datafolha mostrou, desde o começo de julho, Paes com mais de 50% das intenções de votos. O político do PSD chegou a bater 59% em dois levantamentos na primeira quinzena de setembro antes da queda acentuada nas parciais seguintes. No sábado, 5, na véspera da eleição, Paes apareceu com 54%, contra 22% de Ramagem.
Campanha foi marcada 'presença' de Lula e Bolsonaro
Para conseguir diminuir a distância de Paes na corrida eleitoral, Alexandre Ramagem optou por usar a imagem e o apoio de Jair Bolsonaro a seu favor. Em suas propagandas, a estratégia era enfatizar que ele era o candidato do ex-presidente, enquanto Paes seria o “candidato do Lula”, se referindo ao apoio dado pelo petista para a campanha do atual prefeito.
Além do ex-presidente, o deputado federal também trouxe outra figura política para seus discursos, em uma tentativa de descredibilizar o prefeito: Sérgio Cabral. Em sua propaganda, Ramagem associou o adversário ao ex-governador condenado na Lava Jato.
No entanto, o Tribunal Regional Eleitoral do Rio (TRE-RJ) entendeu que a ligação entre os dois é antiga e concedeu direito de resposta na TV aberta a Eduardo Paes. Antes, a campanha do PSD já tinha conseguido uma liminar para impedir a veiculação que dizia que Cabral era da "turma do Paes".
Em suas transmissões ao vivo nas redes sociais, Bolsonaro também atacou Paes e reiterou o apoio à Ramagem durante a semana, em uma tentativa de alçar o candidato do PL para um segundo turno –sem sucesso. No começo da semana, o ex-presidente reforçou a polarização e deu um “ultimato” aos eleitores cariocas.
“Votar no Paes é votar no Lula. Se o Ramagem for eleito, vai remover isto. O Rio de Janeiro está polarizado: quem votar no Paes, está votando no Lula. Quem votar no delegado Ramagem, vota no Bolsonaro. Só de falar em delegado você treme, não é, Paes? Quem votar no Paes está votando nessa desgraça, está votando no 13”, disse Bolsonaro em live, na terça-feira, 1º.
Em contrapartida, Eduardo Paes também usou a imagem de Bolsonaro e a do atual governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), para tecer duras críticas ao seu principal rival na corrida eleitoral fluminense.
No debate promovido pela Band, primeiro encontro entre os candidatos, o prefeito foi confrontado sobre segurança pública, competência do governo do Estado. Na ocasião, Paes sublinhou a relação entre Ramagem e Castro. “O governador, padrinho de Ramagem, que não cumpre seu papel e deixou o Rio neste estado", criticou.
Em sua propaganda eleitoral, Paes também apresentou o adversário como “marionete” do governador. A peça televisiva foi derrubada após ação da campanha de Alexandre Ramagem.
Quatro vezes prefeito
A partir de 2025, Paes terá mais quatro anos em um cargo que conhece bem. A primeira vez em que liderou a gestão municipal foi em 2009, quando derrotou Fernando Gabeira (PV) com 50,83% dos votos válidos, em um segundo turno apertado.
Na época, Paes também recebeu apoio do PT, que não conseguiu emplacar o candidato Alessandro Molon no segundo turno. Naquele ano, ele se tornou a pessoa mais jovem a assumir o cargo de prefeito do Rio de Janeiro, aos 39 anos.
Apesar da pouca idade, ele tinha experiência na política. Antes de se mudar para Gávea Pequena --residência oficial da prefeitura--, o carioca foi Subprefeito da Zona Oeste na primeira gestão do então chefe municipal, César Maia, entre 1993 e 1996. No ano seguinte, foi eleito vereador para o ciclo entre 1997 a 1999 --com mais de 82 mil votos, teve a maior votação entre os candidatos à Câmara Municipal.
Em 1998, Paes concorreu a deputado federal e, novamente, teve sucesso. Ele teve dois mandatos em Brasília, antes de concorrer ao governo do Rio de Janeiro, quando acabou derrotado. Após declarar apoio a Sergio Cabral, chegou a fazer parte do secretariado.
O primeiro mandato de Paes foi marcado por obras de revitalização por toda a cidade, inaugurações de vias de transporte e pela parceria com o então governador, Sérgio Cabral.
Em 2012, Paes foi reeleito e seguiu como prefeito da capital fluminense até 2016. O político esteve à frente da cidade em datas importantes, como a Copa do Mundo de 2014, sediada no Brasil, e a Olimpíada do Rio, em 2016. No ano dos Jogos Olímpicos, Paes recebeu uma enxurrada de críticas referentes ao valor investido nas obras no Parque Olímpico.
No entanto, o maior baque em sua imagem veio com a Operação Lava-Jato, em 2016. Na época, o então prefeito do Rio foi citado em delações premiadas por corrupção passiva e operação de caixa 2 na eleição municipal de 2012.
Em julho deste ano, o Supremo Tribunal Federal (STF) anulou decisões do juiz Marcelo Bretas, ex-titular da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, no processo em que Paes era acusado pelas supostas ilegalidades. A Segunda Turma do STF decidiu que as denúncias devem ser julgadas na Justiça Eleitoral.
Ainda em 2016, no último ano de seu segundo mandato, a proximidade com o então governador Sérgio Cabral, preso pela operação, também ajudou a popularidade de Paes cair entre os cariocas.
Com a imagem desgastada, o prefeito chegou ao fim do segundo mandato sem conseguir emplacar seu sucessor, Pedro Paulo Carvalho. O candidato sequer chegou ao 2º turno e ficou em 3º lugar na corrida eleitoral. Quem levou a melhor foi Marcelo Crivella (então no PRB), em disputa contra Marcelo Freixo (PSOL).
Ao fim do pleito, Paes e seu candidato ainda enfrentaram graves acusações a partir de uma ação de Freixo. Segundo o adversário de Pedro Paulo nas eleições de 2016, a gestão do antecessor teria usado a prefeitura na contratação de uma empresa para elaborar o plano de governo de seu sucessor. A operação teria custado R$ 7 milhões.
Em 2017, o Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) entendeu que houve abuso de poder político e econômico no caso. A condenação tornou Eduardo Paes inelegível por 8 anos. No entanto, a decisão foi derrubada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2021.
Nesse período, a impopularidade do então prefeito, Marcelo Crivella, fez com que os cariocas sentissem falta do “velho” conhecido. Em 2020, Eduardo Paes, à época filiado ao partido Democrata, foi eleito para seu terceiro mandato como prefeito do Rio de Janeiro, com 64,1% dos votos válidos em segundo turno, contra Marcelo Crivella (Republicanos).
Agora, Paes segue para seu quarto mandato, marca recorde na capital fluminense. O carioca ainda se comprometeu a cumprir o mandato integralmente e descartou a candidatura para governador. Em 2018, o prefeito perdeu a disputa no estado em segundo turno, contra Wilson Witzel (PSC).
Junto a ele, Eduardo Cavaliere (PSB) foi eleito vice-prefeito do Rio. O jovem político de 30 anos é o atual secretário da Casa Civil do município.