A poucos dias do segundo turno presidencial, as mais recentes pesquisas de intenção de voto mostram o candidato Jair Bolsonaro (PSL) com uma vantagem um pouco menor em relação ao segundo colocado, Fernando Haddad (PT). Mas ele mantém a liderança ainda ampla entre múltiplos segmentos - por exemplo, entre os homens e a população mais velha e de maior renda.
A BBC News Brasil compilou alguns dos principais dados apontados pelo Datafolha, em pesquisa de 25 de outubro (conforme citados pela Folha de S. Paulo e pela Rede Globo, que encomendaram a medição), e o Ibope, em pesquisa de 23 de outubro:
Cenário geral: vantagem menor, mas ainda expressiva de Bolsonaro
Segundo a medição do Datafolha, o capitão reformado do Exército tem 56% dos votos válidos (ou seja, excluídos brancos, nulos e indecisos), enquanto o ex-prefeito de São Paulo tem 44% - uma diferença de 12 pontos percentuais, contra 18 pontos percentuais observados na pesquisa anterior (feita em 18/10).
Em análise publicada na Folha de S. Paulo, os diretores do Datafolha Mauro Paulino e Alessandro Janoni traçam possíveis paralelos entre essa redução e falas de caráter autoritário ditas por Bolsonaro e seu filho Flávio, além de acusações de caixa dois levantadas por reportagens na imprensa.
Eles dizem que, no atual cenário, ganham importância os eleitores que ainda não decidiram seu candidato ou pretendem anular o voto - 14% dos votantes, índice recorde no atual estágio da corrida eleitoral.
Bolsonaro mantém ampla margem entre homens, população mais velha e mais rica
Ainda de acordo com o Datafolha mais recente, o candidato do PSL tem mantido ampla liderança em alguns estratos: homens (55% dos votos, contra 35% de Haddad), população mais velha (entre os mais de 60 anos, por exemplo, 50% declaram voto em Bolsonaro, contra 34% em Haddad) e renda - segundo o instituto, o candidato do PT só fica na frente entre os eleitores que ganham até dois salários mínimos.
Entre os mais ricos (mais de cinco salários mínimos), Bolsonaro tem 65% dos votos, contra 27% de Haddad, diz a pesquisa do Ibope.
Candidatos empatam entre mulheres
O empate técnico dos candidatos entre o eleitorado feminino ficou mais evidente com a pesquisa mais recente do Datafolha: Bolsonaro tem 42% das intenções de voto das mulheres, e Haddad tem 41%.
No Ibope, a diferença é um pouco maior em favor de Bolsonaro: 44% contra 40%.
No Datafolha, Bolsonaro perde força entre jovens; no Ibope, entre evangélicos
Segundo a medição do Datafolha, os candidatos estão tecnicamente empatados entre os eleitores de 16 a 24 anos, mas com um panorama mais favorável a Haddad (que subiu de 41% a 45% das intenções de voto) do que a Bolsonaro, que pode ter perdido força nesse segmento (de 46% a 42%).
A pesquisa do Ibope, porém, mostra cenário diferente e estável para Bolsonaro, com 50% das intenções de voto no segmento de 16 a 24 anos, contra 38% para Haddad.
O público evangélico continua sendo em sua maioria bolsonarista, mas, segundo o Ibope, a vantagem do candidato pesselista diminuiu 7 pontos percentuais nesse estrato (de 66% a 59%). Já na amostra do Datafolha, Bolsonaro se mantém mais estável entre o público evangélico (de 60% a 59%).
Haddad lidera apenas entre público com menor escolaridade
Segundo ambos os institutos de pesquisa, Haddad vence apenas entre os estratos da população com menor escolaridade.
No Datafolha, a vantagem é de 45% a 39% para o petista entre quem cursou até o ensino fundamental; no Ibope, a vantagem (de 52% a 47%) se restringe ao público que tem até a 4ª série do fundamental; entre o 5º e o 8º anos, os candidatos empatam e Bolsonaro vence entre quem tem ensino médio e superior.
Bolsonaro lidera em todas as regiões, exceto o Nordeste
A exemplo do que aconteceu no primeiro turno, Bolsonaro apresenta vantagem nas intenções de voto em todas as regiões do país - sobretudo no Sul, onde tem 58% contra 31% de Haddad, embora essa diferença esteja em queda, segundo o Datafolha -, exceto pelo Nordeste. Ali, Haddad lidera com 56% das intenções de voto, contra 30% do candidato do PSL.
Tendência de queda de Bolsonaro em todos os estratos, mas nem sempre expressiva
Ainda em sua análise para a Folha, Paulino e Janoni observam que o Datafolha registrou tendência de queda no apoio a Bolsonaro em quase todos os segmentos socioeconômicos e demográficos - até mesmo em núcleos onde tem ampla vantagem, como a região Sul, os homens e os mais escolarizados.
Em muitos estratos, porém, as oscilações, pelo menos até o momento, parecem insuficientes para causar eventual mudança expressiva no cenário eleitoral geral.
O Datafolha entrevistou 9.173 eleitores e o Ibope, 3.010. Ambas as pesquisas têm margem de confiança de 95% (o que quer dizer que há probabilidade de 95% de os resultados retratarem o cenário eleitoral no momento em que as entrevistas foram feitas) e margem de erro de 2 pontos percentuais, para cima ou para baixo.