Em áudio, presidente do partido de Pablo Marçal afirma ter elo com PCC, diz jornal

Leonardo Avalanche afirma não reconhecer sua própria voz na gravação e nega qualquer ligação com a facção

8 ago 2024 - 21h52
(atualizado às 22h07)
À direita na foto está Leonardo Avalanche, que posa para foto ao lado de Pablo Marçal, candidato à Prefeitura de São Paulo
À direita na foto está Leonardo Avalanche, que posa para foto ao lado de Pablo Marçal, candidato à Prefeitura de São Paulo
Foto: Reprodução/Instagram:@leonardoavalanche

Um áudio obtido pela Folha de São Paulo mostra o presidente nacional do PRTB, Leonardo Alves de Araújo, conhecido como Leonardo Avalanche, afirmando ter vínculos com integrantes da facção criminosa PCC. Fontes confirmaram ao jornal que tratava-se de uma gravação de falas do político, no entanto, ele nega que seja ele no áudio. 

A gravação seria de fevereiro deste ano durante uma conversa com Thiago Brunelo, filho de um dos fundadores do partido. O diálogo teve lugar em meio a uma disputa interna pela presidência do PRTB, após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) intervir na sigla.

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A reunião foi solicitada por Leonardo Avalanche e aconteceu em um restaurante de estrada em São Paulo, de acordo com relatos de duas pessoas informadas sobre o assunto. O político, aparentemente tentando demonstrar influência sobre autoridades da República para obter o apoio de Brunelo, não estava ciente de que estava sendo gravado.

Na gravação, Leonardo Avalanche menciona: "Não tem o Piauí, de [inaudível]? Não tem o chefe do PCC que está solto? Ele é a voz abaixo", referindo-se ao seu motorista. "Ele nunca mexeu com política. Hoje, ligaram para o menino, né, lá dentro da cadeia e falaram: 'Estou trabalhando pro Avalanche de motorista'."

O "Piauí" mencionado por Avalanche é Francisco Antonio Cesário da Silva, ex-chefe do PCC na favela de Paraisópolis (SP). O motorista do político seria, segundo ele, um aliado do criminoso na facção.

Avalanche ainda afirmou que foi o responsável pela soltura de André do Rap, outro chefe do PCC, libertado por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em 2020. "Eu sou o cara que soltou o André [do Rap]. A turma não sei se vai te contar isso. Esse é o meu trabalho, entendeu? A próxima, agora, a gente vai botar um lugar acima dele. Esse é o meu dia a dia [...] Eu faço um trabalho bem discreto", disse.

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A veracidade da gravação foi confirmada pela Folha de São Paulo com duas pessoas que participaram do encontro e outras três do entorno do atual presidente do PRTB.

Ao jornal, Avalanche negou reconhecer sua própria voz no áudio e questionou a autenticidade da gravação. "Não sei de quem são essas vozes, hoje com essas tecnologias artificiais esse tipo de pessoas pode criar vários conteúdos e dá [sic] vida a isso", afirmou por mensagem de texto.

O político também negou ter vínculos com o PCC, como teria afirmado na gravação. "Meu Deus, que loucura é essa de André…como assim nunca nem vi [...] Não tenho motorista…sem lógica motorista ser voz de chefe…kk terceira fake news", escreveu. 

Thiago Brunelo não quis se manifestar.

Avalanche também citou Marçal

Na gravação obtida pela Folha de São Paulo, Avalanche indicou que já havia acertado com Pablo Marçal para ser o candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo, descrevendo-o como o "deputado federal ou estadual mais votado", com quase "300 mil votos" na eleição de 2022.

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Avalanche afirmou não acreditar na vitória de Marçal, mas enfatizou a importância da candidatura para o poder de barganha do partido em um eventual segundo turno. "Nós temos chance de ganhar? Não. Mas é quando ele for para o segundo turno, entendeu?", disse. "Eu sei que não ganha, mas é o que a turma falou: põe ele e depois a gente senta e conversa."

A assessoria de Marçal não se manifestou ao jornal. 

Ainda no áudio, de mais de 50 minutos, Avalanche mencionou que o empresário Eike Batista o busca no aeroporto quando viaja ao Rio de Janeiro e que teria influenciado o ministro do STF Alexandre de Moraes, com a ajuda do ex-presidente Michel Temer, a tomar decisões favoráveis a ele na presidência do TSE.

As assessorias de Temer e do ministro Alexandre de Moraes não quiseram comentar. A Folha de São Paulo não conseguiu contato com Eike Batista. Avalanche afirmou ainda ao jornal que nunca esteve "com nenhuma autoridade dessas mencionadas".

Fonte: Redação Terra
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