Em debate, Haddad defende vereador do PT suspeito de ligação com PCC

Polícia investiga ligação de vereador do PT com o PCC na gestão de empresa de ônibus de SP; parlamentar nega as acusações

17 set 2022 - 22h43
(atualizado em 18/9/2022 às 09h03)
Fernando Haddad (PT) responde sobre vereador do partido investigado por envolvimento com o PCC
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Fernando Haddad (PT), candidato a governador do estado de São Paulo, defendeu no debate realizado pelo Terra em parceria com SBT, Nova Brasil, Estadão/Eldorado e Vejaneste sábado, 17, o vereador de São Paulo Senival Moura, também do PT, que é investigado por supostas ligações com o Primeiro Comando da Capital (PCC). 

A fala do candidato ocorreu quando o jornalista Marcelo Godoy, do Estadão, questionou o petista e Tarcísio de Freitas (Republicanos) sobre como os partidos políticos de ambos pretendem liderar o combate ao crime organizado quando abrigam pessoas ligadas ao sistema. Godoy mencionou caso dos políticos do PT e do Republicanos suspeitos de participação em grupos de crime organizado, citando Senival. 

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Fernando Haddad (PT) aparece na liderança das pesquisas para o governo de São Paulo
Fernando Haddad (PT) aparece na liderança das pesquisas para o governo de São Paulo
Foto: Lourival Ribeiro e Rogerio Pallata/SBT

Haddad então defendeu que “todo homem público deve ser investigado”, afastado de suas funções e respeitado o direito de defesa enquanto o processo corre. “Minha vida é transparente. Defendo que o eleitor deve saber tudo do candidato, que deve dar satisfação antes e depois da vida pública. Isso deve ser feito com todo mundo doa a quem doer”, afirmou.

O ex-prefeito de São Paulo também criticou o presidente Jair Bolsonaro (PL) ao citar os sigilos de 100 anos decretados em situações que envolvem o governo e a família do chefe do Executivo.

Já Tarcísio argumentou que seu governo seria implacável no combate ao crime organizado e que isso deve ser feito com apoio do governo federal. “É necessário usar geoprocessamento, fortalecer a inteligência, porque mães não merecem perder os filhos”, defendeu.

Entenda investigação contra vereador

A Polícia Civil deflagrou operação em junho para investigar o envolvimento de Senival Moura em um crime de homicídio, além de supostas ligações com o PCC na gestão de uma empresa de ônibus da capital paulista. Buscas foram autorizadas pela Justiça em oito endereços ligados ao vereador e a outros suspeitos. Na época, duas prisões temporárias foram decretadas.

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De acordo com informações divulgadas pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), que coordena a apuração, a investigação começou após a morte de Adauto Soares Jorge, ex-presidente da empresa de transporte Transunião, que possui contrato com a Prefeitura de São Paulo. Adauto foi executado em 4 de março de 2020. A partir do homicídio, a polícia diz ter descoberto o envolvimento do crime organizado com a empresa.

Em nota, o vereador nega as acusações e disse ter sido "surpreendido" pela operação policial na casa dele. "Quero aqui reafirmar que eu não tenho nenhum envolvimento com as ações que estão sendo noticiadas. Entretanto, estou à disposição da Justiça para quaisquer esclarecimentos", declarou. "Sobre o Adauto Jorge Soares sinto até hoje essa perda, principalmente, pela forma cruel e violenta que foi."

Segundo a polícia, a TransUnião "era utilizada para a lavagem de dinheiro de membros do PCC". A empresa não respondeu aos questionamentos da reportagem.

O que diz delegado 

"O Senival Moura foi um dos fundadores da TransUnião. Ele foi um dos fundadores da linha de lotação chamada de Guaianazes-São Miguel, a segunda mais antiga da capital", disse o delegado Fábio Pinheiro Lopes, diretor do Deic, em entrevista coletiva em junho. "E depois acabou fundando essa cooperativa que se chamava TransUnião". A cooperativa se tornou uma empresa.

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Adauto, amigo de longa data do vereador, teria sido colocado na presidência da cooperativa, mas, segundo as investigações, seria apenas um laranja. "Quem dava as ordens era o Senival Moura", destacou Lopes.

Com o decorrer do tempo, o PCC percebeu que Moura e Adauto estariam desviando dinheiro da cooperativa. E, por isso, havia "decretado" a morte dos dois.

Porém, diz a polícia, Moura conseguiu ser "afiançado" com a ajuda de um membro do PCC. O "partido" tomou os ônibus que lhe pertenciam e expulsaram o vereador da empresa. "Em contrapartida eles exigiram o 'sangue'. Foi a hora que o Adauto foi executado", declarou Lopes. "Ele (Senival) deu um jeito que o 'sangue' fosse o do outro, não o dele."

A polícia diz que Devanil Souza Nascimento, o "Sapo", suposto motorista do vereador Senival, levou Adauto para uma padaria, onde ocorreu a execução ainda no estacionamento. Quem teria cometido o homicídio foi Jair Ramos de Freitas, o "Cachorrão", que virou diretor da empresa de transporte após o crime. Sapo e Cachorrão tiveram a prisão temporária decretada.

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No entanto, Lopes reforçou que ainda busca mais provas para sustentar a associação. "Isso a gente ainda vai provar". A Justiça não concedeu mandado de prisão do vereador. "No momento da morte do Adauto, nem eu e nem ele tínhamos mais qualquer vínculo com a empresa", afirma Senival Moura.

Histórico

Senival é líder do PT na Câmara dos Vereadores e presidente da Comissão de Trânsito e Transporte da Casa. Em 2020, após a morte de Adauto, o Estadão noticiou que ele havia solicitado escolta da Polícia Militar. "Houve uma preocupação da presidência (da Câmara) quanto à minha integridade física", disse na oportunidade.

Em 2020, o Estadão detalhou que Senival e Adauto eram perueiros nos anos 1980, antes de o transporte clandestino ser regularizado na gestão Marta Suplicy (2000-2004). Em 2012, o Ministério Público do Trabalho acusou Moura de contratar perueiros como "laranjas", declarando à Prefeitura serem donos de lotações que, na verdade, pertenceriam ao vereador. As ações trabalhistas terminaram em acordo e o parlamentar negou irregularidades.

Senival é irmão do ex-deputado estadual Luiz Moura, expulso do PT em 2014 após ter sido flagrado pela Polícia Civil em uma reunião em que, segundo a investigação da época, havia membros da facção Primeiro Comando da Capital (PCC). O deputado negou qualquer ligação com a facção criminosa. Diversas investigações do Ministério Público de São Paulo apontaram ligações entre a organização criminosa e as lotações da cidade.

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1º bloco do debate para o governo de São Paulo
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2º bloco do debate para o governo de São Paulo
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3º bloco do debate para o governo de São Paulo
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4º bloco do debate para o governo de São Paulo
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Fonte: Redação Terra
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