Em participação na sabatina promovida por Folha e UOL, nesta segunda-feira, 9, o deputado federal e candidato à prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) evitou falar sobre as denúncias de assédio contra o ex-ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, demitido nesta sexta-feira.
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Questionado sobre o assunto, Boulos disse que não tem conhecimento sobre os detalhes específicos deste caso. "Eu acho que a maioria das pessoas também não conhece, por isso que o presidente Lula determinou uma investigação da controladoria geral da União, que está fazendo. Essa investigação tem que ser feita, apurada com rigor, nesse meio tempo se optou pela saída do Silvio Almeida do governo e, em qualquer caso em que haja uma denúncia de assédio, de violência sexual, do que quer que seja, tem que se ter o respeito e o acolhimento às vítimas. E isso está sendo feito por parte do governo federal, e eu acho que isso é uma lição", afirmou.
Em seguida, o candidato afirmou que como concorrente ao cargo de prefeito de São Paulo, tem o compromisso em combater a violência contra a mulher e implementar uma política antirracista. Ele destacou a recriação da Secretaria de Promoção de Igualdade Racial (SEPIR) e a implementação da Lei 10.639, que trata da Educação Antirracista nas escolas.
Questionado mais uma vez sobre o caso Silvio Almeida e se considerava o ocorrido um possível retrocesso, Boulos se limitou a reforçar que "acredita que os fatos precisam ser apurados e a vítima acolhida, o que está sendo pelo governo do presidente Lula".
Ainda durante a sabatina, Boulos expressou confiança de que a esquerda tem um histórico sólido de alcançar o segundo turno nas eleições em São Paulo e criticou seus adversários, afirmando que eles estão competindo pelo eleitorado bolsonarista e rebaixando o debate eleitoral. Ele também expressou confiança na vitória, argumentando que a cidade não aceitará retrocessos nem autoritarismo.
Sobre a Venezuela, o candidato do PSOL afirmou que a eleição de Maduro está cheia de suspeitas de fraude e que o governo venezuelano não tem legitimidade. Ele defendeu a posição de não reconhecimento do governo de Maduro pelo presidente Lula e afirmou: "A Venezuela está a 4 mil km de São Paulo", ao argumentar a importância de focar nas questões locais, como as eleições municipais.
Veja abaixo outros assuntos abordados pelo candidato:
Saúde
Boulos apresentou como uma de suas principais propostas o "Poupa Tempo da Saúde", uma iniciativa já criada na gestão do PSDB em Santo André, voltada para descentralizar o atendimento médico especializado e exames diagnósticos. Segundo ele, 16 unidades espalhadas pela cidade de São Paulo permitirão que moradores de áreas mais distantes tenham acesso rápido a exames como ressonância magnética e tomografia.
"Nós vamos fazer o Poupatempo da Saúde no primeiro ano e vamos zerar a fila da saúde", afirmou ele, garantindo que as primeiras unidades devem começar a operar já no segundo semestre. Além disso, ressaltou a necessidade de reforçar os hospitais já existentes, como o Hospital do Campo Limpo e o Hospital M'Boi Mirim, com a contratação emergencial de especialistas. "Você também vai reduzir fila, não precisa esperar o Poupa Tempo da Saúde", completou, mencionando que medidas de curto prazo estão previstas no seu plano.
O nome "Poupatempo" é amplamente reconhecido em São Paulo por sua eficiência na emissão de documentos. Devido a isso, um órgão governamental de São Paulo, que possui o registro da marca "Poupatempo", está processando a campanha de Boulos. O Poupatempo foi estabelecido pelo governo paulista durante a gestão de Mário Covas, do PSDB.
"Fiquei absolutamente perplexo quando veio essa notícia [do processo]. Ninguém é dono de uma experiência pública. O governo do estado não é dono da experiência do Poupatempo; ela pertence ao povo de São Paulo. O Poupatempo da Saúde, que nós estamos propondo aqui em São Paulo, tem em comum com a experiência de Santo André apenas o nome, não o conteúdo. É inédito, do que seria uma policlínica, vamos dizer assim. Um atendimento de médicos especialistas, que hoje é a maior fila na cidade de São Paulo."
Segurança
Boulos afirmou que sua gestão terá um programa de combate ao assédio sexual na gestão pública. Ele garantiu que a controladoria municipal, atualmente esvaziada, terá um papel fundamental nesse processo, com um canal direto para denúncias de assédio entre servidores, especialmente mulheres.
Boulos também prometeu ampliar em cinco vezes a Patrulha Guardiã Maria da Penha, criada na gestão de Fernando Haddad. Ele disse que pretende descentralizar as bases e articular a atuação da Guarda Civil Metropolitana (GCM) com uma rede de proteção às mulheres, incluindo casas abrigo.
O candidato também defendeu a duplicação do efetivo da GCM, prometendo a contratação de 7 mil novos guardas ao longo de sua gestão e argumentou que sua proposta é financeiramente viável, com um custo de R$ 800 milhões anuais. Segundo ele, a ideia é que a GCM atue de forma ostensiva, com rondas em pontos estratégicos, como áreas de criminalidade elevada, pontos de ônibus e nas proximidades das escolas municipais, como parte do programa "Escola Mais Segura".
Zeladoria
Boulos destacou a importância da tecnologia para a zeladoria, exemplificando com a poda de árvores. Ele propôs a utilização de tecnologias avançadas, como as desenvolvidas pela Google Brasil, que incluem mapeamento via satélite das árvores. Essa tecnologia permitiria identificar quais árvores necessitam de poda urgente ou remoção, melhorando a eficiência dos serviços. Outro exemplo apresentado foi o uso de carros equipados com câmeras e sensores para identificar buracos nas ruas, abordagem já utilizada em outras cidades.
Transporte
Sobre a mobilidade, Boulos rejeitou a retomada das medidas de redução de velocidade e expansão de ciclovias implementadas pela gestão anterior do PT, devido à falta de aceitação popular. Em vez disso, ele propôs focar na integração das ciclovias com outros modais de transporte, como ônibus e metrô. A ideia é criar bicicletários públicos em terminais de transporte para facilitar a combinação de diferentes formas de mobilidade.
Quanto à tarifa zero, Boulos afirmou que não haverá aumento das tarifas de transporte. Ele criticou os contratos de ônibus existentes, que, segundo ele, resultaram em altos subsídios sem melhoria proporcional nos serviços. O político diz que pretende auditar esses contratos e recalcular o subsídio, visando uma ampliação gradual da tarifa zero, sem onerar o contribuinte.
Além disso, Boulos se comprometeu a melhorar as condições dos trabalhadores de aplicativos, como motoboys e motoristas, por meio da criação de centros de apoio. Ele planeja cobrar das empresas de aplicativos para que contribuam financeiramente para esses centros, mas afirma que os detalhes sobre a implementação ainda estejam em fase de planejamento.
Educação
O candidato destacou que a ampliação do ensino integral para todas as crianças em São Paulo não é uma questão de orçamento, mas sim de gestão operacional. Ele afirmou que o custo estimado para as EMFs e EMEIs gira em torno de 7 bilhões de reais, com a maior parte voltada para investimentos e não para custeio.
Para enfrentar o desafio da construção de novas escolas em um cenário com escassez de terrenos, o candidato propõe uma abordagem alternativa. Em vez de construir novas escolas, ele sugere a ampliação das já existentes, utilizando o potencial construtivo dos terrenos atuais. A ideia, segundo ele, é construir prédios adicionais dentro dos terrenos das escolas existentes para criar mais salas de aula, espaços para atividades culturais e esportivas, e outras infraestruturas necessárias.
Sobre a questão da matemática e a melhora do desempenho escolar, o candidato mencionou que a Educação Integral vai incluir atividades de reforço em português e matemática no contraturno das escolas. Ele pretende integrar atividades culturais e esportivas com reforço escolar para melhorar o aprendizado. Além disso, defende uma política permanente de valorização salarial dos professores, para garantir a cobertura inflacionária e evitar a perda salarial. Ele também prometeu revogar o confisco de 14% das aposentadorias.