SALVADOR - O primeiro debate entre candidatos à Prefeitura de Salvador, na TV Band Bahia, na noite desta quinta-feira, 1º de outubro, foi marcado pelo alinhamento entre os quatro candidatos da base do governador Rui Costa (PT) contra o candidato apoiado pelo prefeito ACM Neto (DEM), Bruno Reis (DEM).
Sete dos nove candidatos participaram do debate. Ficaram de fora o bolsonarista Cezar Leite (PRTB) e Rodrigo Pereira (PCO) em razão das regras estabelecidas pela emissora dando conta de que os partidos de cada candidato devem comportar, no mínimo, cinco parlamentares no Congresso Nacional, conforme estabelece o Artigo 46 da Lei nº 9504/97.
Entre os candidatos governistas, cujos representantes são Major Denice (PT), Olívia Santana (PCdoB), João Bacelar (Pode) e Pastor Sargento Isidório (Avante), Olívia foi quem fez os ataques menos enfáticos a Reis.
A petista, que debuta na política partidária, preferiu adotar uma postura propositiva e menos combativa. Contudo, sem contar com a experiência em debate eleitoral, acabou deixando escapar oportunidades de contrapor ou trazer o debate para si quando, por exemplo, entrou em pauta políticas para mulheres - área que domina por ter coordenado a Ronda Maria da Penha na capital.
Se, por um lado, o candidato Bruno Reis, em sua trajetória política, sempre se mostrou um exímio articulador político de bastidor e responsável por tocar projetos importantes na administração de Neto como secretário, por outro, ao estrear em debate acabou "engasgando" na fluência de algumas respostas quando perguntado por adversários, em todos os temas abordados.
Enquanto aliados de Rui "levantavam a bola para que o colega cortasse", com destaque para Bacelar, em perguntas claramente dirigidas em ataque à gestão de ACM Neto, cuja continuidade é representada por Reis, o democrata se pautou na administração atual e pouco falou de futuro.
Hilton Coelho (PSOL) e Celsinho Cotrim (PROS) adotaram posturas independentes às duas forças políticas predominantes no estado. Atirando para todos os lados, o psolista não poupou críticas aos projetos de Neto e Rui.
Em Salvador a retomada econômica está estreitamente ligada ao Turismo e Cultura. Ao serem perguntados pela produção do debate sobre esta questão, major Denice apostou no reforço à economia criativa, Isidório no fortalecimento daqueles que estão no trabalho informal. Bruno lembrou dos incentivos fiscais aos empresários, política adotada pelo prefeito com a perspectiva de gerar emprego e renda, e Olívia acusou a atual gestão de concentrar recursos a "empresas ligadas a amigos", sem detalhar.
O Carnaval, que movimenta mais de R$ bilhões, foi assunto debatido entre Cotrim e Isidório. ACM Neto tem dito que o Carnaval só deve ocorrer quando da existência de vacina confiável e pode adiar a maior festa popular da capital para o mês de julho.
Isidório tentou rechaçar a postura netista. Mas acabou tendo de concordar com o argumento de Cotrim, que enfatizou a responsabilidade da segurança sanitária com a possibilidade de uma vacina contra a covid-19 - mesma postura adotada pelo prefeito.
Educação recebeu especial interesse dos candidatos em vários momentos. O retorno às aulas em um cenário de pandemia tem sido motivo para debates na sociedade soteropolitana.
O prefeito, até agora, não autorizou o retorno presencial do alunado às escolas, mas está disponibilizando ferramentas digitais para educação remota. Ao provocar Bruno, o candidato Bacelar afirmou que as aulas foram suspensas de forma "atrapalhada". Bruno respondeu lembrando ações como aulas remotas, distribuição de chips e cestas básicas.
Olívia, ex-secretária de educação de Salvador, acabou aproveitando melhor o tema em razão de sua trajetória biográfica. De origem pobre, ela foi faxineira e merendeira em escola particular, acabou estudando pedagogia e chegou à secretaria de educação.