No próximo domingo, 29, acontece o segundo turno das eleições 2020 nas cidades com mais de 200 mil habitantes cujo pleito ainda não foi definido. No total, os cidadãos de 57 cidades no País terão que ir às urnas para escolher entre os dois candidatos mais votados no primeiro turno. Veja aqui como funciona o segundo turno e onde vai acontecer.
A apuração dos votos no dia 15 de novembro sofreu alguns atrasos por conta de um erro técnico. O fato gerou interesse sobre como é feita a apuração dos votos na urna eletrônica, como é garantida a segurança do pleito e quais serão as medidas tomadas pela Justiça Eleitoral para evitar novos atrasos na apuração do segundo turno.
Entenda abaixo o processo de apuração e qual foi o problema que levou ao atraso da contagem dos votos.
Como é feita a apuração dos votos
Diferente do que muitos possam acreditar, a urna eletrônica não é um equipamento que está conectado o tempo inteiro a um sistema integrado, e sim uma máquina totalmente isolada. Desse modo, ela funciona de forma parecida com uma urna de papel. Antes mesmo da eleição, todas as urnas são codificadas, têm seus softwares assinados digitalmente e são lacradas. No dia da eleição, é impressa a chamada "zerésima", que é uma prova de que não há nenhum voto registrado na urna.
Quando o eleitor vai votar, o mesário digita no seu terminal o número do título de eleitor do cidadão e verifica se ele está autorizado a votar. Em seguida, o eleitor vai ao segundo terminal na cabina de votação, onde digita e confirma os seus votos. Cada voto é gravado em duas memórias internas, que não são compartilhadas em um sistema integrado. O voto também passa por um embaralhamento para dificultar ainda mais a identificação de quem votou em qual candidato, o que garante que o voto foi secreto.
Os votos ficam gravados nas memórias até o fim do período de votação. Nesse momento, a urna faz a apuração automática e emite um Boletim de Urna (BU), que é um extrato de todos os votos registrados naquela urna para cada partido e para cada candidato, além dos votos nulos e brancos. O BU ainda conta com informações sobre a urna que o imprimiu, registra a zona eleitoral referente àquela urna e o número total de eleitores que votaram. Pelo menos cinco cópias desse documento são impressas pela máquina. Uma é fixada na porta da zona eleitoral para que a população possa conferir os resultados, outra é enviada para representantes dos partidos e as outras três são enviadas para o cartório eleitoral correspondente.
Por fim, o BU e os outros arquivos de resultados da urna são gravados em uma mídia de resultados, que é encaminhada para um centro de transmissão. Lá, os dados são enviados por uma rede interna do TSE para o totalizador de votos. Em locais de difícil acesso, os dados são enviados via satélite por um canal protegido e exclusivo, acessado apenas pela Justiça Eleitoral. Nas eleições de 2020, a totalização dos votos foi toda feita no próprio TSE, e não nos Tribunais Regionais Eleitorais como aconteceu nas eleições municipais anteriores.
Por que a apuração demorou mais no primeiro turno?
De acordo com nota divulgada pelo TSE, ocorreu um atraso de cerca de duas horas e 30 minutos na totalização dos votos no dia 15, data do primeiro turno. O tribunal informou que o atraso aconteceu por conta de um recurso de inteligência artificial de um otimizador do banco de dados Oracle, empresa de tecnologia que forneceu o supercomputador usado pela justiça para a totalização dos votos. Uma falha no otimizador fez com que não desse conta da quantidade massiva de informações recebidas em um curtíssimo espaço de tempo. O problema foi resolvido posteriormente.
O TSE também informou que, segundo as equipes técnicas do tribunal e da própria Oracle, essa falha do otimizador não irá se repetir durante a apuração de votos do segundo turno. De acordo com eles, o otimizador já foi recalibrado para processar um volume maior de informações de forma mais rápida. Até a data do segundo turno, no entanto, todos os esforços estão sendo direcionados a evitar que problemas semelhantes aconteçam.