Evangélica, Eliziane Gama é alvo de nota de repúdio da Assembleia de Deus após declarar voto em Lula

Filiada ao Cidadania no Maranhão, ela afirma que sempre defendeu 'valores cristãos' em seu mandato no Senado; Simone Tebet, Roberto Freire e o próprio candidato do PT prestaram solidariedade

21 out 2022 - 09h39
(atualizado às 11h29)
Eliziane Gama, senadora pelo Maranhão
Eliziane Gama, senadora pelo Maranhão
Foto: Estadão Conteúdo/Roberto Casimiro

Evangélica, a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) é alvo de nota de repúdio da organização que gere as igrejas Assembleias de Deus no Maranhão após declarar apoio ao candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ao lado de outros políticos e lideranças cristãs, a parlamentar esteve no evento em que o petista divulgou uma carta-compromisso para os evangélicos, na última quarta-feira, 19.

O Conselho Estadual das Igrejas Evangélicas Assembleia de Deus no Maranhão (Ceadema) afirmou, em nota, que "a grande maioria dos posicionamentos da senadora caminha na direção contrária ao que a organização defende e acredita, como a preservação dos bons costumes, da família tradicional e o apoio ao governo que defende os princípios e pautas conservadoras".

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A organização aponta, ainda, que a conduta da parlamentar está em discordância com as diretrizes da Assembleia de Deus, que já aderiu oficialmente à campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL). A nota é assinada pelo pastor Antonio Valbert Alves Silva, coordenador do conselho político da instituição.

Como mostrou o Estadão, a carta-compromisso de Lula foi mal recebida por líderes evangélicos populares, incluindo da Assembleia de Deus, mais próximos do atual chefe do Executivo. O deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), membro dessa denominação, disse ao Estadão que o petista "escreve com a mão e apaga com o cotovelo". O pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, recuperou declarações do candidato em defesa da ampliação do direito ao aborto e afirmou que o ex-presidente é "hipócrita".

Em resposta à nota de repúdio, a senadora afirma que atuou em defesa do que chamou de "valores cristãos" no Senado. "Se alguém desejar se colocar como juiz das minhas ações, precisa reconhecer que, como parlamentar, sempre lutei em defesa da vida e da família, contra o aborto, contra o abuso e a exploração sexual de crianças e adolescentes, contra a legalização das drogas", disse a senadora.

A parlamentar pede que o documento da Ceadema seja retirado de circulação, em respeito à sua "liberdade como cristã, parlamentar e cidadã".

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Após a divulgação da nota, Eliziane recebeu uma onda de apoio de outras senadoras via redes sociais. Simone Tebet (MDB), que também apoia Lula para a Presidência, afirmou que o episódio ilustra a deturpação do que deveria ser "exemplo de bondade, que é a fé e a religião". A senadora Leila Barros (PDT) também prestou solidariedade.

O ex-presidente Lula afirmou que o episódio é "inaceitável". "Minha solidariedade à senadora e aos evangélicos que estão sofrendo pressão", publicou. O presidente do Cidadania, Roberto Freire, partido de Eliziane, disse que "a politização da religião está prestando um desserviço à liberdade religiosa no País, ao criar clima de intolerância que divide famílias".

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