Os dois candidatos mais bem colocados nas pesquisas de intenção de voto no Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL) e Marcelo Freixo (PSB), trocaram ataques durante o debate entre os postulantes ao Palácio Guanabara, na noite deste sábado, 17. O encontro foi transmitido pelo Terra, em parceria com SBT, Nova Brasil, Estadão e Veja. No evento, também estiveram presentes os candidatos Rodrigo Neves (PDT) e Paulo Ganime (Novo).
Durante o primeiro bloco, em que os candidatos fizeram perguntas entre si, Castro questionou Freixo sobre segurança pública e disse que o candidato deixará "o policial morrer". O deputado federal se defendeu: "A gente precisa ter muita responsabilidade para falar de segurança pública, coisa que o seu governo não tem".
Na réplica, Castro provocou Freixo, com um trocadilho usando seu nome: "Para cuidar da segurança não pode ser frouxo". Freixo não deixou barato e retrucou na tréplica. "Para cuidar da segurança não pode ser bandido", disse, em referência aos últimos casos de corrupção na gestão do governador.
Segundo Bloco
Na nova rodada de embates, cada jornalista escolheu dois candidatos, sendo um para responder e outro para comentar a resposta. Nesta etapa, Castro e Freixo polarizaram mais uma vez o debate.
O governador foi questionado sobre a atuação das milícias em determinadas regiões do Rio de Janeiro e, visivelmente desconfortável, destacou as ações feitas em prol das polícias desde quando assumiu o governo do estado, há dois anos, após impeachment do governador Wilson Witzel, de quem era vice: "Quando eu assumi tinha uma polícia totalmente sucateada. Uma polícia sem centro de treinamento. Nós estamos equipando a polícia e, assim, combateremos o crime organizado no Rio de Janeiro."
Pelas regras do debate, Freixo foi o escolhido para comentar a resposta de Castro. "Nessa semana, saiu o relatório da Geni/UFF. Eles apontaram um aumento em 380% da milícia. O momento onde a milícia mais avançou foi nos últimos anos, exatamente no atual governo. Tem que ter coragem para enfrentar o crime organizado. Não pode ter mistura de quem está à frente da polícia com quem está à frente do crime", afirmou o candidato de oposição.
Já no final do bloco, Freixo foi questionado sobre as operações policiais no Rio de Janeiro e Castro, por sua vez, chamado para comentar. "A operação vai ser feita com planejamento, com uma polícia equipada e controlada. O policial tem que ser valorizado", avaliou o deputado.
Castro foi irônico ao comentar a resposta de Freixo: "Gente, parece até brincadeira. Alguém que até outro dia odiava a polícia, que dizia que a polícia tinha que acabar (...) Hoje tem um discurso lindo pela policia."
Terceiro bloco e quarto bloco
Ao iniciar a nova rodada de perguntas entre os candidatos, Freixo escolheu Castro para responder sobre mais um caso de corrupção. Dessa vez, a pergunta foi sobre a prisão do secretário da Polícia Civil Allan Turnowski, acusado de envolvimento com a contravenção.
Incomodado, Castro se esquivou e citou as medidas adotadas pelo seu governo. "A segurança pública no Rio tem avançado. Abrimos concurso para Polícia Civil depois de muitos anos. O homicídio doloso é o menor em 31 anos. O trabalho da segurança pública é maior do que as pessoas", defendeu-se.
Na réplica, Freixo relembrou todos os secretários presos durante o governo Witzel e Castro. "Não foi só o secretário de Segurança que foi preso. No governo Witzel e Castro, nós tivemos o secretário de Educação, Saúde e Emprego presos. O que a gente não pode é mais uma vez ter um governador preso. Isso precisa acabar", retrucou.
O embate entre os dois continuou. Castro mencionou o salário em dia dos servidores públicos e acusou Freixo de ser "contra o servidor". Em tom sarcástico, o candidato do PSB respondeu: "Primeiro, deixar o salário em dia é obrigação do governador. Não tem cabimento uma coisa dessas. (...) Cláudio tem que parar de roubar. Se parar de roubar vai ter dinheiro", replicou.
Direito de resposta
O debate entre os candidatos não fugiu do eixo Castro-Freixo. Rodrigo Neves e Paulo Ganime mantiveram os dois na mira, inclusive, no final do terceiro bloco o candidato do Novo chamou o socialista de "Marcelo Fake ". Ganime fez referência à presença de Armínio Fraga e César Maia na chapa de Freixo.
O deputado federal pediu direito de resposta e foi atendido. "Fizemos uma frente ampla que vai de Lula até Armínio Fraga. Estou aqui para falar de proposta e não ficar atacando adversário", falou Freixo.
Pesquisa
Castro e Freixo estão empatados tecnicamente na disputa pelo governo do Rio de Janeiro, de acordo com a pesquisa Datafolha divulgada na última quinta-feira,15. O candidato à reeleição aparece com 31% das intenções de voto, contra 27% do candidato do PSB.