A diferença entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) no 1º turno foi mais apertada do que apontava as pesquisas eleitorais. O candidato petista teve cerca de 6 milhões de votos a mais que o atual chefe do Executivo. O cenário foi recebido de maneiras distantes entre as duas campanhas.
Do lado petista, o sentimento foi de frustração. O partido tinha expectativa de vitória já no 1º turno. Segundo fontes ouvidas pelas Reuters, o partido avaliou que Bolsonaro conseguiu antecipar o voto útil para este domingo.
"Houve uma clara movimentação de votos no Sudeste, além do que as pesquisas e mesmo a campanha conseguiu antecipar", analisou uma pessoa próxima dos petistas.
O momento agora será de replanejar a campanha. Uma reunião de coordenação está prevista para a segunda-feira. A intenção é calcular de onde será possível encontrar novos apoios para garantir no segundo turno a vitória sobre Bolsonaro --uma das fontes da agência de notícias afirma que a conversa com o MDB de Simone Tebet (MDB) já começou.
Em discurso após a divulgação dos resultados, Tebet afirmou que já decidiu o seu lado e aguarda a decisão do partido em até 48 horas para se manifestar. Bolsonaro também fez acenos aos eleitores da senadora do Mato Grosso do Sul.
Além de Tebet, a campanha de Bolsonaro pretende buscar mais votos em Minas Gerais. O atual chefe do Executivo disse que tem conversas adiantadas com Romeu Zema (Novo), reeleito em primeiro turno pelos mineiros, na busca para vencer Lula no 2º turno.
"Já existe a possibilidade bastante avançada de conversar com o Zema em Minas Gerais", afirmou Bolsonaro neste domingo. "Zema acabou de declarar que com o PT não fica, então é uma baita sinzalização para a gente."
O desempenho superior ao projetado pelos levantamentos trouxe confiança para a campanha do presidente. Uma fonte da Reuters vê a disputa totalmente aberta e com chances de vitória.
Na campanha de Bolsonaro, se antes já se considerava uma vitória chegar ao segundo turno --alguns deles admitiam até uma derrota na primeira etapa--, agora avaliam que há sim possibilidade de uma virada, disseram as fontes.
Deputado federal reeleito pela Bahia, o presidente em exercício do PP, Cláudio Cajado, disse que acredita numa eventual vitória de Bolsonaro no segundo turno. Ele afirmou que a partir desta segunda-feira os aliados vão analisar os resultados por Estados para traçar a melhor estratégia para a votação do dia 30.
Um dos coordenadores da campanha, o ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social Fabio Wajngarten, foi ao Twitter para comemorar o resultado. "Primeiro vencemos as mentiras. Agora vamos vencer as eleições. Obrigado a todos, 22 sempre", afirmou.
Bolsonaro teve uma votação expressiva no Sudeste, nos três maiores colégios eleitorais brasileiros. Em São Paulo, ele teve 1,5 milhão de votos de vantagem --ainda conseguiu emplacar seu ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos) no segundo turno na disputa ao governo estadual; no Rio de Janeiro, ele teve quase 1 milhão de frente; e ficou atrás de Lula em Minas Gerais por cerca de 500 mil votos. Esse movimento contraria o que indicavam as pesquisas.
Para uma das fontes, o presidente tem muitas chances. Segundo ela, houve uma grande desidratação dos votos no candidato do PDT e pela quarta vez presidenciável, Ciro Gomes, que ficou atrás da senadora Simone Tebet, a neófita na disputa ao Palácio do Planalto como MDB.
*Com informações da Reuters