O encontro do pré-candidato à Presidência Sérgio Moro (Podemos) com o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), na manhã de ontem, causou mal-estar entre o PT e o PSB e foi criticado por lideranças petistas no Estado. A análise é a de que a reunião informal, ocorrida durante um café da manhã na residência oficial do governador, em Vila Velha, na Grande Vitória, pode azedar as negociações já complicadas entre as siglas para acertar uma aliança em torno da pré-candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva e a formação de uma federação partidária para os próximos quatro anos.
Apesar de não ter se declarado candidato à reeleição, Casagrande é concorrente natural a mais quatro anos de mandato e pode ter de enfrentar o senador Fabiano Contarato, recém-filiado ao PT, que não faz parte de sua base aliada.
"Infelizmente, foi um gesto ruim, sobretudo pelo fato de (Casagrande) ser um dirigente nacional e histórico do seu partido, com quem o PT dialoga uma agenda para o País. Não é uma divergência com o PSB em si, mas sim com o governador", disse a presidente do PT no Espírito Santo, Jackeline Rocha.
Na cúpula nacional, o assunto também gerou incômodo. A presidente do PT, Gleisi Hoffman (PR), afirmou que, após o encontro entre Casagrande e Moro, o debate sobre a federação deve ficar "mais azedo". "Você não serve a dois senhores, não pode ser assim. É uma sinalização política ruim, porque estamos falando de um projeto", disse ela, anteontem, antes da reunião.
Casagrande não atendeu a imprensa após o café com o ex-juiz. Por meio de sua assessoria, o governador reforçou que "está à disposição para receber as lideranças políticas que queiram conversar sobre o futuro do Brasil e do Espírito Santo". Ele destacou ainda que o "diálogo fortalece a democracia". Além de Moro, o governador já recebeu os presidenciáveis João Doria (PSDB) e Ciro Gomes (PDT).
'Conspiração'
Moro aproveitou sua passagem pelo Espírito Santo para visitar o Convento da Penha, em Vila Velha. "Boa conversa sobre a história do convento e sobre princípios e valores fundamentais para o País", afirmou, nas redes sociais. Aos jornalistas, Moro disse não ter pedido apoio político a Casagrande e respondeu às críticas sobre o encontro. "Temos de parar com essa ideia de que qualquer reunião é uma conspiração. Não há nenhuma conspiração", disse. "Foi apenas uma conversa cordial para debater o que é melhor para o Espírito Santo e para o Brasil."