O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), vai promover no próximo sábado, 12, um café da manhã para o ex-ministro Sergio Moro, pré-candidato do Podemos à Presidência, na sede do governo capixaba, em Vitória. Casagrande é de um partido que está em negociações avançadas para apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), rival de Moro, na disputa de 2022.
Mesmo assim, o governador tem resistido a fazer campanha para Lula e conversa com outros pré-candidatos. Além de Moro, ele também já recebeu Ciro Gomes (PDT).
Casagrande afirmou, por meio de sua assessoria, que a reunião não representa apoio à pré-candidatura de Moro e é apenas uma cortesia com o ex-juiz, uma vez que sua posição na eleição presidencial ainda não está definida. O senador Marcos do Val (Podemos-ES) é um dos organizadores do encontro e disse que o ex-ministro deseja ter o apoio do governador. "A pauta vai ser sobre apoio político", disse ele ao Estadão.
Desde que se filiou ao Podemos, em novembro, Moro já esteve em reuniões em São Paulo, Rio, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Ceará, Paraíba, Brasília, Paraná e Piauí. No entanto, somente foi recebido por governadores três vezes. Foram os casos de Romeu Zema (Novo), em Minas, Eduardo Leite (PSDB), no Rio Grande do Sul, e João Doria (PSDB), em São Paulo. Nenhum dos três chegou a anunciar apoio ao pré-candidato.
Além de planejarem estar juntos na disputa presidencial, o PT e o PSB tentam formar uma federação, onde as alianças terão de durar no mínimo quatro anos e ser reproduzidas nos Estados e municípios. Alguns entraves têm dificultado o acordo e o Espírito Santo é justamente um dos lugares em que as duas legendas não se entendem.
O PT resiste a apoiar a reeleição do governador e ensaia lançar o senador Fabiano Contarato, recém filiado ao partido.
"Se o Casagrande tem falado que precisa do apoio (do PT) para aprovar a federação, cabe a ele declarar apoio ao presidente Lula, não cabe a nós. Temos um pré-candidato extremamente viável, que é o Fabiano Contarato", disse o líder do PT na Câmara, Reginaldo Lopes (MG), ao Estadão. O senador Humberto Costa (PT-PE) afirmou, por sua vez, que o encontro entre Moro e Casagrande "certamente não ajuda em nada" o diálogo entre as duas siglas.
O principal ponto de discordância entre os partidos é em São Paulo, onde o PT quer disputar o governo com Fernando Haddad e o PSB, com Márcio França. Também há discordâncias no Rio Grande do Sul e no Acre.
Na contramão do movimento do governador, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, já avisou que vai vetar qualquer possibilidade de integrantes do partido apoiarem Moro ou o presidente Jair Bolsonaro (PL).