Governador do PSB recebe Moro e amplia desgaste com o PT

Casagrande tem sido um dos empecilhos para PT e PSB formarem federação

9 fev 2022 - 21h09
(atualizado às 21h51)

O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), vai promover no próximo sábado, 12, um café da manhã para o ex-ministro Sergio Moro, pré-candidato do Podemos à Presidência, na sede do governo capixaba, em Vitória. Casagrande é de um partido que está em negociações avançadas para apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), rival de Moro, na disputa de 2022.

Mesmo assim, o governador tem resistido a fazer campanha para Lula e conversa com outros pré-candidatos. Além de Moro, ele também já recebeu Ciro Gomes (PDT).

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Casagrande afirmou, por meio de sua assessoria, que a reunião não representa apoio à pré-candidatura de Moro e é apenas uma cortesia com o ex-juiz, uma vez que sua posição na eleição presidencial ainda não está definida. O senador Marcos do Val (Podemos-ES) é um dos organizadores do encontro e disse que o ex-ministro deseja ter o apoio do governador. "A pauta vai ser sobre apoio político", disse ele ao Estadão.

Ex-ministro Sérgio Moro, no lançamento do seu livro (Contra o Sistema da Corrupção) no Teatro Renaissance
Ex-ministro Sérgio Moro, no lançamento do seu livro (Contra o Sistema da Corrupção) no Teatro Renaissance
Foto: Roberto Sungi / Futura Press

Desde que se filiou ao Podemos, em novembro, Moro já esteve em reuniões em São Paulo, Rio, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Ceará, Paraíba, Brasília, Paraná e Piauí. No entanto, somente foi recebido por governadores três vezes. Foram os casos de Romeu Zema (Novo), em Minas, Eduardo Leite (PSDB), no Rio Grande do Sul, e João Doria (PSDB), em São Paulo. Nenhum dos três chegou a anunciar apoio ao pré-candidato.

Além de planejarem estar juntos na disputa presidencial, o PT e o PSB tentam formar uma federação, onde as alianças terão de durar no mínimo quatro anos e ser reproduzidas nos Estados e municípios. Alguns entraves têm dificultado o acordo e o Espírito Santo é justamente um dos lugares em que as duas legendas não se entendem.

O PT resiste a apoiar a reeleição do governador e ensaia lançar o senador Fabiano Contarato, recém filiado ao partido.

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"Se o Casagrande tem falado que precisa do apoio (do PT) para aprovar a federação, cabe a ele declarar apoio ao presidente Lula, não cabe a nós. Temos um pré-candidato extremamente viável, que é o Fabiano Contarato", disse o líder do PT na Câmara, Reginaldo Lopes (MG), ao Estadão. O senador Humberto Costa (PT-PE) afirmou, por sua vez, que o encontro entre Moro e Casagrande "certamente não ajuda em nada" o diálogo entre as duas siglas.

O principal ponto de discordância entre os partidos é em São Paulo, onde o PT quer disputar o governo com Fernando Haddad e o PSB, com Márcio França. Também há discordâncias no Rio Grande do Sul e no Acre.

Na contramão do movimento do governador, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, já avisou que vai vetar qualquer possibilidade de integrantes do partido apoiarem Moro ou o presidente Jair Bolsonaro (PL).

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