'Há uma potencialização da censura', diz Bolsonaro em nova crítica ao STF

Presidente diz que ministro Alexandre de Moraes julga processos de acordo com sua 'conveniência'

19 out 2022 - 21h22
(atualizado às 22h31)
Bolsonaro afirmou que, quando um magistrado toma decisões que "extrapolam", todo o STF "paga a conta".
Bolsonaro afirmou que, quando um magistrado toma decisões que "extrapolam", todo o STF "paga a conta".
Foto: Mais Goiás

O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a atacar o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Judiciário nesta quarta-feira, 19. O chefe do Executivo, que concorre à reeleição, disse que cumpre mais a Constituição do que muitos ministros da Corte e afirmou que, quando um magistrado toma decisões que "extrapolam", todo o STF "paga a conta". Bolsonaro declarou, ainda, que o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, julga processos de acordo com sua "conveniência".

"Há uma potencialização da censura, no meu entender, por causa das eleições. O que transparece para a gente, eu não posso afirmar, é que por parte de alguns do Judiciário há um interesse por um candidato. Tanto é que censura, desmonetização, derrubada de página só existe do nosso lado. Do lado de lá, tem barbaridades acontecendo e ninguém toma providência no tocante a isso", afirmou Bolsonaro, em entrevista a um podcast do site O Antagonista, ao criticar decisões do Judiciário.

Publicidade

Na terça-feira, 18, o corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro Benedito Gonçalves, determinou a desmonetização de quatro canais no YouTube que apoiam Bolsonaro, como o da produtora Brasil Paralelo, pela disseminação de conteúdo falso contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que lidera as pesquisas de intenção de voto para o Palácio do Planalto. Na entrevista, Bolsonaro também disse que a Jovem Pan "sofre perseguições".

Ao ser questionado sobre Moraes, o presidente disse que o magistrado é "muito independente". "Ele julga as coisas de acordo com a sua conveniência. Até a questão de censura, que está muito ligada a ele por ser presidente do TSE, eu não sou de acordo a essas desmonetizações, derrubadas de páginas, entre outras medidas", afirmou Bolsonaro.

"Entendo que uma maioria pensando de acordo com esse dispositivo constitucional possam eles mesmos chegar ali no Alexandre de Moraes e botar um certo limite. Qualquer ministro que tome decisões que extrapole, todo o Supremo paga a conta. É igual no meio militar. A questão de freios, primeiramente, é a própria instituição", emendou o chefe do Executivo.

Bolsonaro criticou o inquérito das fake news e disse que nenhuma lei pode colocar limites na liberdade de expressão. "Nós não podemos ficar mais quatro anos convivendo da forma que eu passei parte do meu primeiro mandato. Não é chorar, não é querer benefícios, é querer, realmente, o cumprimento da Constituição", afirmou. "Eu acho que, hoje em dia, com todo o respeito à maioria dos ministros do Supremo, eu cumpro mais a Constituição do que muitos deles", emendou o presidente.

Publicidade

Eventual derrota

Ao ser questionado sobre o que faria após uma eventual derrota nas eleições deste ano, o presidente disse que iria "cuidar da vida", sem afirmar se aceitaria um resultado desfavorável na disputa eleitoral. Em declarações anteriores, o chefe do Executivo condicionou o respeito ao resultado das urnas à realização de eleições "limpas" e "transparentes", mas não deixou claro quais seriam os critérios para se chegar a essa conclusão, ao mesmo tempo em que colocava em dúvida a confiabilidade do sistema eleitoral brasileiro sem apresentar provas de irregularidades.

"Vou cuidar da minha vida. Chega, né? 67 anos. Eu tenho uma aposentadoria do Exército, R$ 12 mil por mês, que é proporcional. E tenho também da Câmara dos Deputados, que não pedi, para evitar me criticarem. Hoje em dia, vale aproximadamente R$ 30 mil por mês. Seriam R$ 42 mil bruto por mês. Isso que eu levaria, para mim está excepcional esse montante, não tenho qualquer outra renda", declarou Bolsonaro, em entrevista a um podcast do site O Antagonista.

Em 13 de setembro, durante entrevista ao podcast Collab, Bolsonaro disse que continuaria no Palácio do Planalto se essa for a "vontade de Deus" e, caso contrário, "passaria a faixa", ou seja, entregaria o cargo. "Se essa for a vontade de Deus, eu continuo [na Presidência]. Se não for, a gente passa, aí, a faixa e vou me recolher, porque com a minha idade eu não tenho mais nada a fazer aqui na Terra se acabar essa minha passagem pela política em 31 de dezembro no corrente ano", afirmou o presidente na ocasião.

Treze dias depois, contudo, em entrevista ao Jornal da Record, Bolsonaro se negou a dizer se aceitaria uma eventual derrota nas eleições. "Eleições limpas, sem problema nenhum", afirmou. "Vou esperar o resultado", emendou. Por diversas vezes, o presidente colocou em dúvida a confiabilidade das urnas eletrônicas no País, sem apresentar provas ou indícios de irregularidades, o que gerou temor em setores da sociedade de que ele possa contestar na Justiça um possível resultado desfavorável na corrida pelo Palácio do Planalto.

Publicidade
Fique por dentro das principais notícias
Ativar notificações