Haddad associa Tarcísio ao 'Centrão' e diz que Garcia é 'mais do mesmo'

Candidato ao governo de São Paulo, petista critica adversários e afirma que, se eleito, vai restruturar carreira dos professores no Estado

1 set 2022 - 18h40
(atualizado em 2/9/2022 às 12h27)

Candidato do PT ao governo de São Paulo, o ex-prefeito Fernando Haddad associou o ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos) ao "Centrão", grupo de partidos que apoia o presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro, e que o governador Rodrigo Garcia (PSDB), que busca novo mandato, é "mais do mesmo". As críticas do petista aos principais rivais na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes foram feitas durante sabatina na Associação Comercial de São Paulo (ACSP).

"Temos uma pessoa (Tarcísio) que representa o Centrão, que acho muito perigoso para o Estado. Essa turma joga pesado, não é brincadeira", afirmou Haddad. "Não sou o Tarcísio que acho que a gente precisa trazer alguém de fora para resolver problemas que a gente não resolve. Acho o contrário. A gente precisa de quem tem experiência administrativa e que é do Estado", acrescenta.

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Candidato ao governo de São Paulo, Fernando Haddad (PT) participa de sabatina na Associação Comercial de São Paulo Foto: Eduardo Ogata

Tarcísio disse, durante a campanha, que seria preciso um "cara de fora" para resolver os problemas do Estado. Depois ele afirmou que "pisou na bola" e que a frase foi, segundo ele, "descontextualizada". Em outro evento nesta quinta, Tarcísio disse que Haddad era candidato do "ex-presidiário", em referência ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Ao saber da declaração, Haddad rebateu e disse que Tarcísio estava "mal acompanhado". "Vi os escândalos de imóveis comprados com dinheiro frio. Eu acho que ele está mal acompanhado. O candidato que me apoia já foi julgado e absolvido. O Bolsonaro ainda vai enfrentar as barras dos tribunais", disse petista.

Na sabatina, o candidato do PT disse que Garcia seria "mais do mesmo", uma vez que o PSDB comanda o Estado por 28 anos - parte desse período, o Estado foi governado por Geraldo Alckmin, hoje candidato a vice na chapa de Lula. "Ele (Garcia) prometeu o monotrilho até o ABC e cancelou o contrato. Estragaram todo o sistema com base em ganância". O petista afirmou ainda que o tucano "está em pé de guerra" com o magistério, pela falta de um plano de carreira dos professores. "Não conheço um professor que esteja satisfeito com a carreira. Não tem concurso", afirmou.

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Propostas

Durante a sabatina, Haddad citou sua passagem pela Prefeitura de São Paulo e sua atuação ministério da Educação (governo Lula).

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Em relação às escolas estaduais, o candidato afirmou que fará uma reestruturação da carreira dos professores para que o ensino seja de qualidade. Ele prometeu fazer mais concursos públicos e contratar mais servidores, mas não deu prazo. "Temos de discutir com a categoria o plano de carreira e abrir concurso com base já nessa proposta", disse.

O ensino médio "tem de ser profissionalizante", para dar chance aos jovens que não têm acesso à universidade saírem com uma profissão. "Hoje, você não sai empregado. Ao contrário, debilitou o currículo tradicional e não botou nada no lugar. A pessoa não está saindo com um canudo na mão e uma certificação que tenha por parte do empregador um reconhecimento", pontua, sem mencionar soluções.

Na saúde, o plano é construir 70 hospitais-dia até o final do mandato, proposta que já havia mencionado em eventos anteriores. Para os empreendedores, ele planeja fomentar o Desenvolve SP, mas ainda não estipulou metas. "Acho ele pequeno para o tamanho do Estado. Ele precisa se converter num sistema de inovação e vou usar inclusive a dívida ativa para alguns projetos de expansão de investimentos em São Paulo", afirma Haddad.

A ideia é gerar empregos para a indústria 4.0, mas a quantidade "depende muito da relação com o setor privado". Questionado sobre propostas voltadas especificamente para mulheres empreendedoras, o candidato admitiu não ter previsto medidas para o público, somente para os empreendedores no geral.

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Fernando Haddad (PT) com integrantes da Associação dos Comerciários de São Paulo, nesta quinta-feira, 1º Foto: Eduardo Ogata

Trem Sp-Campinas

Haddad voltou a falar sobre a construção de trens intercidades no Estado. Dessa vez, garantiu que "é possível" entregar o primeiro dos quatro trechos desejados, o de São Paulo a Campinas, no final do mandato. "Não adianta prometer o que não vai conseguir cumprir, mas esse trecho dá para fazer e deixar pronto os outros três, com o projeto executivo editado, licitado e talvez publicado em diário oficial para o sucessor ir lá e fazer", afirma. Os outros trechos seriam até a Baixada Santista, Sorocaba e São José dos Campos.

No ciclo de debates, o candidato respondeu a perguntas de empresários, membros e representantes da ACSP e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp). Ex-senadores, como Eduardo Suplicy, atualmente vereador da capital paulista, e Heráclito Fortes, hoje coordenador do Conselho Politico e Social (COPS) da ACSP, também participaram do evento.

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7 de setembro

O candidato ainda demonstrou-se preocupado com o clima para as manifestações que devem ocorrer no dia 7 de Setembro, quando se comemora os 200 anos da Proclamação da República no Brasil. "Chegamos num clima de tensão preocupante. Estamos perdendo a confiança de que esse país é democrático", declara Haddad.

Ele ainda questiona: "Quem é que está financiando fake news, criando dispositivos em massa contra as instituições e incitando aglomerar gente no 7 de setembro? Vamos transformar o 7 de setembro, uma data nacional que todos os brasileiros têm de comemorar nosso bicentenário, num momento tenso. A troco de que? O que a gente ganha fazendo isso?".

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