Indicado de Lula à presidência do BC não será sabatinado na próxima semana, diz senador

O plano do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, era aprovar as indicações na primeira semana de setembro

27 ago 2024 - 11h51
(atualizado às 12h08)
Vanderlan Cardoso, presidente da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado.
Vanderlan Cardoso, presidente da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado.
Foto: Divulgação/Senado Federal

A Comissão de Assuntos Econômicos do Senado não irá sabatinar o indicado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao comando do Banco Central na próxima semana, afirmou o presidente do colegiado, chamando atenção para a necessidade de melhora do clima político após o governo não cumprir acordo com parlamentares.

"Na semana que entra não vai ser, isso aí eu garanto", disse Vanderlan Cardoso (PSD-GO) à Reuters na noite de segunda-feira. "Temos que ter o momento oportuno, em que as discussões entre Senado e governo estejam melhores, agora estamos em um momento um pouco delicado."

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Uma fonte do Palácio do Planalto afirmou que não há mais sinalização, até o momento, de que as indicações do novo presidente e diretores do BC possam ser feitas nesta semana, a última antes do esforço concentrado de votações no Senado. Para ela, se essa janela for perdida, não haverá razão para Lula apresentar os nomes logo, já que a próxima oportunidade para as sabatinas dos indicados, em sua avaliação, deve ocorrer apenas entre outubro e novembro.

O plano do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, era aprovar as indicações na primeira semana de setembro, quando o Senado fará um esforço concentrado com votações presenciais em meio a um período de Congresso esvaziado por conta das campanhas às eleições municipais de outubro.

Membros do governo disseram à Reuters que a indicação antecipada lançaria os holofotes sobre o próximo presidente do BC, ainda que ele fosse assumir apenas no início do próximo ano, tirando o peso das falas do atual chefe da autoridade monetária, Roberto Campos Neto.

Lula precisa indicar o presidente do BC, que irá substituir Campos Neto, cujo mandato termina em dezembro, além dos próximos diretores de Regulação e Relacionamento, que também assumem no início do ano que vem.

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Como a expectativa generalizada é que o presidente indique o diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, ao comando do BC, a vaga atual do diretor também precisará ser ocupada nessa dança das cadeiras.

Duas fontes com conhecimento do assunto disseram à Reuters que o governo passou a reavaliar quando Lula poderia fazer indicações à diretoria do BC após senadores questionarem a necessidade de anunciar e aprovar os nomes até o início de setembro.

Além da sabatina e votação na CAE, os nomes precisam ser referendados posteriormente em plenário.

MAL-ESTAR

Cardoso destacou que o governo ainda não apresentou qualquer nome para o BC, e pontuou que o clima poderá estar melhor para o Senado aprovar rapidamente os nomes depois do primeiro turno das eleições, no início de outubro.

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O senador também afirmou que o governo não honrou acordo que assumiu em relação a um projeto de decreto legislativo que facilita a posse de armas, contribuindo para um mal-estar que ele acredita poder ser dissipado com a resolução do assunto.

Em reunião na semana passada, Lula chegou a indicar ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que anunciaria todos os nomes para o BC de uma só vez, em linha com informação antecipada pela Reuters.

No entanto, de acordo com essa fonte, Pacheco defendeu a Lula que o momento não seria propício para fazer as indicações, citando que o período eleitoral reduz a presença de senadores em Brasília, o que poderia prejudicar as negociações.

Além disso, segundo essa fonte, disputas recentes entre os Poderes relacionadas à liberação de emendas parlamentares poderiam comprometer o clima para as sabatinas dos indicados, já que temas relacionados à atuação do BC são delicados e têm sido politizados.

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Após o encontro, Haddad disse na semana passada que uma eventual sabatina no Senado durante o chamado "recesso branco" das campanhas eleitorais dependeria da "simpatia" dos parlamentares, acrescentando que o anúncio dos nomes poderá ser feito em bloco ou separadamente.

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