RIO - A Polícia Federal cumpre três mandados de prisão contra suspeitos de participar do esquema de corrupção e lavagem de dinheiro ligado ao ex-governador do Rio Sérgio Cabral, preso e condenado a mais de 100 anos de prisão. A operação desta sexta-feira, 3, da Lava Jato do Rio é batizada de "Hashtag" e tem como um dos alvos o empresário Eduardo Plass, dono do TAG Bank/Panamá e presidente da gestora de recursos Opus Investimento.
De acordo com as investigações, o banco teria sido usado para lavar dinheiro do ex-governador através de empresas offshores localizadas em paraísos fiscais. Os investigadores apontam Plass ligado ao esquema de corrupção envolvendo o ex-governador do Rio e o empresário Eike Batista. Plass mora em Londres, mas estava de passagem pelo Rio. Também foi presa Maria Ripper Kos, sócia de Plass. Há outro mandado de prisão em andamento.
Segundo o MPF, o esquema consistia no recebimento de dinheiro em espécie dos diretores administrativos de uma joalheria em Ipanema, Zona Sul do Rio, e, posteriormente, transferência no exterior de valores de uma conta sob seu controle (The Adviser Investmentes Limited S.A.) para uma empresa offshore de fachada (Fleko S.A. ou Erposition S.A.), que, por sua vez, ainda transferia esses valores para uma outra empresa offshore de fachada (Robilco S.A.), e que, por fim, transferia os valores para a empresa holding do grupo da joalheria.
"Para dar aparência de legalidade às transações, a equipe de Eduardo Plass assinava contratos fictícios de empréstimos com os diretores da joalheria, muitos deles com datas retroativas ideologicamente falsas, forjados como se fossem empréstimos entre a empresa The Adviser Investments e as offshores Fleko e Erposition, que recebiam os valores no momento inicial de cada transação", explica o MP.
Os procuradores descobriram que offshores de Plass foram usadas para adquirir joias pelo ex-governador, no valor de 24 milhões de dólares (R$ 90 milhões), na joalheria H.Stern. "O que chama a atenção neste caso é o próprio banqueiro fazer operações de dólar-cabo a fim de lavar capitais. Com isso, fica comprometida toda regulação de compliance. É como se o árbitro de futebol entrasse em campo, por baixo do uniforme, com a camisa de um dos times, encobrindo ativamente jogadas desleais", analisam os procuradores da força-tarefa.
Em janeiro do ano passado, Plass chegou a ser alvo de condução coercitiva no âmbito da operação "Eficiência", que teve como alvo o empresário Eike Batista, que apurou ocultação de mais de US$ 100 milhões do ex-governador Sérgio Cabral no exterior. A rede de joalherias assinou acordo de leniência e diz colaborar com as autoridades.
As investigações do Ministério Público Federal (MPF) apontam que entre 2009 e 2015 "uma série de crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas, pelos diretores da joalheria, que agora colaboram com as investigações do MPF" passaram pelo banco. Os procuradores pediram o bloqueio de R$ 181 milhões dos envolvidos