Líderes de caminhoneiros minimizam protestos e defendem resultado da eleição

"Não luto e nunca vou lutar contra a democracia do País", diz Wallace Landim, da Abrava, mais conhecido como Chorão

31 out 2022 - 12h38
(atualizado às 16h44)
Manifestantes queimam pneus enquanto bloqueiam estradas federais durante um protesto no dia seguinte ao segundo turno da eleição presidencial brasileira, em Várzea Grande, no Estado de Mato Grosso - 31 de outubro de 2022
Manifestantes queimam pneus enquanto bloqueiam estradas federais durante um protesto no dia seguinte ao segundo turno da eleição presidencial brasileira, em Várzea Grande, no Estado de Mato Grosso - 31 de outubro de 2022
Foto: REUTERS/Rogerio Florentin

Ao menos três líderes dos caminhoneiros disseram que os protestos em rodovias do País reúnem alguns motoristas apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) descontentes com o resultado das eleições, mas não refletem demandas da maior parte da categoria. Os protestos incluem manifestantes que não são caminhoneiros, segundo os líderes.

"Eu não vejo 100% da categoria. São pessoas que estão descontentes com o resultado das eleições. A gente está tentando levantar de onde está saindo o movimento", disse o presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, conhecido como Chorão.

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Em relação às imagens que circulam em grupos de WhatsApp e redes sociais, que falam em intervenção militar para reverter o resultado do pleito, Chorão foi categórico: "Fico muito triste de muitas pessoas usarem o nome dos caminhoneiros. Não luto e nunca vou lutar contra a democracia do País. Minha linha é mais de pacificação, conversar, dialogar e unificar o País".

O representante disse não acreditar na persistência dos protestos. "Os caminhoneiros têm que lutar pelo nosso segmento, pelo transporte. A diferença do presidente eleito em relação a Bolsonaro foi de 1 milhão e poucos votos. Não tem como falar que vai parar o País por política." Segundo Chorão, a categoria entregou as pautas do setor aos presidenciáveis e seguirá interlocução com o novo governo.

Wanderlei Alves, conhecido como Dedeco, também vê os protestos como pontuais. "Eu acredito que tenham o direito de protestar, só que eles têm que aceitar a democracia e não ficar travando a pista, porque está atrapalhando a vida de todo mundo. Assim como aceitamos a vitória do Bolsonaro em 2018, agora eles têm de aceitar a vitória do Lula".

"Se for uma paralisação para reivindicar algum direito da classe, a classe terá meu apoio. Se for uma paralisação política, para atrapalhar o governo do Lula, não terá o meu apoio. Acho que autoridades têm de tomar providências porque não pode cercear o direito de ir e vir das pessoas que estão na via. É assim que os bolsonaristas falavam quando a gente ia reivindicar alguma coisa contra o governo Bolsonaro.", ressalta Alves.

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Plínio Dias, diretor-presidente do Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC), disse que não há indício de paralisação ampla de caminhoneiros autônomos. "Vi alguns vídeos e são pessoas desconhecidas e acho que também nem são caminhoneiros", apontou.

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