O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai se encontrar com o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin - ainda nesta semana - para conversar sobre uma possível união para as eleições de 2022, informou a coluna de Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, nesta terça-feira, 30.
De acordo com a coluna, lideranças do PT e do PSB tentam unir os antigos adversários em uma chapa eleitoral, com Lula candidato à Presidência e Alckmin como o seu vice-presidente. Os dois já haviam se encontrado pessoalmente neste ano, mas essa será a primeira reunião desde que as tratativas vieram à tona. Segundo o jornal, Lula pretende usar o encontro para falar com Alckmin sobre o sucesso de sua viagem à Europa, ocasião em que foi recebido com honras pelo presidente da França, Emmanuel Macron, e ovacionado no Parlamento Europeu após fazer um discurso. Alckmin, por sua vez, deve expor suas preocupações com o aumento da fome no Brasil, algo que, em sua opinião, pode ser combatido com um governo que suceda ao de Jair Bolsonaro.
Após a informação da publicação paulista, o petista concedeu uma entrevista para a rádio Gaúcha FM e afirmou que ambos estão buscando construir um acordo. "Tive uma extraordinária relação com o Alckmin no meu governo. Ele está definindo qual será seu partido político e nós estamos no processo de conversar. Vamos ver se é possível construir uma aliança política. Mas é o seguinte: eu quero construir uma chapa para ganhar as eleições", disse Lula.
Na segunda-feira, 29, Alckmin fez novos acenos a uma aliança com Lula durante conversa a portas fechadas com presidentes de centrais sindicais, que defendem a aliança. O tucano, que negocia filiação no PSB, PSD e União Brasil, tem sido cortejado por petistas para dar um caráter ideológico mais amplo à candidatura Lula, sinalizando ao centro e valorizando a responsabilidade fiscal no histórico de Alckmin como gestor.
Durante a entrevista, Lula voltou a afirmar que ainda não bateu o martelo sobre sua candidatura à Presidência, embora tenha assumido uma agenda claramente pré-eleitoral, de costuras regionais. Se eleito, disse, vai rever a política de paridade de preços da Petrobrás para tentar controlar a inflação, tema usado pelo petista como munição contra o presidente Jair Bolsonaro. Ele também criticou o teto de gastos adotado no governo do ex-presidente Michel Temer. "O teto de gastos só pode ser aprovado em um país onde o presidente da República não tem autoridade moral para decidir o que fazer, o que gastar, onde investir", disse, sem explicitar se pretende buscar mudanças nos limites legais.
O petista voltou a se defender de acusações de corrupção em seus mandatos. Ele alegou que a marca dos governos petistas foram as políticas de inclusão social, não o mensalão e o petrolão. "Nenhum governo criou mais instrumentos de combate à corrupção que Lula e Dilma", disse, citando leis regulamentadas quando o partido ocupava a cadeira do Executivo, como a da delação.
"Quem praticou corrupção no PT foi punido, foi responsabilizado. O que nós queremos é que a investigação seja bem feita, que não seja feita por um mentiroso como o Moro ou por uma quadrilha como a do Dallagnol", afirmou.
*Com informações do Estadão Conteúdo