Os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) vão disputar o segundo turno das eleições presidenciais no domingo de 30 de outubro.
Com 100% das urnas apuradas, o petista obteve 48,43% dos votos, ou seja, 57.259.504 votos válidos. Já Bolsonaro conquistou 43,20% do eleitorado, o que equivale a 51.072.345 dos votos.
Em tereceiro lugar, a senadora Simone Tebet (MDB) superpou Ciro Gomes (PDT). Enquanto a candidata da chamada 3ª via alcançou 4,16%, o pedebista teve 3,04%, seu pior desempenho em eleições presidenciais.
Todos os demais candidatos não tiveram nem 1%. Votos nulos atingiram 1,59%, contra 1,59% dos em branco. Já o índice de abstenções foi de 20,94%, maior percentual desde 1998.
O resultado das urnas confirmou a tendência apontada pelas pesquisas eleitorais desde o início da corrida presidencial. O petista sempre apareceu na frente na preferência popular em todos os levantamentos, seguido pelo atual chefe do Executivo.
Durante a campanha, alguns levantamentos chegaram a apontar uma eventual de Lula no primeiro turno, mas Bolsonaro conseguiu ganhar votos na reta final e levar a decisão para o segundo turno.
Confira a apuração completa do primeiro turno das eleições 2022.
A corrida presidencial foi marcada por casos de violência devido à polarização entre apoiadores de Lula e Bolsonaro. Desde o assassinato de um apoiador de Lula em Foz do Iguaçu (PR), em julho, até à morte de um eleitor petista a facadas no interior de Mato Grosso durante o feriado de 7 de Setembro, os casos de agressões e mortes por motivação política aumentaram em todo o País.
Campanha de Lula
Nas Eleições de 2018, Lula foi impedido pela Justiça Eleitoral de disputar as eleições presidenciais por causa da Lei da Ficha Limpa. Na época, ele estava preso na sede da Polícia Federal em Curitiba, no Paraná, onde cumpria pena pelas condenações da Operação Lava Jato.
Em novembro de 2019, após 580 dias de prisão, o petista foi solto por causa de uma decisão do STF que proíbe prisões em 2ª instância. Posteriormente, também por uma determinação da Corte, as sentenças ligadas à Lava Jato foram anuladas.
Apesar da forte oposição ao governo de Jair Bolsonaro, Lula evitou confirmar a sua intenção de disputar o Palácio do Planalto logo após deixar a prisão, quando ainda não tinha recuperado os direitos políticos. Somente no primeiro semestre deste ano, o petista se posicionou publicamente sobre o desejo de tentar um terceiro mandato presidencial.
“Se estou na melhor posição para ganhar as eleições presidenciais e gozo de boa saúde, sim, não hesitarei. Acho que fui um bom presidente”, declarou em entrevista para a publicação francesa Paris Match, em maio.
No lançamento de sua pré-candidatura, no dia 7 de maio, Lula criticou fortemente Jair Bolsonaro, celebrou a chapa com Geraldo Alckmin (PSB) - antigo adversário político em prol da democracia e falou em restaurar a soberania do Brasil e do povo brasileiro.
Durante toda a campanha, o petista fez críticas ao atual governo federal e disse que o povo brasileiro era mais feliz no seu mandato. Ele defendeu a parceria com Alckmin, disse que eles nunca foram inimigos, e sim, adversários políticos, e estão juntos agora para defender a democracia.
Campanha Bolsonaro
Buscando a reeleição, Jair Bolsonaro oficializou sua candidatura à reeleição no dia 24 de julho. O anúncio foi feito em um evento do PL montado no ginásio do Maracanãzinho, no Rio de Janeiro, onde ocorreu a convenção do partido para o lançamento oficial da campanha eleitoral. Também foi chancelado o nome do general da reserva Walter Braga Netto como candidato a vice na chapa.
As celebrações do 7 de Setembro foram um ponto polêmico na campanha. Na ocasião, o presidente usou a data para o palanque eleitoral. Ele participou do desfile cívico-militar, fez um discurso em Brasília, no qual puxou o coro de “imbrochável”, e também marcou presença na orla de Copacabana, no Rio, onde também falou em cima de um trio elétrico.
Tanto Lula quanto Bolsonaro também foram destaques em debates presidenciais, como o da Band e o da TV Globo. Mas, no debate realizado por Terra, SBT, CNN, 'Estadão'/Rádio Eldorado, Veja e Rádio Nova Brasil FM, Lula não compareceu e sua ausência virou tema entre os candidatos.
Lula focou em uma campanha com forte presença nas ruas e discursos em palanques, recusando alguns convites para entrevistas e sabatinas. Já Bolsonaro, além de eventos com os aliados, teve presença mais intensa na mídia, participando de podcasts e programas de televisão.
Trajetória de Lula
Luiz Inácio Lula da Silva nasceu no dia 27 de outubro de 1945 em Garanhuns, Pernambuco, e migrou ainda criança para São Paulo, cidade na qual atuou como metalúrgico e, dessa forma, passou a criar uma liderança como sindicalista. No período da ditadura militar (1964 – 1985) ele organizou e participou de diversas greves na categoria no ABC Paulista, tendo sido preso por isso, e, nos anos 1980, ajudou a criar o Partido dos Trabalhadores (PT).
A figura de Lula ficou conhecida também como um dos rostos do movimento Diretas Já, que pedia voto direto para eleger o presidente do Brasil. Nesse período, iniciou a carreira na política ao ser eleito deputado federal por São Paulo em 1986. Anos depois, em 1989, Lula concorre em sua primeira eleição à Presidência da República, tendo perdido em segundo turno para Fernando Collor de Mello. O petista ainda tentou ser eleito presidente duas outras vezes: em 1994 e 1998, ambas ocasiões em que perdeu a eleição para Fernando Henrique Cardoso.
Em 2002, Lula foi eleito presidente do Brasil, derrotando José Serra no segundo turno do pleito daquele ano. O governo Lula teve como marcos programas sociais como o Bolsa Família e o Fome Zero, e, surfando na onda das commodities - que ajudou a economia brasileira na época - foi considerado como um dos presidentes mais populares do País.
No final de seu primeiro mandato, seu governo foi manchado pelo esquema de corrupção conhecido como Mensalão, escândalo de compra de votos que quase o derrubou do poder. Ainda assim, em 2006, Lula foi reeleito, vencendo em segundo turno contra Geraldo Alckmin - hoje seu vice.
Com o término de seus dois mandatos, Lula ainda conseguiu deixar o comando do País com sua sucessora, Dilma Rousseff, que também enfrentou escândalos de corrupção - o chamado Petrolão. Dilma foi reeleita em 2014, derrotando Aécio Neves nas urnas, mas sofreu impeachment em 2016, deixando o Executivo para seu vice, Michel Temer.
O escândalo do Petrolão teve consequências para Lula mesmo fora da presidência. O petista foi condenado pelo juiz Sergio Moro, então à frente das investigações da Lava Jato no Paraná, a nove anos e seis meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro. A pena foi confirmada em segunda instância e Lula entregou-se às autoridades em 2018, sendo solto apenas no ano seguinte. Por causa da prisão, Lula não pode concorrer como candidato à presidência nas eleições de 2018, vencidas por Jair Bolsonaro. Em 2021, o petista recuperou seus direitos políticos após decisão do STF que considerou que Moro agiu parcialmente na execução da pena de Lula, e anulou as condenações no processo.
Trajetória de Bolsonaro
Jair Messias Bolsonaro nasceu em Glicério, no interior de São Paulo, e iniciou a carreira militar no Rio de Janeiro, formando-se na Academia Militar das Agulhas Negras em 1977. Em 1986, ainda como militar, Bolsonaro ganhou destaque por causa de um artigo para a revista Veja em que criticou o salário da categoria. Pelo texto, ele foi preso. Após transferência para a reserva, Jair deu início à vida política ao ser eleito vereador do Rio de Janeiro também em 1986.
A partir daí, Bolsonaro iniciou uma série de mandatos na Câmara dos Deputados, em Brasília, sendo sua primeira eleição em 1990. Foram 27 anos como deputado e, apesar da baixa relevância, ganhou destaque com comentários polêmicos contra mulheres, homossexuais e a favor da ditadura militar.
Durante os governos do PT, Jair Bolsonaro ganhou projeção fazendo forte oposição ao governo, e passou a ser visto como uma figura antipetista. Com essa imagem, lançou candidatura à Presidência da República em 2018 pelo PSL. Venceu o pleito após disputa em segundo turno contra Fernando Haddad (PT).
Ao longo de seu mandato, Bolsonaro passou por várias trocas de ministros, fortaleceu laços com as Forças Armadas, estreitou relações com países com governos de direita, afrouxou leis de proteção ambiental, investiu em decretos pró-arma e foi alvo de uma CPI por causa de sua atuação durante a pandemia de covid-19 no Brasil.