O candidato à presidência Luís Inácio Lula da Silva (PT) lidera as intenções de voto entre os beneficiários do Auxílio Brasil. O petista tem 61% da preferência entre os eleitores, enquanto Jair Bolsonaro (PL) tem 34%. Os dados são da pesquisa Datafolha, divulgada no dia 28 de outubro.
Entre as pessoas que recebem o benefício social ou moram com alguém que recebe, 58% responderam que votarão em Lula "com certeza". Já os que recebem o auxílio e estão totalmente decididos em votar em Bolsonaro representam 33%.
A beneficiária Katty de Souza Costa, de 29 anos, moradora do Novo Gama, Goiás, diz que, em sua avaliação, o Lula vai fazer uma política melhor do Auxílio. Para ela, o Bolsonaro está "jogando cartas ao vento para ganhar votos dos indecisos que recebem o benefício".
"O Lula já sabe como fazer o auxílio funcionar, sabe quais são as necessidades que precisamos ser supridas", acrescentou.
A jovem, que está grávida do segundo filho e desempregada, afirmou que tem medo de perder o Auxílio a qualquer momento. Ela é beneficiária desde 2020, na época ainda era o Bolsa Família. Ela recebia R$49 por mês, mas logo veio a pandemia e o valor mudou para R$1.200. De acordo com a moça, o benefício é necessário, mas diferente do Bolsa Família - programa criado por Lula em 2003 - ele veio para cobrir uma necessidade da pandemia.
"Na pandemia era um valor muito maior e foi o que ajudou muitas famílias, inclusive a minha. Mas não sei se ele foi pensado da forma mais correta. Sabemos que o auxílio ajuda, que é necessário, porém ainda tem milhares de famílias passando fome", ressaltou.
Segundo o economista Elias Sampaio, doutor em Administração Pública, é importante lembrar que a população brasileira é muito diversa. As segmentações feitas pelos institutos de pesquisa muitas vezes não representam a realidade do povo. De acordo com ele, é necessário que se entenda que existem vários perfis de eleitores e não é pela pessoa receber um benefício que ela irá votar em determinado candidato.
"A elite brasileira pensa que o povo mais humilde não desenvolve senso crítico e político. Por isso, precisamos entender que o povo mais pobre consegue saber o que é melhor para si, mas estas pessoas, que acordam às 5 da manhã, não tem muito tempo para aprofundar os discursos, eles precisam de algo prático, que resolva a sua necessidade", disse o especialista.
Sampaio considerou que o Auxílio Brasil é meramente uma estratégia eleitoreira de Bolsonaro para ludibriar os mais necessitados. Para ele, a população já compreendeu essa mensagem, assim como alguns também perceberam que a falta de plano econômico do governo Bolsonaro irá prejudicá-los.
O economista pontuou que o atual ministro da Economia, Paulo Guedes, e a sua equipe, não têm condições de melhorar a situação caótica que eles próprios têm criado. Caso permaneça a mesma estrutura, o especialista considera que as consequências para a população mais pobre serão desastrosas.
"Eu não consigo imaginar o tamanho do prejuízo para a população se, em uma possível reeleição do atual governo, as políticas apresentadas até agora sejam mantidas".
Katty Costa conta que sua vida, com a atual gestão, mudou muito. Não só no quesito economia, mas a cada dia que passa ela tem mais medo de sair na rua sozinha, dar sua opinião sobre algo. Ela sentiu uma diferença econômica muito grande e dificuldade no poder de compra e escolha.
"Ser mulher ficou mais difícil nesse governo. Além disso, tudo ficou muito mais caro, ter que ir ao mercado e não poder comprar nem meio quilo de carne é difícil. Ter que optar sempre por algo mais barato, similar ao que queria originalmente, é ruim. Acaba que quem dita o que posso ou não comprar é sempre o mercado, não eu. Por isso até mudei a forma de comprar. Estou comprando mais em atacadão, os preços são um pouco melhores e levo mais quantidade".
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