O candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal, chegou às 16h54 em uma escola em Moema, bairro nobre da capital paulista, para votar, faltando quase 5 minutos para o fechamento das urnas. O atraso do candidato causou apreensão entre apoiadores que o aguardavam e até de integrantes de sua equipe, que disseram não saber onde o ex-coach estava, mesmo com o risco de não conseguir votar a tempo.
Quando chegou, um tumulto se formou próximo do carro do candidato, que saiu do veículo e subiu no teto para acenar para os eleitores. Na sequência, ele entrou na escola, por volta de 16h56, e garantiu o seu voto.
O local onde Marçal votou era muito pequeno, com uma urna instalada em uma área que lembrava uma cantina escolar. Repórteres e cinegrafistas se espremeram para conseguir uma boa imagem do candidato, que chegou e saiu rodeado por muitos seguranças.
Na saída, novamente uma confusão de pessoas querendo chegar perto de Marçal, e os seguranças tentando abrir caminho. Alguns apoiadores reclamaram: “Para de empurrar”, a reportagem ouviu uma senhora dizer. Para voltar para o carro, Marçal foi erguido e levando nos ombros dos seguranças até o veículo, onde ficou sentado no teto para acenar para eleitores e conversas com a imprensa.
Em uma coletiva improvisada, no meio de apoiadores, ele reclamou da derrubada de suas redes sociais, um pedido judicial após publicação de um laudo médico falso tentando atribuir ao candidato Guilherme Boulos (PSOL) o uso de drogas. “Foi uma Decisão desproporcional de derrubar rede social”, resumiu; ele também negou ter recebido intimação judicial de Alexandre de Moraes sobre o uso indevido da rede social X.
Marçal também falou a respeito das pesquisas eleitorais, que o mostram empatado tecnicamente com Boulos e o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB). “Essas pesquisas são uma vergonha, vocês vão ver quando a urna abrir, vão ver Nunes completamente isolado, porque não adianta ter apoio de 300 grandes políticos e uma máquina poderosa... Nem vou falar mais porque já tenho 220 processos... Quem suportaria essa pressão de passar pelo que eu passei\ Agora vão tentar ressuscitar um defunto chamado Nunes... Nem é o Lázaro [personagem da Bíblia], porque o Lázaro ressuscita no final”, riu.
Deputado expulso, apoiadores e opositores
O dia de voto de Marçal contou ainda com um deputado aliado expulso da escola em que o candidato do PRTB ia votar. Daniel José, do Podemos, reclamou de comportamento grosseiro de representantes da Justiça Eleitoral no local. “Eu estava ali dentro e me mandaram sair, mas foram grossos comigo, uma abordagem inicial sem diálogo, mas acontece, algumas pessoas não sabem lidar com quem pensa diferente, provavelmente são pessoas que votam na esquerda e não gostam de quem é de direita, por isso agem de forma agressiva”.
O parlamentar disse ainda que estava no local apenas para dar apoio para Marçal. “Temos a expectativa de fechar ainda no primeiro turno, mas talvez os acontecimentos de ontem, com o laudo e tudo o mais, dificultem isso, de qualquer forma, não tenho dúvidas de que Marçal vai terminar na frente e, se tiver segundo turno, será contra Boulos, e estaremos aqui pra apoiar”.
A reportagem do Terra flagrou muitos apoiadores com o boné azul escrito ‘M’, característico do candidato. Um deles era o médico Arno, de 40 anos, que votou na Paulista e foi até Moema acompanhar Marçal. “É o candidato contra o sistema e acho que agora é o momento de mudarmos. Acredito que vamos que podemos ganhar ainda no primeiro turno e, se for para o segundo turno, bateria qualquer candidato”.
Houve também eleitores contra Marçal que estiveram no local, como o administrador de empresas Paulo, de 41 anos, que vota no Boulos. “Vim visitar meus pais, que moram no prédio aqui ao lado, e fiquei surpreso, nunca vi uma movimentação assim, muita polícia e imprensa. Daí eu soube que era o Marçal que votaria aqui e resolvi ficar para fazer uma manifestação política, democrática, ao contrário do que ele e os apoiadores dele costumam a se comportar. Sou contra a candidatura dele, a postura dele, a falta de propostas, a agressividade desnecessária. Ele não tem conteúdo e nem de São Paulo é”, pontuou.