A presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), criticou nesta quarta-feira, 11, na sede do partido em Pernambuco, a juíza Carolina Moura Lebbos, da 12ª Vara Federal de Curitiba, que proibiu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso pela Operação Lava Jato, de participar de entrevistas e da convenção do partido. A senadora disse que lamentava a decisão porque "até Marcinho VP, traficante, deu entrevistas" e acusou o judiciário de transformar o Brasil em uma "republiqueta de bananas".
"Um criminoso deu entrevistas, o presidente Lula que é a maior liderança popular desse país e está com seus direitos políticos preservados não pode dar entrevistas? O que se faz com Lula é uma injustiça atrás da outra, mas o povo não vai abandonar ele. Essa perseguição política está ficando feio para o Brasil no mundo. As pessoas olham e dizem: republiqueta de bananas que não tem uma democracia forte, que não respeita suas instituições", afirmou.
Gleisi também criticou a Procuradora Geral da República, Raquel Dodge, por acusar o desembargador do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) Rogério Favreto de prevaricação ao conceder habeas corpus ao ex-presidente petista enquanto estava de plantão no domingo, 8.
"[Sérgio] Moro não prevaricou impedindo o cumprimento da sentença pela Polícia Federal? Não observando o devido processo legal? Em que país estamos vivendo?", questionou.
Aliança
Durante quatro horas, Gleisi esteve reunida com a cúpula do PT em Pernambuco para conversar sobre o futuro do partido nas eleições 2018. No Estado, o partido se divide entre lançar candidatura própria, da vereadora Marília Arraes, ou compor a chapa do governador Paulo Câmara, pré-candidato à reeleição. De acordo com a senadora, as conversas com os pessebistas continuam, mas não há avanços.
Gleisi também discutiu sobre o calendário de atos em defesa de Lula que deve culminar com o registro da candidatura dele no dia 15 de agosto em Brasília. O senador Humberto Costa (PT), um dos mais entusiastas da aliança com Câmara, não participou do encontro. Segundo sua assessoria de imprensa, ele teve "agenda parlamentar" em Brasília.
"O PSB precisa de tempo para fazer uma construção política interna que não fragilize a legenda. Nós também temos um processo de construção das nossas decisões e obviamente que queremos sair fortalecidos. Se não der aliança, o que a gente sente, aqui temos nossa candidatura própria, vamos fazer campanha e defender Lula", declarou a presidente.
Com pouco tempo até as convenções, que devem acontecer de 20 de julho a 5 de agosto, segundo a legislação eleitoral, Gleisi recomendou que o diretório pernambucano se dedique a apresentar "de maneira mais rápida" os pré-candidatos a deputados estadual e federal.
Pelas contas do presidente estadual do PT, Bruno Ribeiro, cerca de 45 nomes estão colocados para disputar vagas nas duas casas — o partido não tem representante de Pernambuco na Câmara. "É preciso também fechar e apresentar o programa de governo. Se fizermos a aliança, vamos apresentar à coligação. Se não fizermos, vamos caminhar em cima dele", disse.
Maior interessado na chapa com o PT, o governador do Estado e vice-presidente nacional do PSB, Paulo Câmara, toma café da manhã com Gleisi nesta quinta-feira, 12, no Palácio do Campo das Princesas. De acordo com a vereadora do Recife e pré-candidata ao governo pernambucano, Marília Arraes, a conversa com Gleisi "foi muito tranquila". Sobre a possibilidade de aliança com Câmara, Marília foi taxativa: "Eu não vou ser incoerente com o que eu defendo, ela sabe muito bem disso".