Marina Silva (PSB) participou, nesta sexta-feira, de seu primeiro encontro público oficial com Aécio Neves (PSDB) desde que formalizou apoio à sua campanha presidencial. Mostrando mais uma vez que gosta de mudanças, a ex-senadora surpreendeu o público já ao aparecer no local sem seu tradicional coque. Assim que pisou na sala, os flashes começaram a disparar.
O encontro aconteceu durante a manhã no Espaço do Bosque, na Lapa de Baixo, em São Paulo, onde ela havia realizado diversos eventos no primeiro turno do processo eleitoral. As transformações não ficaram apenas nos cabelos: adotando jeans no lugar das calças de tecidos mais leves que costuma usar, Marina também estava com um tom mais formal. O que "restou" de seu visual étnico foi um acessório usado em volta do pescoço.
"Vocês sabem que eu fiquei a semana inteira gripada e, obviamente, uma pessoa gripada não pode prender o cabelo molhado", explicou ao receber uma enxurrada de perguntas dos jornalistas sobre seu visual. "Está muito bonito, Marina", elogiou Aécio.
O coque, que a acompanha ao longo de toda sua carreira política, foi uma das marcas registradas da candidata no primeiro turno. Depois de brincadeiras viralizadas em relação à sua aparência, ela entrou na onda dos internautas com uma campanha estimulada por sua equipe de marketing, que pediu, nas redes sociais, para as pessoas compartilharem fotos usando coque como forma de apoiá-la.
Mais elogios
Os elogios de Aécio a Marina não ficaram restritos apenas aos cabelos da ex-senadora. O candidato tucano fez questão de ressaltar a importância do apoio de Marina à sua campanha. Diferente do que aconteceu durante o primeiro turno, quando os dois candidatos trocaram diversas ofensas e acusações, hoje Aécio chamou Marina de “amiga” logo na abertura de seu discurso.
“Queria agradecer a minha amiga, a grande brasileira Marina Silva. Aqui estamos todos juntos e misturados e digo sem qualquer receio que esse é, para mim, o momento mais importante dessa caminhada. Hoje não estamos apenas consolidando uma aliança entre candidatos, entre partidos. Hoje estamos nos somando em torno de um movimento a favor do Brasil”, afirmou o tucano. “A Marina presente aqui hoje traz um simbolismo muito grande. Vejo, através do abraço e do beijo, do carinho que recebi dela, o beijo e o abraço carinhoso de milhões de brasileiros que querem mudar o País. São esses brasileiros que represento a partir de agora”, completou.
Aécio Neves continuou agradecendo o apoio de Marina, que teve pouco mais de 21% dos votos no primeiro turno e falou que o gesto da ex-candidata simboliza o patriotismo e a generosidade de muitos brasileiros.
“As contribuições que recebi das propostas de Marina foram essenciais para que o foco permanecesse o mesmo. Marina não apoia um candidato, apoia um projeto, que não é do meu partido ou dos meus aliados. É um projeto dela e de todos os brasileiros. Esse é nosso ponto de convergência. Um Brasil diferente, solidário, generoso. Agradeço em meu nome, em nome da minha família e em nome de milhões de brasileiros esse seu gesto de brasilidade, de patriotismo ao me ajudar não apenas a vencer as eleições, mas a construir um projeto que faça valer a pena”, disse.
Mas os elogios não ficaram apenas restritos a Aécio. Marina Silva fez questão de falar bem do tucano e agradecer às palavras do candidato do PSDB. “Quero cumprimentar de um modo especial o candidato à presidência da República pela forma generosa a que se refere a mim”, disse.
Marina chegou até a comparar Aécio ao ex-presidente petista Luiz Inácio Lula da Silva, que assumiu o governo em 2003, sucedendo oito anos do tucano Fernando Henrique Cardoso. A ex-senador afirmou que Aécio hoje representa o que Lula representava há 12 anos.
“A sua atitude de apresentar 12 anos depois uma carta compromisso aos brasileiros de que vai recuperar os fundamentos da política macroeconômica, com o compromisso que vai manter as políticas sociais. Há 12 anos o presidente Lula apresentou uma carta compromisso aos brasileiros dizendo que naquele momento em que a sociedade igualmente queria alternância de poder, queria mudança, mas que iria tratar o Plano Real como uma conquista. 12 anos depois você faz o mesmo gesto. Diz que vai recuperar o que se perdeu no atual governo, que é a estabilidade econômica e diz que vai manter as políticas sociais ampliadas e aperfeiçoadas durante o governo do presidente Lula”, lembrou Marina.