O ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou em entrevista ao jornal 'Correio Braziliense', que as mudanças feitas no teto de gastos do país, no fim do ano passado, impactaram na credibilidade da política fiscal do atual governo.
Meirelles, que também é ex-ministro da Fazenda e ex-secretário da Fazenda e do Planejamento do estado de São Paulo, hoje é coordenador do programa econômico do pré-candidato João Doria (PSDB), ex-governador paulista.
Em outubro de 2021, o governo Jair Bolsonaro acertou uma mudança no teto de gastos que abriu um espaço de R$ 83,6 bilhões para despesas adicionais em 2022, ano em que o presidente busca sua reeleição.
"Não desestruturou o teto. Desestruturou a política fiscal", afirmou Meirelles ao Correio Braziliense. De acordo com o veículo, a alteração deveria ocorrer apenas em 2026, e, junto com a pedalada dos precatórios previstos em 2022, abriu mais de R$ 100 bilhões de espaço para gastos em ano eleitoral.
Foi Meirelles o responsável por propor o teto dos gastos durante sua gestão como ministro da Fazenda. Para ele, a política fiscal perdeu credibilidade e a inflação está mascarando a realidade, apesar de o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmar o contrário.
Ainda segundo o ex-presidente do Banco Central, o teto de gastos continua com a mesma força e é fundamental que a política fiscal respeite o limite de gastos. Ao Correio Braziliense, ele afirmou que o Banco Central está caminhando sozinho no combate à inflação.
Meirelles também comparou a situação atual do País à de 2015, quando a alta da inflação fez com que o país retrocedesse, afirmando ainda que o Brasil está "em uma estagflação: crescimento muito baixo e inflação elevada".
Para o ex-ministro da Fazenda, será um desastre para o Brasil ter mais quatro anos de governo Bolsonaro. "O país iria sofrer muito, caso ocorresse isso. Seria um desastre. E o problema é que a história nos diz que tudo que está ruim tem espaço para piorar mais. Nós temos que evitar que isso aconteça, sem dúvida", disse para o Correio Braziliense.
Na visão de Meirelles, o Brasil pode voltar a crescer economicamente e atualmente as pessoas estão tão preocupadas com a inflação, emprego e em conseguir sustentar o consumo de suas famílias, que o foco na eleição ainda está muito baixo.