Milhares protestam na Geórgia contra resultado de eleição

28 out 2024 - 19h23
(atualizado em 29/10/2024 às 05h50)

Observadores internacionais e membros da oposição afirmam ter encontrado evidências de fraude eleitoral envolvendo a Rússia; primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, viajou nesta segunda a Tbilisi.Milhares de georgianos foram às ruas na noite desta segunda-feira (28/10) para protestar contra a vitória do partido governista nas eleições legislativas ocorridas neste fim de semana, consideradas fraudadas pela oposição pró-Ocidente e por observadores internacionais. Cerca de 20 mil pessoas se reuniram na frente do Parlamento, na capital Tbilisi.

Manifestação em frente ao Parlamento da Gerórgia, na capital Tbilisi
Manifestação em frente ao Parlamento da Gerórgia, na capital Tbilisi
Foto: DW / Deutsche Welle

O depoimento dos principais observadores que acompanharam a votação reforçou o coro dos manifestantes. O grupo afirmou, em entrevista coletiva nesta segunda, ter encontrado evidências de "fraude complexa" e "em larga escala" que alterou o resultado das eleições a favor do partido governista, o Sonho Georgiano. Eles pediram uma investigação rápida e anulação de pelo menos 15% dos votos, alegando terem documentado fraudes em dezenas de seções eleitorais.

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A comissão eleitoral do país anunciou no domingo que o Sonho Georgiano havia conquistado 54% dos votos, um resultado que garantiu sua permanência no poder por mais quatro anos. A aliança de quatro partidos pró-Ocidente conquistou 37,6% dos votos.

O partido conservador e nacionalista foi fundado pelo bilionário Bidzina Ivanishvili - que fez grande parte de sua fortuna com negócios na Rússia e prometeu banir todos os partidos de oposição, além de ter adotado leis semelhantes às usadas pelo Kremlin para reprimir críticos e direitos LGBTQ+.

A presidente da Geórgia, Salome Zourabichvili, que é da oposição (e tem uma função cerimonial, uma vez que o chefe de governo é o primeiro-ministro, escolhido pelos parlamentares), afirma que a votação foi manipulada com métodos "sofisticados" ligados à Rússia.

Zourabichvili disse à multidão em frente ao Parlamento que "é preciso traçar um quadro completo de como ocorreu esse roubo maciço e sistemático de votos" e pediu a realização de uma nova votação. Para ela, houve uma "operação sem precedentes e pré-planejada" - sem apresentar provas.

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Visita de Viktor Orbán

Entre os que reconhecem a legitimidade das eleições na Geórgia está o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán. O presidente rotativo da União Europeia (UE) - e próximo ao Kremlin - chegou a Tbilisi na noite desta segunda, em meio aos protestos, para uma visita de dois dias.

Orbán, que manteve laços com Moscou apesar da invasão à Ucrânia em 2022, tuitou uma mensagem de apoio ao governo georgiano em sua chegada.

"A Geórgia é um estado conservador, cristão e pró-Europa. Em vez de sermões inúteis, eles precisam de nosso apoio em seu caminho europeu", escreveu no X.

O chefe da política externa da UE, Josep Borrell, declarou que o líder húngaro, nessa visita, "não representa" o bloco.

Reações internacionais

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Ministros de 13 países da União Europeia criticaram a "visita prematura" de Orbán e condenaram a "violação das normas internacionais" nas eleições legislativas na Geórgia, com base na conclusão dos observadores.

"Os observadores internacionais relataram violações durante a campanha eleitoral, bem como no dia da eleição", disseram os ministros das relações exteriores e europeias de países como Alemanha, França, Polônia e Holanda, em declaração conjunta divulgada nesta segunda.

"Condenamos todas as violações das normas internacionais para eleições livres e justas."

Os ministros afirmaram que compartilham as preocupações dos observadores e "exigem uma investigação imparcial das reclamações e a remediação das violações constatadas".

A Geórgia teve uma onda de manifestações em maio contra uma lei sobre "soberania nacional", que, segundo os críticos, se assemelhava à legislação russa usada para silenciar os críticos do Kremlin.

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Os Estados Unidos impuseram sanções às autoridades georgianas após os protestos, enquanto Bruxelas suspendeu o processo de adesão de Tbilisi à União Europeia.

sf (AFP, Reuters, AP)

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