Militância do PT segue à risca estratégia do partido

Petistas rechaçam substituir o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso na Lava Jato, nas eleições 2018

15 jul 2018 - 05h12
(atualizado às 11h05)

Mesmo preso na sede da Polícia Federal em Curitiba desde o dia 7 de abril, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda controla a militância petista e mantém interditado o debate interno sobre o futuro da sigla sem o seu nome na urna eletrônica durante as eleições 2018.

A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, e o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad.
A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, e o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad.
Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação / Estadão Conteúdo

Formada por um mosaico de correntes internas que costumam travar disputas fratricidas, a base orgânica petista, desta vez, sucumbiu às determinações da cúpula.

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No terceiro debate promovido pelo Estado com militantes de base dos partidos que estão na disputa presidencial - os primeiros encontros foram com apoiadores de Jair Bolsonaro (PSL) e Geraldo Alckmin (PSDB) - os petistas se mostram indiferentes às evidências de que o ex-presidente não poderá disputar novamente o Planalto.

Às vésperas do início das convenções que definirão os candidatos, os representantes das tendências Construindo um novo Brasil, que representa o campo majoritário, Novo Rumo, Muda PT e O Trabalho, além de lideranças de zonais e do presidente municipal da sigla, Paulo Fiorilo, querem que o PT mantenha a hegemonia na esquerda e não poupam críticas aos demais candidatos desse campo.

Eles rechaçam a ideia de substituir Lula pelo ex-prefeito Fernando Haddad na chapa presidencial, criticam o ex-ministro Ciro Gomes, pré-candidato do PDT, e o PSOL, partido que lançou Guilherme Boulos ao Planalto.

Os petistas também não fazem autocrítica sobre os erros cometidos pela legenda no poder, que culminaram no impeachment de Dilma Rousseff, em derrotas nas eleições municipais de 2016 e a na prisão de Lula e outros quadros históricos. "Não acho que o PT errou. Ele fez o que podia dadas as contradições de estar no poder dentro de um Estado capitalista", disse a estudante de filosofia da USP Gabriela Almacedo, diretora municipal da Juventude do PT e integrante da corrente CNB.

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Embora a Lei da Ficha Limpa determine inelegibilidade por oito anos a políticos condenados por órgão colegiado, militantes como Renata Scaquetti, secretária sindical do PT-SP, consideram "uma aberração jurídica o TSE vetar essa candidatura". Em março, o Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4) rejeitou os embargos de declaração do ex-presidente no caso do triplex do Guarujá (SP). Com a decisão, Lula está potencialmente impedido de concorrer na eleição.

Ciro 

O tema Ciro Gomes mostra o grau de animosidade dos petistas com o presidenciável do PDT. Há consenso de que o caminho de Ciro não vai se cruzar com o PT, pelo menos no primeiro turno. Na avaliação de Bárbara Corrales, da corrente Trabalho, o pré-candidato do PDT "está indicando para onde quer se construir". "Ele está conversando com a direita."

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