O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), intimou neste sábado, 5, o candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal, a prestar esclarecimentos, dentro de 24 horas, sobre uso da rede social X, que está bloqueada no Brasil. De acordo com o ministro, Marçal utilizou a ferramenta para publicar, entre outros conteúdos, o laudo médico falso para tentar associar o adversário Guilherme Boulos (PSOL) ao uso de drogas.
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Segundo a coluna da jornalista Daniela Lima, da Globo, Moraes vê indícios de abuso de poder econômico e de uso indevido dos meios de comunicação na ação de Marçal.
"Ressalta-se que o uso sistemático deste perfil na data de hoje, bem como nos dias anteriores, se amolda à hipótese de monitoramento de casos extremados, em que usuários utilizam subterfúgios para acessar e publicar na plataforma X, de forma sistemática e indevida, com a finalidade de propagar desinformação em relação as eleições de 2024, com discurso de ódio e antidemocráticos, conforme manifestação da Procuradoria-Geral da República", pontua o ministro em sua decisão.
Laudo médico falso
Marçal divulgou nas redes sociais a imagem de um suposto laudo médico afirmando que Guilherme Boulos teria dado entrada em uma clínica em surto psicótico e teria testado positivo para cocaína no sangue. A assinatura do laudo é do médico José Roberto de Souza, que já morreu, mas segundo uma ex-funcionária e a filha dele, a assinatura é falsa.
Em entrevista à TV Globo neste sábado, 5, a oftalmologista Aline Garcia Souza contou que o pai atendia apenas na região de Campinas (SP) e sua especialidade era hematologia. Ele nunca trabalhou na capital paulista, e nunca emitiria um laudo psiquiátrico, como o que foi divulgado por Marçal.
Na data que aparece no documento publicado por Marçal, José Roberto de Souza estava debilitado, não atendia mais pacientes e estava em Campinas, segundo a filha. O pai dela morreu em 2022 após lutar contra uma doença rara. Outro filho do médico disse que nesta época, ele ficou "completamente recluso".
Aline mostrou, inclusive, que tem uma tatuagem com a assinatura verdadeira do pai, que fez após a morte dele. A assinatura é diferente da que aparece no documento publicado nas redes de Marçal.
O post de Pablo Marçal foi retirado do ar após uma ordem judicial. Ao Terra, o TRE-SP disse que o juiz da 2ª Zona Eleitoral, Rodrigo Marzola Colombini, concedeu liminar determinando a pronta exclusão de vídeos publicados nas plataformas Instagram, TikTok e Youtube fazendo referência a um documento falso, divulgado pelo candidato Pablo Marçal. O documento em questão relata um suposto atendimento médico, que teria ocorrido em janeiro de 2021, indicando o uso de cocaína pelo candidato Guilherme Boulos.