O ex-juiz Sergio Moro (Podemos) afirmou que os demais pré-candidatos à Presidência estão "abraçados com a impunidade" ao afirmar que sua pré-candidatura é a única que faz críticas às anulações de condenações da Lava Jato pelo Supremo Tribunal Federal (STF). "Eu tenho sido a única voz crítica à anulação entre os outros candidatos, eles estão abraçados com a impunidade e esse modelo de corrupção", disse em entrevista à rádio Jovem Pan nesta terça-feira, 18.
Em abril de 2021, o STF declarou a parcialidade do ex-juiz ao condenar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na ação do triplex do Guarujá. Responsável por essa e outras condenações no âmbito da operação Lava Jato, o pré-candidato do Podemos voltou a defender a sua atuação como juiz e disse ser o único que defende a agenda anticorrupção na corrida presidencial.
"A gente precisa resgatar aquele espírito da Lava Jato que no fundo é a construção de um país mais justo, que ninguém está acima da lei. Esse discurso é o meu discurso. Nenhum outro desses pré-candidatos tem esse discurso porque eles não têm a credibilidade para oferecer isso", afirmou.
Moro afirmou, ainda, que considera as decisões do Supremo um "erro judiciário", e reforçou que a Corte não decretou a inocência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Sobre a composição do STF, Moro disse que, se eleito, vai indicar magistrados de carreira para as duas vagas que serão abertas no próximo mandato, por ser possível ver o "histórico da pessoa como juiz". "Quero um firme compromisso com a legalidade, um juiz que tenha aquela visão de que existe o império da lei e que o império da lei é importante para democracia", disse. "Que sejam juízes que respeitem os direitos humanos, os direitos fundamentais, mas que tenham um firme compromisso com o combate à corrupção e àquilo que está errado no nosso país."
Em 2019, quando ainda era ministro da Justiça e Segurança Pública, o nome de Moro foi levantado pelo presidente Jair Bolsonaro como favorito a assumir uma vaga na Corte. "Uma pessoa da qualificação do Moro se realizaria dentro do STF", afirmou Bolsonaro na ocasião, reforçando que Moro seria um "grande aliado da sociedade brasileira dentro do STF."
Economia
Na entrevista, Moro atribuiu o aumento dos preços dos combustíveis a uma "má política econômica" do governo federal. "Não faço uma crítica pessoal a ninguém. é uma constatação objetiva, o governo falhou na política econômica", afirmou. O pré-candidato também acredita que "não se pode submeter a economia à política partidária". "Que é o que está fazendo o governo atual quando transfere poderes do ministro da Economia para o ministro da Casa Civil", concluiu. Para o ex-juiz, o primeiro passo de um governo responsável deve ser o controle da inflação e a redução dos juros.
Centrão
Em sua conta pessoal no Twitter, Moro comentou reportagem do Estadão que mostra que o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, emplacou o economista e ex-petista José Gomes da Costa como presidente interino do Banco do Nordeste (BNB). O ex-juiz acusou o centrão de "dar as cartas no governo Bolsonaro, como deu nos governos do PT". "Ajustam-se os interesses, o discurso e pronto. Sem liderança e projeto, o país permanece refém de interesses pessoais ou partidários. Ou mudamos isso ou não há governo que funcione", escreveu.