Na TV, líderes em pesquisa de SP adotam táticas opostas

Celso Russumano aposta em alinhamento com Bolsonaro, enquanto Covas se foca em temas municipais

6 out 2020 - 12h08
(atualizado às 12h13)

Os dois primeiros colocados na corrida para a Prefeitura de São Paulo vão adotar estratégias opostas no início do horário eleitoral gratuito de rádio e TV, na sexta-feira. Enquanto Celso Russomanno (Republicanos) vai exaltar a amizade e o alinhamento político com o presidente Jair Bolsonaro, Bruno Covas (PSDB) deve focar em temas municipais para evitar a nacionalização dos debates.

Celso Russomano é candidato a prefeito em São Paulo
Celso Russomano é candidato a prefeito em São Paulo
Foto: Tiago Queiroz / Estadão Conteúdo

Com 26% das intenções de voto na mais recente pesquisa Ibope/Estadão/TV Globo, Russomanno deve explorar o mote "Com Bolsonaro apoiando, São Paulo sai ganhando". Os dois ainda não gravaram juntos, segundo o publicitário Elsinho Mouco, mas a campanha já tem registros de encontros do deputado com o presidente, como o ocorrido na segunda-feira, 5. A decisão de quando usar as imagens será avaliada em pesquisas qualitativas.

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Além da ligação com Bolsonaro, o deputado deve explorar, nos programas de rádio e TV, o antipetismo e a rejeição do eleitorado ao governador João Doria (PSDB). Pesquisa Ibope mostrou que 36% dos paulistanos não votariam de jeito nenhum em um candidato do PT e que 42% consideram a gestão de Doria ruim ou péssima. A avaliação de Bolsonaro entre os paulistanos é ainda pior: 48% desaprovam a gestão, o que pode ser um desafio para a tática de alinhamento com o governo.

Segundo Mouco, o petismo não é representado só pelo candidato do partido, Jilmar Tatto, mas também pelo postulante do PSOL, Guilherme Boulos. "O 'new-petista' hoje se chama Boulos. Ele é o candidato do Lula, assim como Bruno é o candidato de Doria. Com Bolsonaro apoiando a campanha, a ideia é mostrar o benefício do alinhamento de São Paulo com o governo federal", disse o marqueteiro, que já trabalhou para o ex-presidente Michel Temer.

Covas, que aparece com 21% das intenções de voto, deve levar para os primeiros programas o slogan "Foco, força e fé". Na estreia, o tucano deve apresentar sua biografia e aparecer ao lado do avô, o ex-governador Mário Covas. Sua equipe quer colar a imagem de "tocador de obras" por meio de imagens de inaugurações. A previsão de gastos para obras e compras de equipamentos neste ano (R$ 10,6 bilhões) foi 30% maior do que a média dos três anos anteriores (R$ 8,1 bilhões).

Embora evite nacionalizar a propaganda, Covas pretende mostrar que sua candidatura tem apoio da ex-senadora Marta Suplicy, que defende uma frente anti-Bolsonaro e vai aparecer nos programas de TV mais para a frente. Já a imagem de Doria será usada com moderação, para reforçar o bom trânsito do prefeito com o governo do Estado.

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Com 17 segundos do horário eleitoral e duas inserções de 30 segundos por dia, o marqueteiro Chico Malfitani, responsável pela campanha de Boulos, deve se concentrar em mostrar os vínculos entre o candidato e a vice, Luiza Erundina, prefeita entre 1989 e 1992. "O que a gente quer mostrar é a juventude e o vigor do Boulos junto com a experiência da Erundina", disse Malfitani, responsável pela campanha da ex-prefeita em 1998. Com pouco tempo na TV, a campanha de Boulos aposta nas redes sociais, nas quais o candidato tem forte presença.

Recall

O programa de estreia de Márcio França (PSB), com 7% das intenções de votos, busca reforçar o recall da eleição para o governo paulista de 2018, quando o pessebista venceu João Doria (PSDB) na capital. O carro-chefe das propostas será um plano de ajuda econômica. "A Prefeitura não é um banco para emprestar dinheiro para as pessoas, mas ela vai assumir esse papel", afirmou o marqueteiro Raul Cruz Lima.

Com nove inserções diárias, Joice Hasselmann (PSL) divulgou um programa que foi apresentado como se fosse a estreia na TV, mas a informação não foi confirmada por sua equipe. O vídeo mostra a personagem Miss Piggy dançando ao som do jingle "Tem jeito, tem Joice", com outros personagens da série Muppets. Em meio a outras referências ao universo pop, ela diz que foi "perseguida" pela esquerda e que "blindou o governo" quando era líder do Planalto na Câmara, até outubro de 2019.

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