Os dois candidatos à Prefeitura de São Paulo tiveram que se explicar sobre temas polêmicos das suas campanhas durante participação no programa Roda Viva, da TV Cultura, na noite desta segunda-feira, 23.
Candidato à reeleição, Bruno Covas (PSDB) foi cobrado pela promessa de criar uma "Lava Jato municipal", incorporada pelo tucano após apoio da candidata Joice Hasselmann (PSL), e pelo suposto envolvimento do seu vice, Ricardo Nunes (MDB), com irregularidades em creches conveniadas. O candidato do PSOL, Guilherme Boulos, foi questionado sobre a declaração que deu ao Estadão, de que era preciso contratar mais funcionários públicos para equilibrar a Previdência municipal, e sobre como vai manter a governabilidade.
Ao responder a respeito da "Lava Jato municipal", Covas disse que ainda está estudando formas de criar uma estrutura autônoma, mas que não concorra com os órgãos investigativos já existentes, como a Controladoria Geral do Município São Paulo (CGM), o Tribunal de Contas do Município de São Paulo e a própria Câmara Municipal.
"Meu compromisso é com tudo transparente. Por isso a gente não disse qual vai ser a estrutura, de que forma vai ser organizada. Estamos levantando juridicamente como é possível realizar isso", afirmou o prefeito.
Boulos voltou a comentar sua declaração, feita em sabatina ao Estadão, de que a contratação de servidores por meio de concurso público poderia ajudar a reduzir o rombo da Previdência municipal. Ele disse que se "expressou mal" na ocasião e que a frase foi tirada de contexto. Apesar disso, o prefeito disse que esse argumento não pode ser usado para justificar a falta de novos concursos públicos. "Se você entende previdência como direito, isso é parte do custo", declarou
Sobre possíveis dificuldades em se governar sem maioria na Câmara Municipal, caso eleito, Boulos disse que pretende construir uma relação "institucional" e de "diálogo" com o Legislativo. "O que eu não topo é toma lá dá cá", afirmou o candidato, que propôs uma escolha de subprefeitos a partir de sugestões de lideranças locais de cada bairro.
Durante o programa, Boulos ainda negou a pecha de radical. "Eu luto há 20 anos para que as pessoas tenham um teto, para que elas tenham dignidade básica para poder viver. Isso é radicalismo?"
Vice
Questionado se Ricardo Nunes é o vice de seus sonhos, Covas disse que preferia uma mulher para compor a chapa. "Mas também tive que escolher um vice que representasse a frente que nós montamos no primeiro turno e aí acabei escolhendo o nome do Ricardo Nunes", justificou o prefeito, que ainda negou a ausência do vereador em sua campanha e defendeu que ele tem feito agenda na região sul da cidade.
O tucano precisou responder a outras polêmicas envolvendo o vice. A respeito da acusação de violência doméstica, ameaça e injúria pela esposa, em 2011, Covas respondeu que foi um "desentendimento" e não há nenhuma denúncia de "agressão" envolvendo o vereador. Conforme reportagem do jornal Folha de S.Paulo, Regina Carnovale registrou um boletim de ocorrência contra Nunes em 18 de fevereiro de 2011, acusando o vereador de violência doméstica, ameaça e injúria. O vice de Covas também chegou a registrar queixa contra a esposa por lesão corporal menos de um mês depois. Eles continuam casados até hoje.
O suposto envolvimento do vice em irregularidades em contratos com creches conveniadas da prefeitura também causou desconforto ao prefeito, que reforçou não haver nenhum processo judicial sobre beneficiamento envolvendo o vereador.
Racismo
Os dois candidatos à Prefeitura de São Paulo foram cobrados por ações de combate ao racismo em uma eventual gestão. Covas disse que já está estudando possibilidade de cassar alvarás de empresas que cometam a prática de racismo em São Paulo. O candidato do PSOL, Guilherme Boulos, prometeu recriar a secretaria de Igualdade Racial e dar protagonismo a pessoas negras no secretariado e em cargos importantes da Prefeitura.