A decisão da ministra Rosa Weber, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), de negar a antecipação da inelegibilidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforça a estratégia da direção nacional do PT de registrar a candidatura do petista no dia 15 de agosto, fim do prazo legal para apresentação de candidaturas, e insistir até o último momento no nome do ex-presidente.
“Nossa briga começa no dia 15 de agosto. E vamos brigar”, disse o ex-ministro da Justiça Eugenio Aragão, um dos integrantes da defesa de Lula no TSE.
Segundo ele, a decisão de Rosa Weber já era esperada tanto pelo mérito do pedido quanto pelo autor, o Movimento Brasil Livre (MBL). “Aquele pedido era sem pé nem cabeça porque impugnação só acontece depois do registro. E tem que ser feito por quem tem legitimidade para fazê-lo, partidos políticos, candidatos e o Ministério Público. O MBL não é nada disso”, completou Aragão.
Do ponto de vista político, a decisão do TSE fortalece a cúpula petista liderada perla presidente do partido, Gleisi Hoffmann, que sempre defenderam a estratégia de levar a candidatura de Lula até o limite da Justiça Eleitoral e, só então, caso o ex-presidente seja impugnado, escolher um substituto.
A argumentação deste grupo é que tanto a impugnação de Lula quanto a escolha do substituto vão causar comoção popular e forte repercussão midiática capazes de impulsionar uma transferência de votos suficiente para levar o candidato petista ao segundo turno.
O grupo que defendia a indicação de um plano “B” o quanto antes, temendo não haver tempo para a transferência de votos, sai enfraquecido. Nas últimas semanas, alguns petistas desse grupo chegaram a dizer em conversas reservadas que torciam por uma decisão contrária a Lula no TSE.
Lula está preso desde o dia 7 de abril na sede da Polícia Federal em Curitiba. O ex-presidente foi condenado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) a 12 anos e um mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá, desvendado pela Lava Jato. A Lei da Ficha Limpa proíbe que pessoas condenadas por órgãos colegiados, como é o caso do TRF-4, sejam candidatas a cargos eletivos.
Os nomes favoritos para substituir Lula na disputa presidencial são os do ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, e o ex-ministro Jaques Wagner.