O vídeo do presidente Jair Bolsonaro (PL) chamando de "bandido" e "criminoso" o aliado Roberto Jefferson (PTB) — que atacou policiais federais a tiros de fuzil e granadas — fez apoiadores mudarem o tom do discurso dentro de poucas horas.
Sergio Moro (União Brasil-PR)
O senador eleito foi um dos que recalcularam a rota após o vídeo de Bolsonaro. Às 17h18, Moro classificou como "sem noção" o ataque, sem, no entanto, condenar efetivamente os 20 tiros de fuzil e duas granadas lançadas pelo ex-deputado contra os policiais.
Após o último posicionamento de Bolsonaro, o ex-juiz usou outras palavras para falar do petebista. Em tuíte às 19h43, classificou o ato como "gravíssimo e injustificável", além de chamar Jefferson de "criminoso".
Otoni de Paula (MDB-RJ)
A princípio, o deputado federal publicou um vídeo dizendo que a ação da PF contra o ex-deputado era uma "covardia" e que já havia entrado em contato com a assessoria de Bolsonaro para se informar sobre quais seriam as medidas tomdas.
Segundo o parlamentar, Bolsonaro teria determinado o envio das Forças Armadas para "proteger o nosso Roberto Jefferson", a quem chamou também de "patriota". Otoni ainda ressaltou que suposta ação do presidente evitaria a criação de uma "narrativa de que o presidente Bolsonaro deixou o Roberto Jefferson, um soldado patriota, morrer sozinho".
No entanto, após Bolsonaro descartar o ex-deputado, Otoni de Paula não gravou um novo vídeo, mas compartilhou em sua página no Facebook um trecho da entrevista de Bolsonaro antes do debate na TV Record com a frase "essa é a verdade".
Rodrigo Constantino
A partir das 13h05, o comentarista fez uma série de tuítes criticando a PF por cumprir a ordem judicial expedida pelo STF (Supremo Tribunal Federal), além de chamar os agentes em serviço de "espécie de Gestapo", em referência à polícia secreta da Alemanha nazista.
Em tuíte subsequente, Constantino confunde o motivo da revogação da prisão domiciliar de Jefferson ao questionar se há previsão na Constituição de prisão em flagrande por xingamentos contra ministros. Na verdade, o ex-parlamentar descumpriu condições de sua prisão domiciliar, como não usar redes sociais e não ter armas em casa. Ele está preso preventivamente desde agosto de 2021, no âmbito do inquérito das milícias digitais.
Às 19h17, após posicionamento de Bolsonaro, Constantino compartilhou o tuíte do presidente e escreveu "assunto encerrado".
Me atualizei
Outros bolsonaristas como Bárbara Destefani, do canal TeAtualizei, e Paulo Figueiredo concordaram com a gravidade da atitude de Jefferson, mas se posicionaram contrários à atuação da Polícia Federal e ao cumprimento da ordem expedida pelo STF.