A relação entre Daniel Ortega, presidente da Nicarágua, e a hierarquia da igreja católica do país passa por um momento de tensão. Há cerca de um mês, o bispo Rolando Álvarez, crítico ao governo, está em prisão domiciliar, após ser acusado de organizar "grupos violentos, incitando-os a realizar atos de ódio contra a população, causando um clima de ansiedade e desordem, perturbando a paz e a harmonia da comunidade, com o objetivo de desestabilizar o Estado da Nicarágua e atacar as autoridades constitucionais". O religioso nega as acusações.
Álvarez é conhecido no país por denunciar violações de direitos humanos por parte do governo, que na atual gestão é acusado de adotar uma postura autoritária. O também bispo Sílvio Báez se exilou em Miami, em 2019, após receber ameaças de morte.
No debate desta noite, o candidato à presidência da República Jair Bolsonaro (PL) trouxe o tema à tona, em uma dobradinha com o Padre Kelmon, candidato pelo PTB.
Bolsonaro falou sobre a perseguição de religiosos na Nicarágua, e associou o candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a uma amizade íntima com Daniel Ortega.
Kelmon complementou dizendo que a perseguição se acirrou nas últimas semanas e que a esquerda brasileira não se manifesta sobre o tema.
"Corremos os mesmos riscos que corre o povo da Nicarágua, com perseguição ferrenha aos cristãos. O ditador da Nicarágua é amigo do grupo do Foro de São Paulo", disse Kelmon. "Essa é uma situação que não queremos no Brasil. Vamos ficar atentos", complementou.