O que esperar da pesquisa Ipec? Especialistas veem 'fim do prazo' para estratégias mostrarem efeito

Nova rodada da pesquisa para presidente deve dar última demonstração se o Auxílio Brasil a R$ 600, de Bolsonaro, e o 'voto útil', de Lula, foram efetivos

26 set 2022 - 14h16

A menos de uma semana do primeiro turno, o tempo está se esgotando para que as estratégias das campanhas de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) mostrem efeito na preferência do eleitorado. Segundo especialistas consultados pelo Estadão, a nova rodada da pesquisa Ipec para presidente, a ser divulgada no início da noite desta segunda-feira, 26, deve responder se o candidato petista teve êxito em sua campanha pelo "voto útil", enquanto o chefe do Executivo terá uma última demonstração da eficácia - ou não - das medidas eleitoreiras das quais lançou mão, como o Auxílio Brasil a R$ 600 e a bolsa caminhoneiro.

Lula bolsonaro ciro simone
Lula bolsonaro ciro simone
Foto: Ricardo Stuckert, Clauber Caetano/PR, Reprodução Facebook / Estadão

Segundo o cientista político Rodrigo Prando, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, a análise do desempenho de Bolsonaro requer um olhar atento ao recorte do eleitorado com renda de até 2 salários mínimos mensais. A pontuação do presidente nessa parcela da população indicará se o Auxílio Brasil rendeu pontos ao candidato à reeleição. Ele avalia, ainda, que o chefe do Executivo saberá hoje se os benefícios concedidos pelo governo foram capazes de diminuir sua rejeição.

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A última rodada do levantamento, divulgada na semana passada, mostrou queda de 4 pontos do presidente Bolsonaro entre quem recebe até um salário mínimo por mês, e oscilação de um ponto para baixo entre quem ganha entre um e dois salários. Lula lidera em ambos os segmentos com 58% e 51% da preferência, respectivamente, enquanto Bolsonaro tem 20% e 27%.

"Até o momento, todas as ações que o presidente Bolsonaro tomou não foram suficientes para diminuir sua rejeição, nem para melhorar sua expectativa de votos", afirma o especialista. "Considero importante avaliar sua rejeição, visto que ele tem, hoje, um cenário de deflação, melhoria dos índices de desemprego, deu subsídios para taxistas e caminhoneiros, diminuição do valor dos combustíveis, entre outros". Colocados esses pontos, Prando considera importante notar se a avaliação do governo melhorou ou piorou.

Pesquisas desta semana indicarão se estratégias dos presidenciáveis surtiram efeito, avaliam especialistas. Foto: Dida Sampaio e Sérgio Castro/Estadão

Quanto a Lula, o cientista político afirma que a pesquisa desta segunda-feira pode apontar se a desidratação das candidaturas de Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) é efeito da campanha pelo "voto útil" e se rende pontos ao petista. "Tem que avaliar se esses votos que porventura tenham saído de Ciro e Tebet foram direcionados ao Lula", diz.

À exceção desses pontos, a sondagem deve confirmar uma tendência que até o momento não foi alterada, afirma Prando, com Lula em primeiro lugar e Bolsonaro em segundo. Segundo ele, o cenário deve se manter estável, a não ser que ocorra algo "extraordinário" nesta semana. O cientista político também recomenda se atentar ao resultado dos presidenciáveis nos maiores colégios eleitorais do País, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, pois eles indicam tendências de vitória.

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Marco Antônio Carvalho Teixeira, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), avalia que o levantamento deve trazer, mais uma vez, uma oscilação de Lula dentro da margem de erro. "A Ipec muito provavelmente vai trazer uma tendência ainda de crescimento do Lula dentro da margem de erro; mas é aquela velha história: de margem de erro em margem de erro, Lula vai chegando aos 50% dos votos válidos nas pesquisas".

Teixeira afirma que a campanha pelo "voto útil", que ganhou corpo na semana passada com o apoio de artistas e intelectuais, começa a ser sentida nas pesquisas desta semana. "Hoje à noite nós saberemos se a pesquisa Ipec já capta alguma mudança pelo 'voto útil' ou se ele não teve efeito nenhum", afirma. "Esse crescimento (de Lula) de 1%, 2% semana a semana acaba deixando muito em aberto a possibilidade de a eleição terminar em primeiro turno", completa.

A Ipec da semana passada mostrou 47% para Lula e 31% para Bolsonaro, com margem de erro estimada em 2 pontos porcentuais, para mais ou para menos.

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