O atual presidente da República e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), minimizou sua relação com o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) e afirmou não ter registro 'recente' com o aliado. Em entrevista nesta segunda-feira, 24, Bolsonaro questionou: "O que eu tenho a ver com o Roberto Jefferson dar tiro nos outros?".
Jefferson foi indiciado por tentativa de homicídio ao atirar contra policiais federais que cumpriam mandado de prisão contra ele em sua casa, em Comendador Levy Gasparian (RJ), no último domingo, 23. Além dos disparos com um fuzil, o ex-deputado também lançou granadas contra as equipes. Dois policiais ficaram feridos. Após oito horas de cerco, ele se entregou e foi preso.
Em entrevista ao Metrópoles, Bolsonaro se posicionou em relação aos ataques do aliado contra os agentes da PF. "Para mim, quem atira em policial, o tratamento dispensado tem que ser de bandido".
"O Roberto Jefferson, no meu entender, tinha tudo para continuar sua batalha por liberdade, agora quando ele atira em direção aos policiais, lança uma granada - que seja granada de efeito moral - ele perdeu completamente a razão e vai responder agora por tentativa de homicídio. Lamento, mas não posso concordar com isso", afirmou Bolsonaro.
O presidente comentou, então, sobre a relação dele com o ex-deputado, minimizando a relação com Roberto Jefferson e apontando não tem registros recentes com o aliado. "Veio um repórter falar comigo, que perguntou se ele era colaborador da minha campanha, falei 'não tenho nenhuma foto com ele enquanto colaborador' ".
"Daí pintou dizendo que eu não tinha foto com ele, um absurdo, eu já fui do partido do Roberto Jefferson lá atrás, tem foto minha de montão com ele por aí". Bolsonaro integrou o partido de Roberto Jefferson, o PTB, entre 2003 e 2005, período em que Jeffersou foi eleito presidente nacional do partido.
Distanciamento
O atual Chefe do Executivo, então, passou a criticar supostas ligações entre ele e Roberto Jefferson. "O que eu tenho a ver com a vida do Roberto Jefferson? E mais, 'ele é amigo do Bolsonaro'. Amigo? Que no dia 16 de setembro entrou com uma queixa crime contra mim. Que amigo é esse?".
A queixa-crime mencionada por Bolsonaro foi comentada em matéria do Intercept Brasil. O jornal afirmou que, segundo fontes, Jefferson apresentou, no dia 16 de setembro, uma queixa-crime à Justiça militar contra Bolsonaro e o ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, acusando-os de prevaricação por não terem obrigado o Senado a apreciar o impeachment do ministro Alexandre de Moraes e por não intervirem no STF para impedir a continuidade do inquérito das fake news.
"É uma prova que eu nem dei bola pra isso, não trato desse assunto, e ele resolveu entrar com uma notícia contra a minha pessoa e contra o Ministro da Defesa, essa pessoa é minha amiga? O que eu tenho que ver com as ações dela?", voltou a questionar Bolsonaro na entrevista.
"Se qualquer pessoa aí comete um crime agora, e vai que ela tem no seu perfil uma fotografia minha, é o suficiente para o pessoal falar que eu to divulgando ódio, não tem do que me acusar. O que eu tenho a ver com o Roberto Jefferson dar tiro nos outros?", criticou o candidato à reeleição.
Aliança
Questionado sobre a aliança com Jefferson e a 'tabelinha' em debates com o candidato à Presidência da República, Padre Kelmon, Bolsonaro afirmou que o ex-deputado e presidente do PTB teve seu próprio postulante ao cargo.
Bolsonaro também minimizou o apoio de Padre Kelmon durante os debates do primeiro turno, alegando que não conhecia o candidato até o dia do programa. Kelmon defendeu o atual presidente durante o debate, afirmando que Bolsonaro estava 'sofrendo um massacre', e criticou governos petistas.
"Eu fiquei sabendo do padre naquele dia, quando faltou o Lula, ou melhor, quando faltou um candidato ali, ele entrou naquela vaga ali. Eu nunca conversei com o Roberto Jefferson sobre eleições", afirmou Bolsonaro. Em seguida, ele diminui o suposto apoio de Kelmon durante o programa. "O Padre ali teve uma posição não da minha defesa, mas uma posição de defesa dos valores, da família, da liberdade, essa que foi a posição dele".