A operação da Polícia Federal (PF) contra empresários que defenderam um golpe de Estado em grupo de WhatsApp irritou Jair Bolsonaro (PL), segundo interlocutores do Palácio do Planalto. A informação é da jornalista Andreia Sadi, da TV Globo.
Um dos interlocutores definiu como "provocação" o fato de Luciano Hang, dono da Havan, ser um dos alvos. Hang já frequentou atos políticos ao lado de Jair Bolsonaro e chegou a ser convocado para a CPI da Covid por um suposto apoio ao kit anticovid, defendido pelo chefe do Executivo e sem comprovação de eficácia médica.
Outro ponto que causou irritação no Planalto foi a data da operação, que ocorre no mesmo dia em que Alexandre de Moraes - que ordenou a ação da PF - terá um encontro com o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira.
O assunto da reunião entre Alexandre e Nogueira será as eleições e, por isso, a cúpula da campanha de Bolsonaro esperava que o evento amenizasse os impactos negativos na imagem do presidente, que insiste em questionar a segurança das urnas eletrônicas.
Para alguns integrantes da campanha, esse discurso não tem contribuído para favorecer a reeleição de Bolsonaro.
Entenda
A coluna de Guilherme Amado, do Metrópoles, teve acesso ao conteúdo do grupo que mostra trocas de mensagens como a do dia 31 de julho. Na ocasião, o empresário José Koury defendeu explicitamente uma ruptura na democracia do País. "Prefiro golpe do que a volta do PT. Um milhão de vezes. E com certeza ninguém vai deixar de fazer negócios com o Brasil. Como fazem com várias ditaduras pelo mundo”, afirmou, deixando implícito que não se importaria que o Brasil virasse uma ditadura novamente.
A mensagem recebeu apoio de parte dos integrantes do grupo, como o de Morongo, como é conhecido o dono da rede de lojas de surfe Mormaii. “Golpe foi soltar o presidiário! Golpe é o ‘supremo’ agir fora da constituição! Golpe é a velha mídia só falar m...”.
Morongo também citou os atos marcados para o 7 de Setembro. "Está sendo programado para unir o povo e o Exército e ao mesmo tempo deixar claro de que lado o Exército está. Estratégia top e o palco será o Rio. A cidade ícone brasileira no exterior. Vai deixar muito claro”, escreveu.
Ainda no mesmo dia, André Tissot, do Grupo Sierra, endossou a opinião sobre o golpe e disse que a ruptura já deveria ter ocorrido antes: “O golpe teria que ter acontecido nos primeiros dias de governo. [Em] 2019 teríamos ganhado outros 10 anos a mais”.
Pedido de investigação
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) disse ter acionado o Supremo Tribunal Federal (STF) para quebrar o sigilo de um grupo de WhatsApp com empresários bolsonaristas que teriam defendido, na troca de mensagens, um golpe de estado para manter o presidente Jair Bolsonaro no Planalto. O parlamentar defende que os autores das mensagens sejam presos "se necessário".
"A democracia não pode tolerar a convivência com quem quer sabotá-la", argumentou.
* Com informações do Estadão Conteúdo