Operação contra Witzel ajuda pré-candidato bolsonarista

Deputado federal Otoni de Paula (PSC) quer aproveitar afastamento de governador para ser escolhido pelo partido como candidato à prefeitura

31 ago 2020 - 05h10
(atualizado às 07h26)

O deputado federal bolsonarista Otoni de Paula (PSC) quer aproveitar o afastamento do governador do Rio, Wilson Witzel, e a prisão do presidente da sigla, Pastor Everaldo, para ser escolhido pelo partido como candidato à prefeitura do Rio de Janeiro em convenção que será realizada nesta segunda-feira, 31. Até então, a juíza Glória Heloiza, que tinha o apoio de Witzel, era favorita dentro da sigla. A escolha será feita pela executiva municipal do partido.

Deputado pelo PSC, Otoni de Paula
Deputado pelo PSC, Otoni de Paula
Foto: Câmara dos Deputados / Divulgação

Otoni chegou a tentar o apoio do presidente Jair Bolsonaro para a disputa, mas a aproximação entre o clã presidencial e o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) esfriou esse movimento - Bolsonaro tem feito diversos acenos a Crivella. O senador Flávio e o vereador Carlos Bolsonaro, por exemplo, se filiaram à legenda do prefeito, que tem nesse vínculo recente com o bolsonarismo o principal trunfo para driblar a impopularidade e tentar a reeleição.

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Glória Heloíza, por sua vez, busca se desvencilhar dos caciques do partido e vê machismo nas tentativas de classificar Witzel e Everaldo como seus "padrinhos". Para ela, que prega o diálogo e quer concentrar a campanha na geração de emprego pós-covid, as acusações contra eles não podem influenciar a convenção da legenda. "Se eu estive com o governador três, quatro vezes, foi muito. Eu tenho DNA e CPF próprios."

A convenção ocorre na noite desta segunda, em um hotel no centro da capital fluminense. Mesmo com a operação da última sexta-feira, 28, o partido ligado à igreja Assembleia de Deus manteve o calendário eleitoral, tendo à frente do diretório nacional o então vice-presidente, Marcondes Gadelha.

Além de Witzel e Pastor Everaldo, o agora governador em exercício, Cláudio Castro, e o secretário da Casa Civil e ex-deputado André Moura também foram alvo da Polícia Federal (PF), mas passaram apenas por mandados de busca e apreensão.

Cláudio, inclusive, teve reuniões com as cúpulas de Saúde e da Segurança nos últimos dias. As áreas foram traçadas como prioritárias para o andamento do governo interino, que assume num momento em que também está em discussão a manutenção, ou não, do Estado no Regime de Recuperação Fiscal (RRF), socorro federal vigente desde 2017, que é essencial para as contas do Rio.

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Em nota, o PSC afirmou que confia na Justiça e no amplo direito de defesa de todos os cidadãos. "O Pastor Everaldo sempre esteve à disposição de todas as autoridades, assim como o governador Wilson Witzel", afirma o partido.

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