PC do B formaliza apoio a Haddad e amplia pressão para formar federação de esquerda

Partido fecha aliança com pré-candidato do PT ao governo do Estado; petista tenta atrair apoios ainda do PSB e PSOL, que querem respectivamente lançar França e Boulos em SP

3 mar 2022 - 16h26

O PC do B declarou formalmente, nesta quinta-feira, 3, apoio à pré-candidatura do ex-ministro da Educação Fernando Haddad (PT) ao governo de São Paulo e defendeu a formação de uma federação do campo da esquerda com o maior número de partidos possível. "Precisamos de empenho para evitar a dispersão", afirmou o presidente da sigla no Estado, Rovilson Britto, que defendeu a inclusão de PSOL, REDE e PV na aliança.

PT e PSB já negociam compor uma federação, mas esbarram em dificuldades de chegar a um denominador comum. Os pessebistas pretendem lançar Márcio França na disputa ao governo, e o PSOL, Guilherme Boulos.

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Haddad engrossou o coro em defesa da aliança durante a cerimônia, realizada na sede do PCdoB, na capital paulista, e propôs a meta de formar uma bancada progressista unificada com cerca de 200 deputados federais até 2030. "É mais importante crescer menos e junto do que crescer mais e sozinho", disse o petista.

O projeto, no entanto, esbarra em entraves político-partidários. A candidatura do ex-prefeito da capital ao Palácio dos Bandeirantes é peça fundamental da estratégia de Lula para retornar ao Planalto, pois garante palanque em um colégio eleitoral mais avesso aos petistas nas últimas eleições nacionais.

O PCdoB entende que Haddad é o nome eleitoralmente mais capaz de desbancar a hegemonia tucana no Estado e evitar a vitória do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, provável nome do governo federal para a corrida. Esta leitura, contudo, passa ao largo de projetos de outros partidos, como o PSOL, que vê a candidatura de Boulos como forma de sedimentar o espaço conquistado nas últimas eleições municipais, quando o líder do MTST chegou ao segundo turno e foi derrotado pelo então prefeito Bruno Covas.

Haddad, por sua vez, pregou respeito às decisões internas dos partidos que eventualmente não componham com o PT já em 2022 ou não o apoiem na disputa pelo governo do Estado. Ele vê o projeto de "federação progressista" como um esforço de longo prazo e considera a eventual aliança do PT com apenas um partido (PC do B) no pleito deste ano como satisfatória: "Daqui para junho, muitas decisões serão tomadas. Não podemos dizer que quem não aceitou a federação hoje não vai aceitar amanhã".

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Segundo ele, o apoio do PCdoB, firmado em uma reunião na manhã desta quinta-feira,3, não envolveu promessas de indicação de membros da sigla a secretarias ou ao posto de vice-governador. "Nossa discussão foi sobre plano de governo", disse ao Estadão. Ele admite que existe dentro do PT resistência à chamada frente ampla progressista, mas argumentou que a legenda irá se federar, sim, ainda para o pleito de 2022.

Ele também lembrou que a possibilidade de coligações majoritárias com siglas de fora de uma eventual federação não está descartada.

PT e PCdoB demonstraram alinhamento em relação à pauta econômica. Britto propôs a revogação das medidas que alteraram as leis trabalhistas desde o governo Temer. Haddad, por sua vez, atribuiu às medidas econômicas "neoliberais" a responsabilidade pelo declínio de indicadores socioeconômicos do Brasil e pela ascensão do bolsonarismo. "Ninguém me tira da cabeça que a extrema direita cresce em cima da pauta econômica, que vai impondo uma dramaticidade na vida das pessoas, que você só sustenta na base da violência"

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