Pesquisa mostra que 67,5% têm medo de sofrer agressão física por posição política no Brasil

"Os resultados apontam para um quadro preocupante, em especial às vésperas do primeiro turno das eleições de 2022", diz o levantamento

15 set 2022 - 15h57
(atualizado às 16h39)

Quase 70% da população brasileira tem medo de ser agredida fisicamente em razão de sua escolha política ou partidária, de acordo com pesquisa realizada pelo Datafolha sob encomenda do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e da Rede de Ação Política pela Sustentabilidade (RAPS) divulgada nesta quinta-feira, que ressalta o clima de tensão das eleições de outubro.

"Os resultados apontam para um quadro preocupante, em especial às vésperas do primeiro turno das eleições de 2022, e diante da escalada da violência política que tem atingido eleitores, candidatos e candidatas em várias regiões do país", disseram as duas instituições em comunicado sobre a pesquisa inédita, que foi realizada entre 3 e 13 de agosto.

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O agente penitenciário federal Jorge José da Rocha Guaranho matou a tiros o tesoureiro do PT, Marcelo Arruda, em junho.
O agente penitenciário federal Jorge José da Rocha Guaranho matou a tiros o tesoureiro do PT, Marcelo Arruda, em junho.
Foto: CartaCapital

De acordo com as instituições, 67,5% dos entrevistados disseram ter medo de sofrer agressão física em razão de sua escolha política, e 3,2% dos entrevistados afirmaram ter sofrido ameaças por motivos políticos nos 30 dias anteriores à sondagem, o que representaria um total de 5,3 milhões de pessoas se extrapolada a amostra da pesquisa para o todo da população.

Na semana passada, um apoiador do presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) matou um simpatizante do ex-presidente e candidato ao Planalto Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em Mato Grosso. Foi a segunda vez neste ano que um apoiador de Bolsonaro mata um simpatizante de Lula. Em julho, em Foz do Iguaçu, no Paraná, um guarda municipal e dirigente local do PT foi assassinado a tiros por um policial penal federal bolsonarista durante sua festa de aniversário de 50 anos, que tinha o ex-presidente como tema.

Vários outros incidentes de violência eleitoral têm sido registrados pelo país, incluindo uma tentativa de agressão ao candidato Ciro Gomes (PDT) por um apoiador de Bolsonaro. Na semana passada, um bolsonarista com um ferimento na cabeça disse ter sido agredido por militantes petistas que aguardavam a chegada de Lula a um evento com evangélicos em São Gonçalo, no Rio de Janeiro.

"O discurso de estímulo à agressividade política e institucional tem sido comum, chegando à violência letal, por parte de civis, em episódios recentes", destacaram as instituições.

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A pesquisa também apontou que 66,4% da população discorda da suposta segurança trazida pelo armamento da população civil -- uma das principais bandeiras de Bolsonaro, que facilitou o acesso a armas e munições para as pessoas por meio de uma série de decretos durante seu governo.

Em outra frente do levantamento, quase 90% dos entrevistados concordaram que o vencedor das eleições nas urnas deve ser empossado em 1º de janeiro de 2023, em meio às dúvidas levantadas por Bolsonaro sobre aceitar o resultado da eleição caso seja derrotado.

De acordo com as instituições, 89,3% concordam com a frase "O povo escolher seus líderes em eleições livres e transparentes é essencial para a democracia", e 88,5% concordam que "O povo ter voz ativa e participar nas principais decisões governamentais é essencial para a democracia".

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