PF se diz pronta para 'laranjas' e fake news nas eleições

Diretor-geral e ministro da Justiça afirmam que novas ferramentas permitem detecção mais rápida de irregularidades

16 out 2020 - 13h35
(atualizado às 13h51)

O diretor-geral da Polícia Federal, Rolando de Souza, e o ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça, afirmaram nesta sexta-feira, 16, que a polícia está preparada, com novas ferramentas, para o combate das fake news e das candidaturas laranjas nas eleições municipais de 2020, que ocorrerão daqui a um mês.

Viaturas e agentes da Polícia Federal no Rio de Janeiro
26/01/2017 REUTERS/Ueslei Marcelino
Viaturas e agentes da Polícia Federal no Rio de Janeiro 26/01/2017 REUTERS/Ueslei Marcelino
Foto: Reuters

Para o chefe da PF, essas são as duas principais preocupações na disputa eleitoral deste ano. "A Polícia Federal tem duas preocupações na eleição, fake news e a questão de laranjas. E, nessa esteira, não só em relação a fake news, a PF se preparou para dar conta da demanda da Justiça Eleitoral, também em relação a candidaturas laranjas", disse o diretor-geral da PF. "Nós temos sistemas que estão cruzando dados e nos dão, em tempo real, a indicação de possíveis laranjas. Isso permite que a PF seja mais assertiva, identificando a grande possibilidade de candidaturas laranjas."

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As candidaturas laranjas são, basicamente, candidatos de fachada que têm o objetivo de desviar recursos do fundo eleitoral. Mendonça e Souza conversaram com os jornalistas após uma reunião com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Luís Roberto Barroso, na manhã desta sexta-feira, 16.

Segundo o diretor-geral, a PF dispõe de um painel que permite visualizar, em Estados e municípios, possíveis candidaturas suspeitas. Souza não deu maiores detalhes sobre a ferramenta, mas explicou que uma parte das investigações sobre candidaturas laranjas poderá ocorrer em tempo real, ainda durante a campanha, e outra parte só após as eleições.

O ministro da Justiça disse que há também um sistema que permite aos investigadores detectar a origem de correntes de fake news e, assim, conduzir apurações que podem levar até à abertura de processos criminais contra quem espalha desinformação para influenciar as eleições. "A PF recentemente adquiriu equipamento que permite em questão de dia identificar a origem da primeira notícia. Já há hoje operações em andamento nesse sentido", disse Mendonça.

"O nosso pedido é que todos os cidadãos colaborem com a lisura do processo eleitoral. O exercício da cidadania exige que grupos que se juntam para disseminar notícias falsas não façam isso. Se houver isso, hoje a PF tem como detectar a origem dos participantes", continuou o ministro.

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Em sua fala, Mendonça procurou também dizer que as autoridades compreendem que "há uma diferenciação entre liberdade de expressão e atos condenados e indevidos de distribuição de notícias falsas".

O presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, afirmou que não há intenção das autoridades de impedir a emissão de opinião. O foco, segundo ele, é nos "comportamentos condenáveis, inautênticos". "Nossa grande preocupação são grupos estruturados hierarquicamente que disseminem informações concertadamente para atacar instituições", disse.

A reunião nesta sexta-feira marcou a apresentação do Plano Integrado de Segurança para as Eleições 2020, elaborado pela Secretaria de Operações Integradas, do Ministério da Justiça, em conjunto com as Secretarias de Segurança Pública dos Estados. O encontro ocorreu no Centro Integrado de Comando e Controle Nacional (CICCN), do Ministério da Justiça, onde serão monitoradas as ações de segurança relacionadas às eleições municipais.

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