A Polícia Civil instaurou um inquérito policial para investigar José Luiz Datena (PSDB) por injúria e lesão corportal. O candidato à Prefeitura de São Paulo deu uma cadeirada em Pablo Marçal (PRTB) no domingo, 15, durante transmissão de debate para as Eleições 2024 da TV Cultura. Após ter alta do hospital, Marçal prestou depoimento nesta segunda-feira, 16, e ofereceu representação criminal.
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O Boletim de Ocorrência, que a reportagem teve acesso, foi emitido na madrugada desta segunda-feira, logo após o debate. O registro foi feito por Tassio Renam Souza Botelho, advogado que representou Marçal, por volta de 1 hora da madrugada. No momento, o candidato estava dando entrada no Hospital Sírio-Libanês.
No B.O. é descrito que “a agressão ocorreu após o candidato Pablo Marçal ter feito uma pergunta ao candidato Datena, que numa reação explosiva partiu para cima com a banqueta contra a vítima, desferindo a cadeirada”.
Ao Terra, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo confirmou que o caso foi registrado na 15º Delegacia Policia, Itaim Bibi, na área em que a situação ocorreu. No momento, imagens estão sendo analisadas. “Demais diligências prosseguem para o esclarecimento dos fatos”, complementa a nota.
Segundo a assessoria de Datena, medidas estão sendo preparadas. O apresentador pretende denunciar Marçal criminal e eleitoralmente pelas acusação de assédio sexual contra o tucano durante o embate entre eles.
Em 2019, Bruna Drews era repórter do Brasil Urgente, programa comandado por José Luiz Datena, na Band, e acusou o apresentador de assédio sexual. Na ocasião, ela relatou que o comunicador disse que ela não precisava emagrecer por ser "muito gostosa". Além disso, a jornalista afirmou que Datena relatou que teria se masturbado diversas vezes pensando nela.
“Foi uma acusação que a Polícia não viu provas nenhuma, nem investigou, o MP arquivou o processo, a pessoa que me acusou se retratou publicamente em cartório, pediu desculpas para mim e para minha família, foi um desgaste grande para a minha família, ser acusado de um crime destes é terrível e o Pablo Marçal continua sendo ladrãozinho de banco devidamente acusado e condenado”, retrucou Datena no encontro na Cultura.
Em postagem nas redes sociais, Bruna Drews, na época, confirmou que retirou a denúncia. Segundo a repórter, ela foi induzida: “A verdade é que meu processo de assédio sexual contra o apresentador inexplicavelmente foi arquivado. Não houve investigação policial, meu depoimento não foi colhido e nenhuma testemunha foi ouvida. A Justiça não me permitiu brigar pelos meus direitos.”
Situação de Marçal
Marçal teve alta na manhã desta segunda-feira, 16. No boletim divulgado pelo Hospital Sírio-Libanês, o autodenominado ex-coach foi internado "após traumatismo na região do tórax à direita e em punho direito, sem maiores complicações associadas". Marçal foi avaliado pelas equipes de clínica médica e de ortopedia.
Ao deixar o hospital por volta das 11h30, o candidato conversou com a imprensa e seguiu para o Instituto Médico Legal (IML) de São Paulo para fazer um exame de corpo delito. Em entrevista coletiva, Marçal afirmou que pedirá a cassação do registro da candidatura de Datena.
Datena nega arrependimento
Nesta segunda-feira, 16, Datena manteve o mesmo discurso que adotou em entrevista aos jornalistas ainda no Teatro B32 após dar uma cadeirada em Pablo Marçal e afirmou que não se arrepende. Além disso, o apresentador afirmou que o ex-coach "precisava também ser contido com atos".
"Não defendo o uso da violência para resolver um conflito. Essa é a regra e sempre a respeitei nos meus 67 anos de vida. Até o dia de ontem. Porque torna-se difícil obedecê-la quando os limites de civilidade são rompidos e corrompidos por um oponente. Infelizmente, foi o que aconteceu na noite deste domingo durante debate promovido pela TV Cultura. (...) Pablo Marçal demonstrou, em todas as situações a que teve oportunidade, sua falta de caráter. Demonstrou, ainda, que é uma ameaça à cidade de São Paulo. Será detido no voto", afirmou em comunicado oficial.
Datena admitiu o erro, mas voltou a dizer que "forma alguma se arrependo". "Preferia, sinceramente, que o episódio não tivesse ocorrido. Mas, fossem as mesmas as circunstâncias, não deixaria de repetir o gesto, resposta extrema a um histórico de agressões perpetradas a mim e a muitos outros por meu adversário. Espero, com minha atitude, ter mostrado, de uma vez por todas, o risco que a candidatura de Pablo Marçal representa para a integridade das pessoas, para a nossa democracia e para a sobrevivência de milhões de cidadãos que dependem da atuação da prefeitura de São Paulo para ter uma vida menos indigna."
Entenda o caso de agressão
No quarto bloco do debate da TV Cultura, por volta das 23h, após pergunta do influenciador sobre quando Datena iria "parar com essa palhaçada", ao fazer referência à sua possível desistência da política, o apresentador saiu de seu púlpito e partiu em direção a Marçal com uma cadeira, a lançando contra ele.
Após a interrupção da transmissão, o mediador Leão Serva declarou: "Vivemos agora, nesse intervalo forçado, um dos eventos mais absurdos da história da televisão brasileira". Conforme o mediador, a decisão da emissora foi expulsar o candidato do debate por cometer, sucessivamente, três falhas graves.
Marçal também se retirou, sob justificativa de que estava se sentindo mal. Consultados, os candidatos presentes optaram por continuar no debate.
Anteriormente, o influenciador relembrou a acusação de assédio contra o tucano e afirmou que Datena pagou pelo silêncio da suposta vítima. O apresentador, por sua vez, chamou o Marçal de "ladrãozinho de banco". Os ataques se iniciaram com a recusa de Datena de fazer uma pergunta ao Marçal. A partir deste momento, a hostilidade entre ambos se intensificou.