Pré-candidato do PT ao governo gaúcho é vaiado ao defender Lula em evento

Plateia era formada por prefeitos, vices e secretários de municípios gaúchos

5 jul 2018 - 23h03

PORTO ALEGRE - O pré-candidato ao governo gaúcho pelo PT, Miguel Rossetto, foi vaiado ao defender a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à presidência da República nas eleições 2018 em painel realizado pela Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs). Compareceram ao evento, nesta quinta-feira, sete pré-candidatos ao Palácio Piratini, que concentraram suas falas na crise financeira do Estado.

As vaias foram dirigidas a Rossetto quando ele estava nas considerações finais de um discurso focado em críticas ao atual governo. Ele defendeu a candidatura de Lula, condenado em segunda instância na Lava Jato e preso em Curitiba desde abril, e afirmou que o ex-presidente é "inocente". "Um projeto para o Estado do Rio Grande do Sul exige uma mudança no Brasil e, por isso, eu apoio Lula para presidente. Ele foi preso injustamente", disse Rossetto, que foi por 13 anos ministro dos ex-presidentes Lula e da presidente cassada Dilma Rousseff.

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Neste instante, grande parte da plateia, composta em sua maioria por prefeitos, vice-prefeitos e secretários municipais gaúchos, vaiou o pré-candidato, que continuou o discurso. Rosseto deixou o evento sem falar com a imprensa. Em nota encaminhada pela assessoria, Rosseto afirmou que "são os de sempre. Foram vaias desrespeitosas, localizadas e que destoaram do nível do debate. Escutei mais os aplausos".

Além de Rosseto, estiveram presentes no painel intitulado "Desafios RS" os pré-candidatos Abigail Pereira (PCdoB), Eduardo Leite (PSDB), Jairo Jorge (PDT), Luis Carlos Heinze (PP), Mateus Bandeira (Novo) e Roberto Robaina (PSOL). Robaina, que é vereador em Porto Alegre, participou apenas da parte inicial do painel e, alegando agenda na Câmara municipal, deixou o evento.

Cada participante tinha dois minutos para responder questões sobre saúde, educação, segurança, infraestrutura, agricultura, meio ambiente e finanças do Estado. Ainda assim, em todos os temas, a questão da saúde financeira gaúcha predominou. O Estado possui uma dívida na casa dos R$ 76 bilhões e não consegue pagar os servidores em dia. Alguns pré-candidatos também criticaram o governador, que não anunciou se pretende concorrer à reeleição.

O pré-candidato do PDT Jairo Jorge disse que o Rio Grande do Sul deve se basear na experiência de outros Estados para sair da crise. "Temos que buscar saídas novas para o Rio Grande do Sul, e que já foram usadas em outros lugares. É preciso fazer o Rio Grande crescer, com o binômio 'menos burocracia e menos impostos'", afirmou.

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Para Eduardo Leite, a máquina pública gaúcha é "pesada" e prejudica o desenvolvimento do Estado e agrava a crise. "A carga tributária aqui atingiu um dos maiores índices, e é para poder sustentar uma máquina que não entrega serviços. Estamos hoje pagando a conta do descontrole lá do passado, que queimou nosso futuro", falou.

Luis Carlos Heinze defendeu um esforço conjunto dos Estados para que dívidas sejam renegociadas e que haja melhores condições para o desenvolvimento. "Precisamos renegociar a dívida que o Rio Grande do Sul tem com a União, fazer uma pressão no governo federal, com pessoas de todos os Estados. Isso é o início da solução da crise no Rio Grande", explicou.

A pré-candidata Abigail Pereira afirmou que o Estado está "paralisado". "O único verbo conjugado por esse governo foi cortar. Vamos enfrentar essa questão da dívida, que precisa ser renegociada, o Estado precisa crescer", afirmou.

Mateus Bandeira defendeu o Regime de Recuperação Fiscal - ajuda do governo federal que, entre outras coisas, adia o pagamento da dívida. "Caminhamos numa linha muito tênue entre crise fiscal e colapso. O único jeito para a superação dessa crise é o ingresso no Regime de Recuperação Fiscal", disse.

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