'Prefere Lei Maria da Penha ou uma pistola?', pergunta Bolsonaro em evento com mulheres

Presidente voltou a defender o porte de arma durante agenda de campanha no Rio Grande do Sul; para o chefe do Executivo, é o instrumento que pode garantir a segurança em momento de perigo

3 set 2022 - 15h06
(atualizado às 15h58)
O presidente Jair Bolsonaro (PL) tira foto com apoiadores em Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul
O presidente Jair Bolsonaro (PL) tira foto com apoiadores em Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul
Foto: Estadão

O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a defender o porte de armas durante evento com mulheres no Rio Grande do Sul neste sábado, 3, enfatizando que, no momento do perigo, é o instrumento que pode garantir a segurança. "Sei que muita mulher aqui é contra arma, é um direito de vocês, mas, legalmente, a arma é uma garantia que você, junto com a sua família, não sofra uma violência dentro de casa", defendeu durante o encontro "Mulheres pela Vida e pela Família', realizado na Fenac, em Novo Hamburgo, na região do Vale dos Sinos.

De acordo com o chefe do Executivo, a violência no Brasil reduziu depois que ele assumiu o governo. "Uma vez na minha campanha, andando pelo Brasil, botei umas senhoras, e falei o seguinte: 'vamos supor que está sozinha, à noite, em estrada, e fura o pneu. E percebe que está chegando gente que pode causar algum problema. Preferia sacar da bolsa a Lei Maria da Penha ou uma pistola?'", perguntou, em referência à lei que visa proteger a mulher da violência.

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Bolsonaro negou ser contra a Lei Maria da Penha e disse que, com a ministra Damares Alves, presente ao evento Rio Grande do Sul, foi o governo que "mais prendeu machões" no Brasil. "Aprovamos e sancionamos mais de 70 leis defendendo as mulheres no Brasil. Cada vez mais elas estão se integrando e sendo respeitadas no mercado de trabalho. Acontecem as exceções. Da nossa parte, a gente vai pra cima." O Estadão apurou que, na realidade, o governo sancionou 46 leis que beneficiam diretamente as mulheres -- nenhuma delas de autoria do Executivo.

O presidente ainda respondeu à Simone Tebet, candidata do MBD. Para Bolsonaro, a senadora cobra defesa das mulheres, mas não atua nesse sentido quando tem oportunidade. "Essa mesma mulher, quando foram duas senhoras, a Nise Yamaguchi e a senhora Maíra (conhecida como Capitã Cloroquina), depor na CPI, elas foram esculachadas por pessoas sem caráter como Renan Calheiros, Omar Aziz e Randolfe Rodrigues. O que essa senadora fez? Nada", afirmou. Na realidade, Tebet não estava presente na comissão no dia em que Nise prestou depoimento.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) tira foto com apoiadores em Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul. Foto: Eduardo Amaral/Estadão

De acordo com o chefe do Executivo, Tebet deixou essas mulheres serem maltratadas na comissão. "Daí fala: mulher vota em mulher, a minha vice é uma mulher. Mas defender as mulheres na prática, nada", criticou.

No pavilhão onde aconteceu o encontro deste sábado, apenas mulheres podiam entrar, enquanto um telão foi montado no pátio para que homens pudessem acompanhar. Heloísa Bolsonaro, mulher de Eduardo, filho do presidente, também fez uma palestra em tom religioso durante o evento pontuando sobre o matrimônio. "Casamento é submissão. Seja submissa a um homem que é temente a Deus. Nenhuma mulher é insubmissão, e livre, essa submissão que faz meu espírito ser tranquilo."

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Organizado pelo PL gaúcho, o evento contou com a presença dos candidatos do partido na eleição do Rio Grande do Sul. Em agenda no Estado, na sexta-feira o presidente visitou a Expointer, feira do agronegócio que acontece em Esteio, na região metropolitana, e assistiu ao jogo entre Grêmio e Vila Nova, em Porto Alegre.

Ataques a Lula e defesa de empresários

As críticas de Bolsonaro se estenderam ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Aqui no Brasil tem um cara que deu a vida toda pão de mortadela para seus eleitores e agora quer que o povo acredite que, se ele chegar à Presidência, vai dar picanha", disse.

O presidente voltou a atacar a operação feita pela Polícia Federal contra oito empresários, que estariam conspirando contra a democracia pelo WhatsApp. "Pessoas que querem fazer voltar ao governo um bandido. E para isso começam a atacar algo que eu costumo dizer, é mais importante que a nossa própria vida, é a nossa liberdade", disse. "Vimos há pouco empresários tendo a sua vida devassada, recebendo vista da PF, estavam privadamente discutindo um assunto, que não interessa qual seja o assunto. Eu posso pegar meia dúzia aqui, bater um papo, e falar ...", comentou.

Bolsonaro continuou: "Não é porque tem um vagabundo ouvindo atrás da árvore a nossa conversa que vai querer roubar a nossa liberdade. Mais vagabundo do que esse que está ouvindo a conversa é quem dá a canetada após ouvir o que ouviu esse vagabundo", disse.

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O chefe do Executivo também disse que seu governo defende a família, a propriedade privada e que "acalmou o MST" titulando terras. No evento para mulheres, ressaltou que a grande maioria dos títulos foi dada em nome de mulheres, e não de homens. "No nosso governo, quando passou o Bolsa Família para Auxilio Brasil, todas as propostas foram aceitas em nome das mulheres, e não dos homens", disse.

Bolsonaro perguntou à plateia se gostaria de perder a liberdade ou o uso do telefone celular "como temos visto por aí decisões absurdas, desmonetizando páginas, bloqueando páginas". "Quem diz que isto ou aquilo é desinformação? Onde está lei para mandar um juiz tomar uma decisão como esta? Não existe lei para isso. Após a reeleição, com mais firmeza ainda, vamos defender os direitos e garantias individuais previstas na nossa Constituição", afirmou.

Segundo o chefe do Executivo, a única possibilidade de haver um "Estado de exceção" no País seria por meio de um decreto dele próprio. "Vocês experimentaram um pouco de ditadura por ocasião da pandemia. Viram alguns governadores e prefeitos fechando igrejas, para sua segurança. Igreja não se fecha nem em época de guerra", argumentou.

"O Brasil, à luz da nossa Constituição, pode viver algum momento de exceção. E que momento seria esse? Uma decretação de estado de sítio. E, mesmo assim, eu mandaria o decreto para o Parlamento. Se o Parlamento porventura aprovasse, teríamos o estado de sítio por algum tempo no Brasil, onde algumas liberdades seriam suprimidas", afirmou.

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Mesmo assim, de acordo com o presidente, se alguma arbitrariedade fosse feita, ele teria de responder pelo ato. "Prefeitos e governadores que fecharam igrejas não responderam nada."

Bolsonaro repetiu que, desde o princípio da pandemia, falou que era preciso combater o vírus e o desemprego. "E a liberdade, acima de tudo", completou. "Nunca fui favorável ao fique em casa, a economia a gente vê depois", reforçou.

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